Desde o início do evangelho, fala-se da alegria, a começar por Maria: “alegra-te, cheia de graça” (1,28).
Jesus já irradia alegria desde o seio da mãe: “a criança saltou de alegria no meu ventre” (1,44). “Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo” (2,10).
Fala-se também da alegria que sente Deus quando um pecador se converte (15,7.10.32). Isto é, Lucas quer apresentar um Jesus que dá alegria e prazer; o seguimento de Jesus não deve ser motivado pelo medo ou obrigação, mas porque o discípulo descobre a alegria de seguir Jesus e servir à construção do Reino.
– Essa alegria está motivada pela notícia da salvação que Deus oferece em Jesus, salvador (2,11.30): Jesus “veio procurar e salvar o que estava perdido” (19,10).
Jesus é o hoje da salvação. Em casa de Zaqueu Jesus diz: “Hoje chegou a salvação a esta casa” (19,9).
“Lucas nos convida a acolher Jesus, o Cristo, que vem […] para ressuscitar o que está morrendo em nós. […] Este relato vai ensinar-nos a viver o seguimento de Jesus como uma experiência de salvação” (PAGOLA, 2012, p.15).
A salvação que oferece Jesus é total e universal, não está limitada ao povo de Israel.
– Esta salvação é fruto da misericórdia de Deus. Jesus revela um rosto de Deus misericordioso, que não tem limite para perdoar e que sempre está disposto a acolher o pecador, a procurar a ovelha que está perdida (15,3-7), a fazer festa para o filho pródigo que tinha abandonado o pai, mas volta a casa (15,11-32).
Jesus oferece o perdão a uma prostituta (7,36-50) e a Zaqueu, o publicano (19,1-10). Inclusive lembra-se de pedir a Deus o perdão para os responsáveis pela sua morte na hora da crucifixão (23,34).
A misericórdia de Deus se revela também nas curas de Jesus, que Lucas apresenta mais como gestos de misericórdia do que como manifestações de seu poder (17,11-19).
Jesus é como o bom samaritano que, ao ver em seu caminho alguém caído, “se comove”, se aproxima e, movido de compaixão, cura-lhe as feridas (10,33-37) (PAGOLA, 2012, p.15).
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