Papel de parede volta de Jesus
"ENTREGA TEU CAMINHO AO SENHOR, CONFIA NELE E O MAIS ELE FARA".
SALMOS 37.5

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Julgar ou não Julgar ?

Julgar ou Não Julgar?(Primeira parte)
por
Helder Nozima

“Não julguem, para que vocês não sejam julgados” (Mateus 7.1).
“Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância?” (1 Coríntios 6.2)
Afinal: crente pode ou não julgar? Para algumas pessoas, o verdadeiro cristão é alguém que não julga. Ele sabe o que é o pecado, consegue reconhecê-lo quando ele acontece, mas ele nunca chamará outra pessoa de pecadora. Na verdade, ele sempre se mostrará compreensivo com o pecador, chegando a abrir mão da disciplina eclesiástica, pois, “quem sou eu para julgar o meu irmão?” Outros adotam uma postura mais agressiva: medem a espiritualidade das pessoas por meio de suas obras, não raro chegando ao ponto de criar uma escala espiritual dos crentes, aonde uns são santos e consagrados, e outros são mundanos e depravados. Os mais exagerados chegam até mesmo ao ponto de declarar que algumas pessoas são salvas, e outras não.
Por trás deste debate, está uma questão que é mal interpretada e compreendida nos círculos evangélicos. Afinal, o crente pode julgar? Se sim, quando e como deve ser este julgamento?

1) SIM, O CRENTE PODE JULGAR
Como protestante conservador, entendo que não existe uma parte da Bíblia mais inspirada do que outra. Não acho que os Evangelhos sejam mais inspirados do que as epístolas, ou que a teologia paulina é superior à teologia de Marcos. Ler a Bíblia com este pressuposto significa entender que um ensino dos Evangelhos é tão autoritativo como um ensino contido em uma epístola. Os que dão preferência a uma porção da Bíblia em detrimento de outra acabam com uma teologia parcial e incompleta, além de quebrarem a unidade e harmonia das Escrituras.
Inicialmente, gostaria de dizer que, em algumas circunstâncias, o cristão pode fazer julgamentos. Embora Jesus Cristo tivesse dito que Ele não julgava as pessoas (João 8.15) ou que nós não deveríamos julgar (Mateus 7.1), podemos ver vários momentos em que o Senhor Jesus emitiu juízos:
“Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo”. (Mateus 23.13).
“Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo”. (Mateus 23.24).
“Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas” (Mateus 12.39).
“Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; ...” (Marcos 7.6).
“Respondeu Jesus: Ó geração incrédula, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam-me o menino” (Marcos 9.19).
“Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão” (Mateus 7.6).
Estes versículos são apenas uma amostra de vários juízos proferidos por Jesus. Além destes, podemos achar outros, como os ais pronunciados contra Corazim, Betsaida e Cafarnaum (Lc 10.13-15), a declaração de Cristo a vários judeus que haviam crido nele, dizendo que eles eram filhos do Diabo (Jo 8.44) e várias passagens aonde Cristo diz que quem não crê nele, já está condenado (Jo 3.17-18, 36, etc).
À luz destas passagens, revela-se falso o argumento de que, baseado no ensino dos Evangelhos e no modelo de vida de Jesus, o cristão não pode julgar a ninguém. Cristo julgou a vários grupos de pessoas. Ao contrário de nossa visão suavizada acerca do Senhor, vemos que Ele, em sua ira e verdade, chamou os fariseus de “hipócritas”, disse que não deveríamos jogar pérolas a “porcos” ou dar o que é santo aos “cães”, além de considerar a sua geração como sendo “perversa”, “adúltera” e “incrédula”. Em todos estes momentos, Jesus mediu estas pessoas, achou-as em falta e emitiu um comentário ou juízo sobre eles.
No entanto, alguém pode argumentar dizendo que Jesus, devido a sua condição única de Deus-Homem, tinha o direito de julgar aos outros. Afinal, de acordo com João 5.22:
“Além disso, o Pai a ninguém julga, mas confiou todo julgamento ao Filho”.
Em outras palavras, Jesus pode julgar as pessoas porque Ele é Deus. Ele nunca faria um julgamento incorreto ou impreciso, além de ter todas as qualificações morais necessárias para ser um Juiz. Nós não teríamos esta capacidade.
Mas, apesar de nossas limitações e finitude humanas, o ensino dos apóstolos nos diz claramente que devemos emitir juízos em algumas situações:
“Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente (...) entreguem este homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor” (1 Coríntios 5.3-5).

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