A ciência, como aceitação consensual, se demonstra com matemática,
com lógica, com dados concretos, com experimentos, com ensaios,
com física, com a química. Enfim com provas universais bem
incontestáveis.
incontestáveis.
A medicina é um campo profissional que se vale dos muitos braços
científicos. Ela se vale por exemplo da biologia, da química, da física, etc.
Todavia, ela não é estanque, nem está vedada à influência de outras áreas
do conhecimento e abstração humana, à sociologia, à filosofia e religiosidade.
Todos esses segmentos da sabedoria, do pensamento e da prática humana,
podem e devem fazer parte da estratégia e das diretrizes terapêuticas e
enfrentamento das doenças; tudo a serviço do bem estar, da saúde e da
vida humana.
No reforço e defesa dessas premissas basta lembrar que muitas afecções
de origem puramente orgânica terão um componente emocional adicional.
Inversamente, muitos transtornos psíquicos na origem (ansiedade,
depressão) terão graves repercussões somáticas e físicas
(doença psicossomática).
(doença psicossomática).
Trata-se do princípio basilar do que seja doença psicossomática.
É a emoção
É a emoção
ou a alma como porta para muitas das dores e do sofrimento do
corpo, do soma, de nossa fisiologia e economia orgânica.
corpo, do soma, de nossa fisiologia e economia orgânica.
Uma questão que muitos veem com ceticismo e incredulidade em
medicina
medicina
refere-se ao papel da religião ou religiosidade. O papel da terapia
espiritual.
espiritual.
Em minha já longa trajetória de médico, já participei de muitos
congressos,
congressos,
conferências e simpósios. Nas poucas vezes em que se abordou
o papel da fé e
o papel da fé e
da religiosidade do paciente em tratamento tal matéria foi vista
com um certo
com um certo
desdém e desprezo.
Tal constatação se mostrou presente não apenas nos ouvintes, mas
até mesmo
até mesmo
com superficialidade e sem convicção ou entusiasmo dos que conduziram
os experimentos (os pesquisadores condutores do estudo).
os experimentos (os pesquisadores condutores do estudo).
Independentemente da crença, religião, fé ou mesmo do ateísmo da pessoa,
o que importa é que somos constituídos de uma dualidade corpo e alma
ou corpo e mente. E mente aqui deve ser lida também como a nossa psique,
as nossas emoções, nossa capacidade dos mais complexos e variados
sentimentos (amor, amizade, afeto, fraternidade, ódio, antipatia, inimizade,
egoísmo e vingança).
Diferente dos irracionais temos racionalidade e memória. Temos a capacidade
de ver, ouvir, presenciar fatos e ações e guardar tudo em nossa consciência e
na memória. Esse tão nobre atributo dos homens por um lado, muito ruim
por outro porque pode voltar contra o próprio portador, trazendo-lhe
recalques, sentimento de culpa, de raiva, medo , dor e sofrimento de
toda ordem.
Como referido na introdução Ciência se fundamenta em dados lógicos,
concretos e matemáticos. Religião se baseia em intuição e fé. O que há de
consensual é que o organismo humano tem de fato um componente físico
(mensurável, palpável) e uma esfera imaterial, intangível, composta do
psiquismo, de uma consciência, emoções, a que se pode também nominar
de alma. Essa aceitação independe de religião, de fé, de filosofia contrária
a essas concepções. Há filósofos ateus e aqueles em profunda conexão com
o sagrado, com Deus.
O certo é que o homem (gênero) é o seu corpo (soma) aliado a todos os seus
sentimentos, crenças, fé e suas concepções de mundo, de Deus e de todas as
coisas que o cercam. Partindo então desses postulados, como imaginar
então a pessoa desconectada de todos esses componentes? Quase impossível.
Imaginando as partes interligadas tem-se então que se uma pessoa adoece,
todo o resto será acometido na proporção de sua susceptibilidade e de sua
resistência. Diante das doenças, todos, rigorosamente todos, nos tornamos
criaturas frágeis, vulneráveis; e nessa hora precisamos do cuidado de outrem,
das energias emanadas em nosso favor, venham de onde vier.
E a fé inclusive, pode ser essa última energia a nos revigorar e superar
o inimigo psíquico ou orgânico( a depressão e a dor física , por exemplo),
a doença que teima em romper esse tênue fio que nos segura, a vida.
Para o bem daqueles comtemplados com tais experiências e iniciativas
vêm surgindo grupos de estudos e especialidades médicas dedicadas ao
emprego de práticas e atitudes religiosas na cura das pessoas. São condutas
estimuladas sem nenhuma discriminação de religião. O que importa aqui é
religiosidade.
A fé ou firme convicção de que há um ser maior, um criador acima de toda
inteligência e engenho humano. O papel da religião aqui, pode ser praticado
inclusive por pessoas leigas, por um pastor, um evangelista que atuará
com suas orações, suas intercessões. Esse expediente e prática serão
adicionais e aliados a toda terapia convencional médica ou psicológica
seguida pelo paciente.
Abstraindo-se da questão e vocações de fé e religiosidade. De há muito que
se conhecem os nexos causais entre transtornos psicológicos e danos físicos.
Conceito de doença psicossomática. Muitas são as doenças que na origem
tem um transtorno emocional. Como exemplos, a obesidade, a síndrome
metabólica, as gastrites, a síndrome do intestino irritável, a asma,
as doenças de pele, a enxaqueca, a fibromialgia, a psoríase, os reumatismos.
Pra ficar em exemplos bem concretos: o indivíduo mal resolvido espiritual
ou emocionalmente terá descargas intermitentes de adrenalina, insulina e
corticosteroides (suprarrenal). Com tudo alterado o paciente terá resultados
negativos: ganho de peso, insônia, mais depressão, diabetes,
mais colesterol, mais pressão alta; assim, mais riscos de morte
cardiovascular.
mais colesterol, mais pressão alta; assim, mais riscos de morte
cardiovascular.
Enfim, e num conceito mais estendido, saúde é um completo bem-estar
físico, social, econômico, ambiental, afetivo, psíquico e religioso. Numa
frase para os médicos, para os terapeutas e pacientes “tudo vale a pena
quando a alma não é pequena” (Fernando Pessoa) março/2018
https://www.dm.com.br/opiniao/2018/02/a-religiao-tambem-alivia-e-cura-nossas-dores.html
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