O aborto é um procedimento polêmico, sendo ele legalizado ou não, autorizado judicialmente ou não. Pela internet, existem sites que ajudam mulheres na prática, de acordo com o livre arbítrio de cada uma. Embora não seja legalizado no Brasil, é em diversos países, desenvolvidos ou não, inclusive, da América Latina, que experimentam condições de vida até piores que os brasileiros.
A
prática é crime pelas leis nacionais. O que se observa, de fato, é que
muitas mulheres colocam a própria vida em risco ao tentar interromper,
clandestinamente, uma gravidez indesejada. Por gravidez indesejada,
entenda-se, geralmente, um descuido, ou, até mesmo, a falta de
conhecimento e educação.
Em
um país onde a educação sexual ainda é tabu, muitas mulheres,
diariamente, realizam práticas abortivas. Esta é uma questão que, do
ponto de vista legal, não pode ser discutida sob a ótica religiosa, uma
vez que o Estado brasileiro é laico. Em Portugal, a legalização do
aborto por vontade própria da mulher, sem motivos de má-formação fetal
ou em casos de abuso sexual, foi instituída por referendo, no ano de
2007.
Esta
discussão sempre dividiu o povo brasileiro. Basta ver a repercussão que
tem este tipo de notícia, quando veiculada pela mídia. Os contrários,
geralmente, invocam a religião para garantir que a prática do aborto não
seja legalizada. É preciso observar que, quando continuada a gravidez,
em muitos desses casos são essas as crianças abandonadas em praças, em
latas de lixo ou até mesmo sujeitas a viver às margens da sociedade, uma
vez que não há o compromisso dessa mãe, geralmente solteira, com
criação e educação.
Estudos
feitos pela OMS em 2016 revelam que a taxa de abortos realizados é
muito maior em países onde é proibido. A pesquisa aponta ainda que em
países que tiveram a liberação do procedimento, a diminuição dos casos
está associada à educação sexual, ao planejamento familiar e ao acesso a
métodos contraceptivos. Este acompanhamento acaba garantindo menor
incidência de casos de aborto.
E
são essas políticas públicas que devem ser adotadas, pois,
independentemente de religião, o sexo acontece, de forma casual ou não,
e, se desprotegido, culmina em gravidez não planejada ou meio de
proliferação de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). Meninas e
mulheres que, por descuido ou violência, serão obrigadas a conceber um
filho sem ter a certeza se poderá ter um futuro garantido. Este é o
diagnóstico da briga política que se instalou referente ao aborto.
Seja
qual for o rumo a ser tomado pelo Brasil, é preciso que haja outras
políticas associadas. Proibir ou permitir, somente por questões
religiosas, vai além do que deseja e precisa a população. São questões
de educação que devem ser incutidas nas crianças e jovens. Quanto mais
se proíbe ou dificulta o acesso, mais mortes acontecem, pois quem tem
dinheiro é atendido de maneira segura, ainda que ilegal.
Os
menos favorecidos continuarão praticando o aborto clandestinamente e
sem amparo. Serão perdidas duas vidas: a da criança, que nunca terá
dignidade se vier ao mundo sem planejamento, e a da mãe, que se
arriscará, ilegalmente, em clínicas de fundo de quintal, com remédios
falsificados ou de maneiras mais cruéis.
Será que isso tem preço?
http://www.folhadaregiao.com.br/ara%C3%A7atuba/aborto-quanto-vale-uma-vida-1.380634
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