A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLGBT) solicitou à Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, em Curitiba que o Ministério Público tome providências contra o Pastor Silas Malafaia, por incitar a violência contra homossexuais em programas veiculados em emissoras de televisão que operam com concessão pública.
No último dia 24/10, foi encaminhado pela ABLGBT uma carta ao Ministro das Telecomunicações solicitando que o caso seja acompanhado de perto pelo Ministério, segundo notícia publicada no site Holofote.net. O site do Partido dos Trabalhadores informa que a ABLGBT é uma entidade congrega 237 associações voltadas à causa homossexual.
A principal acusação da ABLGBT é que Malafaia teria mandado “baixar o porrete em cima, para os caras aprenderem a ter vergonha”. Como os programas da Associação Vitória em Cristo são apresentados em emissoras de televisão que dispõem de concessões do governo para veicularem sua programação, a associação argumenta que os programas do Pastor Silas Malafaia estariam sendo usados para promover o ódio e a intolerância, o que seria inconstitucional.
No documento da entidade enviado à Procuradora, consta o link de um vídeo no Youtube, que não pode mais ser acessado, pois foi removido pelo usuário. A reportagem do Gospel+ tentou contato com o Pastor Silas Malafaia, porém não obtivemos resposta até o fechamento desta matéria.
Leia a íntegra do documento enviado pela ABLGBT ao Ministério Público:
Ofício PR 236/2011 (TR/dh)
Curitiba, 24 de outubro de 2011
À: Exma. Sra. Gilda Pereira de Carvalho
Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão
pfdc001@pgr.mpf.gov.br
Assunto: Solicitação de tomada de providências – utilização de concessão de meio de comunicação para incitar a violência contra pessoas LGBT
Prezada Senhora,
A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – é uma entidade de abrangência nacional que congrega 237 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.
Neste sentido, recebemos diversas denúncias sobre a veiculação, em rede de televisão que funciona por meio de concessão pública, da incitação da violência à população LGBT por parte do Pastor Silas Malafaia, conforme pode ser averiguada em http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=tzZFJHm_Zto no qual o pastor afirma que é preciso “baixar o porrete em cima, para os caras aprender a vergonha”.
Nos últimos tempos, não tem sido pouca a cobertura da mídia nacional sobre ocorrências de violência contra as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), especialmente na região da Avenida Paulista em São Paulo, entre outras.
Cabe apontar que esta situação de agressão contra a população LGBT se encontra agravada pelas incitações do Pastor Malafaias no programa acima mencionado, ainda mais por sua utilização dos meios de comunicação de concessão pública para contrariar os preceitos constitucionais, especialmente os contidos nos artigos 3º e 19 da Carta Magna:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (…):
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
Assim, vimos por meio deste solicitar a tomada das medidas necessárias quanto à emissora que veiculou as incitações do Pastor Malafaia, inclusive, se for considerado apropriado por este Ministério Público, a retirada do ar do programa de televisão em questão com base nas disposições do artigo 19 da Constituição Federal, assim como a aplicação de eventuais penas criminais que possam se aplicar ao Pastor Malafaias pela promoção ativa da discriminação e da violência contra determinados setores da sociedade.
Na expectativa de sermos atendidos, colocamo-nos à disposição.
Atenciosamente
Toni Reis
Presidente.
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