O filho pródigo
Autor: João Cruzué
.
Eu penso que há, pelo menos, cinco direções para o nosso olhar.
A maneira e a direção com que olhamos são decisivas para vencer
ou fracassar, agradar ou abandonar a Deus. Nesta oportunidade,
gostaria de fazer uma reflexão sobre alguns significados do olhar
para trás.
As direções do olhar podem ser: O olhar para frente, para os
lados, o olhar para cima, para baixo e o olhar para trás. Nossa
maneira de olhar as coisas do cotidiano afeta diretamente
nossa capacidade de ser abençoados por Deus. Já contei em meu
testemunho algumas de minhas lutas, principalmente, o que
aconteceu durante um período de 11 longos anos de desemprego.
Devo confessar que não sou um mestre em estratégias de como
vencer lutas e tribulações, mas como já estive no deserto, não
estaria longe da verdade se dissesse que o cristão enfrenta
periodicamente algum tipo de luta.
Olhar para trás para concertar um erro. É o olhar para trás,
buscando concertar coisas erradas do passado. Zaqueu, o chefe
dos publicanos, depois de seu encontro com Jesus, olhou para
trás quando disse que daria a metade de seus bens para os
pobres e, se em alguma coisa tivesse defraudado alguém,
restituiria o prejuízo, devolvendo quatro vezes mais. Esta
atitude está de acordo com o que está escrito em Apocalipse
2:5 "Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te.
Também conheci um moço que na sua vida de incredulidade
dera muitos prejuízos financeiros. Ficou endividado e, por isso,
deixou de pagar muita gente. Um dia, ele aceitou Jesus,
todavia achava que não tinha nenhuma obrigação de procurar
os credores para pedir o perdão da dívida ou combinar um
acordo de pagamento. Esta atitude de "esquecer" da vida passada
no que diz respeito a prejuízos dados ao próximo está
longe de ter amparo nas escrituras.
Olhar para trás em arrependimento oportuno. Outro personagem
bíblico que olhou para trás de forma correta foi o filho pródigo.
O moço começou a olhar para o mundo e as oportunidades
e prazeres que ele oferecia. Pediu ao Pai sua parte da herança,
foi embora e gastou tudo. Teimoso, depois que torrou tudo, decidiu
continuar no mundo, arranjando um emprego de cuidador de
porcos. A fome o obrigou a olhar para trás. Arrependido,
voltou para casa, pediu e recebeu o perdão do Pai.
Judas, o traidor, também olhou para trás, mas sua atitude não
foi por arrependimento, senão remorso. Embora tivesse passado
de três anos de convívio e discipulado com Jesus, começou a
roubar o dinheiro da bolsa e, por fim, deu lugar ao diabo,
vendendo o Mestre por 30 moedas de prata. Não foi um
simples ato de fraqueza, mas uma sequência de faltas
graves, sempre colocando o dinheiro em primeiro lugar
em coração.
Olhar para trás em atitude de gratidão. Outra forma de olhar
para trás, está registrada em Lucas 17:11. O Evangelista
registrou uma viagem de Jesus da Galileia para Jerusalém.
No meio do caminho estava a região de Samaria e, passando
por uma aldeia, dez leprosos vieram ao seu encontro. Parando
de longe, pediram: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!
E ele os curou. E acontecendo que depois de terem ficado limpos,
foram embora cada um para suas famílias, com exceção
de um ex-leproso que era samaritano.
Ele voltou alegre e glorificando a Deus em alta voz. Ajoelhou-se
diante de Jesus e colocou seu rosto no chão, profundamente
agradecido. Por causa disso, ele ouviu de Jesus: Levanta-te
e vai; a tua fé te salvou. Assim, além da cura recebeu a salvação.
Olhar para trás para demonstrar gratidão às pessoas e a Deus. ]
Outro exemplo mais ou menos parecida, está patente na atitude
do copeiro-mor, quando se lembrou de José diante do faraó do Egito.
Olhar para trás com Generosidade ou por falta dela. A quarta]
forma de olhar para trás, nesta breve análise, está registrada
em Mateus 18:23. Ali, o súdito de um Rei devia-lhe 10 mil
talentos. Não tendo como pagar, seu Senhor mandou que ele,
mulher e filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para
a dívida fosse paga. Não tendo como pagar, aquele súdito se
ajoelhou diante do Rei e pediu uma oportunidade, prometendo
pagar toda dívida. O Rei, mesmo sabendo que isto jamais
seria possível, movido de íntima compaixão, perdoou-lhe
toda dívida e o livrou da prisão.
Mal tendo recebido o perdão, o perdoado lembrou-se de que havia
um conhecido seu que lhe devia uma ninharia de 100 dinheiros.
Não pensou duas vezes. Mandou executar a dívida e prender
o devedor. De forma parecida, aquele conhecido seu pediu-lhe
prazo, prometendo que pagaria toda dívida. Mas sua súplica
não foi ouvida. Sem nenhuma compaixão, nem lembrança
do perdão do Rei, fez exatamente o contrário. O resultado desta
atitude está na Bíblia. Pela falta de perdão, a dívida perdoada
foi reinscrita e cobrada com a venda da família e a sua prisão pelo
resto da vida.
Olhar para trás com atitude de esquecimento. A quinta forma de
olhar para trás tem a ver com esquecimento de mágoas, prejuízos
e murmuração. Quanto a esta forma de olhar, o apóstolo Paulo
escreveu um conselho de Deus em Filipenses 3:13-14: (...) Mas
uma coisa faço, e é que me esquecendo das coisas que para trás
ficam, e avançando para as que estão adiante de mim, prossigo
para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
O Rei David tinha tudo para ficar reclamando das maldades do
sogro (o Rei Saul), mas tinha um coração generoso. Sua vocação
e chamada era para ser o próximo Rei de Israel. Se David
tivesse dado ouvidos aos conselhos de seus companheiros,
para matar o sogro nas oportunidades que teve para isso,
nunca teria alcançado a promessa de Deus. David não só foi rei,
como ficou com a coroa por 40 anos.
Abraão sofreu um grande prejuízo quando o sobrinho, Ló, escolheu
para si as melhores terras de pasto para seu gado. Não por coincidência,
naquela noite, o Senhor apareceu para Abraão e mandou que ele
LEVANTASSE os olhos desde o lugar onde estava, para a banda
do Norte, Sul, Oriente e Ocidente, e lhe fez uma promessa: Toda
a terra que vês te hei de dar a ti e a tua semente, e arrematou:
para sempre! Traduzindo, o que o sobrinho tinha tomado
(por esperteza) seria um prejuízo provisório. Deus, com o
ordenamento daquela visão, estava dizendo a Abraão que
não perdesse seu tempo olhando para o prejuízo que acabara
de sofrer, mas que olhasse para cima, porque havia muito mais
promessas para receber do que aquele pequeno prejuízo que
acabara de sofrer.
Olhar para trás por amor às coisas do mundo. Em Lucas 9:62 está
escrito: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás, é apto
para o reino de Deus. Neste caso em particular estão muitos pastores
atuais que deixam o ministério e a vocação de Deus a troco
de um cargo político. Também está enquadrado neste aspecto do
olhar o caso do jovem rico de Lucas 18:23. Ele olhou para trás e
não teve coragem de se desfazer da sua riqueza. Outro caso
parecido está o da mulher de Ló cujo coração estava em Sodoma.
Lucro no prejuízo. Quero acrescentar, nesta outra forma de
olhar as coisas, um testemunho pessoal, sobre o qual
já escrevi em outras oportunidades. Um caso da venda de tomates.
Em 1993, eu estava no começo do que viria a ser 11 anos de
desemprego. Como sou filho de agricultores, em uma época
difícil, orei e decidi plantar uma horta de tomates. Era uma
coisa que minha sabia plantar muito bem. E quando chegou
o final da colheita, um comprador propôs a compra de uma
grande quantidade.
Não concordando com a forma da colheita dos frutos
(ele queria só os grandes), ele decidiu não levar os
tomates. O resultado foi uma montanha tomates
(cinco toneladas) de 10 metros de comprimento por um metro
de altura amontoados no chão, cobertos com folhas de palmeiras
para não estragar ao sol. Eu estava em São Paulo, quando soube do
problema. Assim que recebei o recado, dobrei meus joelhos e orei,
muito chateado. No dia seguinte recebi um telefonema de um
comprador de Muriaé.
- Você tem "tumate" aí para vender?
-Tenho, mas já estão maduros, colhidos, e amontoados no chão.
Eu disse toda a verdade.
-É maduro mesmo que eu quero, para o mercado do Rio. No
outro dia, um caminhão Mercedes, trucado, atravessou a
ponte e deixou umas 220 caixas no chão, ao lado de umas cinco
toneladas de tomates.
Para o comprador que deixou de levar o preço combinado na época
para cada caixa de 25 kg era 65 dinheiros (não me lembro o nome
da moeda de 1993). O preço que recebi do comprador de Muriaé
foi 50 por caixa, coisa assim. Um prejuízo, aparente, de 15,00 por
caixa.
Não muito tempo depois, o primeiro comprador achou por bem me
ressarcir do prejuízo. Ele mandou me entregar a metade do preço
combinado - 32,50. Não tenho a conta certa, mas depois de tudo,
acabei recebendo 72,00 por caixa., ou seja, mais dinheiro do que
se tivesse vendido no começo. É assim que Deus trabalha. Nem
posso imaginar o que teria acontecido se eu tivesse ido até aquele
comprador para tirar satisfações, em lugar de ter orado. Em um dia
o Senhor respondeu. Na vida do cristão, quando é da vontade de
Deus, todo prejuízo é provisório.
Espero que você possa ter ouvido a voz do Senhor para uma
situação de sua vida neste texto simples. Eu gosto de escrever
para servir aos meus irmãos e agradar ao Senhor. Em algum
tempo no futuro, vou concluir as outras quatro análises sobre as
outras direções do olhar. Que o Senhor ouça suas orações a
atenda o desejo do seu coração.
A Paz de Cristo.
Fonte:http://olharcristao.blogspot.com.br/2016/05/reflexao-biblica-sobre-o-olhar-para-tras.html
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