Como sumo sacerdote da santeria, John Ramirez sabia que ele estava destinado a se juntar aos cinco principais demônios da santeria no Inferno. Mas durante muito tempo, ele não se importou, pois era respeitado e temido por ser bruxo tão poderoso em seu bairro de South Bronx.
Nascido em uma família que tinha tradição em feitiçaria, John foi consagrado já em tenra idade sob ameaça demoníaca em uma leitura de tarô. Seus pais foram avisados de que se não dedicassem o filho à santeria, o garoto ficaria cego. Obedientemente, sua mãe submeteu a criança aos rituais de consagração.
Depois disso, "toda a minha personalidade - o representava o que eu era - não estava mais lá", disse John em um vídeo do YouTube. "Eu senti como se alguém colocasse um cobertor preto por cima de mim. Eu não estava respondendo apenas à minha mãe e meu pai, eu estava respondendo aos demônios".
Ele foi treinado sob a tutela de adoradores do diabo de alto escalão. Ele se infiltrava em funerais para "capturar" os espíritos das pessoas mortas e usá-los para matar outros indivíduo pelo mesmo tipo de morte. Ele também recolheu o sangue de traficantes mortos na rua para realizar rituais satânicos.
"As pessoas sabiam que eu carregava comigo, uma força a ser considerada", disse ele. "Eu gostava daquele poder. Eu fui subestimado como um jovem rapaz. Mas depois eu tinha o poder e a autoridade para fazer o que quisesse".
A grande mentira
Quando John tinha 13 anos, seu pai morreu em uma briga de bar. Como o rapaz sofreu sucessivos abusos físicos e emocionais por parte de seu pai, John viu a sua morte não como uma tragédia, mas como um alívio para ele e sua mãe.
"Como um jovem garoto, eu pedia a ajuda de Deus para livrar a minha mãe, quando o meu pai estava batendo nela", disse ele. "E ninguém apareceu. Mas o diabo apareceu porque ele matou meu pai. Eu acredito que o diabo me disse: 'Ninguém te ama, mas eu te amo. Seu pai não pode oferecer nada para você, mas eu sou o seu provedor. Vou dar-lhe o que você quiser. Basta pedir".
A santeria é uma forma caribenha de bruxaria com raízes na África. Atividades como se embriagar com bebidas alcoólicas, vestir-se de branco, realizar rituais com velas vermelhas e sangue humano integram prática satânica. John começou a praticar seus rituais fora de seu apartamento e, por razões que não podia explicar, seus feitiços eram dirigidos especialmente a cristãos.
"Nas boates, eu olhava em volta e buscava identificar os 'cristãos", disse ele. "Eu sabia que estava no campo de jogos do diabo. Então eu sabia que se eu pudesse chegar até alguém que já tivesse bebido uma cerveja ou duas, eu diria: 'Tenho algo a dizer-lhe hoje' e se a pessoa me perguntasse 'O que você tem a me dizer?', eu responderia 'você abriu a porta para mim".
Ele acabou sendo promovido no palo Mayombe - um ramo da santeria - ganhando mais e mais poder. John travou guerras espirituais em nome de Satanás em sua vizinhança.
"O diabo me disse que eu tinha que visitar meu bairro no reino espiritual para enfraquecer a região no ambiente físico. O que quer que você mate no reino do espírito, você pode matar no natural".
Mas ele percebeu que, algumas vezes, suas maldições não tinham o efeito esperado e isso geralmente acontecia quando ele descobria que pessoas estavam orando. As maldições não eram eficazes quando as pessoas oravam. Seu bairro havia sido santificado, abençoado por meio da oração. Ele e seus discípulos do mal não podiam tocá-lo. "Mas nos outros bairros, era hora de festa", disse ele.
A santeria é uma forma caribenha de bruxaria com raízes na África. (Foto: Getty)
Um convite especial
Quando completou 25 anos, John conheceu uma garota bonita e começou a sentir algo por ela. Ela o convidou para a igreja e para a sua casa, onde seus pais lhe falaram sobre Jesus.
"Eles abriram a Bíblia e disseram: 'Ei, escute, nós queremos falar com você sobre isso'. Eu disse a ela: 'Bem, eu não posso vir mais à sua casa. Seus pais são loucos", relatou John. "Então eu disse: 'Ok! Pelo menos deixe-me fazer a digestão do alimento e, em seguida, vocês podem falar sobre esse tal Jesus'. Eu pensei que depois que de deixá-los falar, eu teria vontade de ir para o culto no templo satânico e matar animais durante toda a noite para conseguir voltar e vê-la, mas ela não sabia disso".
Posteriormente, John concordou em participar dos cultos na igreja, pois ele considerava os cristãos apenas "divertidos e inofensivos".
"Nós tínhamos um sistema diferente do que eles tinham. Eles faziam coisas como nos abraçar, nos beijar e dizer: 'Aleluia, nós amamos você", John lembrou. "Então eu continuei a ir à igreja para agradá-la, mas eu não deixaria as pessoas descobrirem sobre as coisas com as quais eu estava envolvido [santeria]".
Numa manhã de domingo, o pastor fez um apelo e John foi à frente. Mas o que aconteceu logo em seguida foi assustador.
"De repente, eu fiquei possuído por demônios. Peguei o pastor pela garganta, o segurei no alto e disse: 'Eu vim para te buscar'. Muitos homens saíram de seus assentos, tentaram me agarrar. Eu simplesmente jogava para longe as pessoas ao meu redor, como bonecas de pano", disse John.
"E então cerca de 200 pessoas se levantaram, estenderam suas sobre nós mãos e começou uma guerra espiritual por aquela pessoa que eu teria matado em um piscar de olhos. Eu vi o poder de Deus naquela igreja. Um dos rapazes estava sussurrando no meu ouvido, 'Diga, Jesus é o Senhor. Diga: Jesus é Senhor. Diga!'. Eu não podia abrir minha boca. E, de repente eu consegui dizer: 'Jesus é o Senhor' e o diabo deixou aquele lugar".
Claro, sua agressão contra o pastor o deixou ainda mais perturbado. Ele estava relutante em voltar para aquela igreja.
Alguns dias mais tarde, um senhor cristão lhe deu um presente: uma blusa que trazia a inscrição "Você é um guerreiro de Cristo". O gesto de bondade, perdão e amor impactou John profundamente. "Foi incrível", disse ele. Eu não podia acreditar que Jesus me amava.
Alternar entre os lados da escuridão e da luz não era mais uma questão simples. "Eu estava comprometido com o lado negro", disse John. "Eu estava comprometido com os demônios. Eu estava comprometido com o diabo. E eu estava entre dois mundos".
Desespero
John não sabia como orar, arrepender-se ou desfazer seus pactos com Satanás. Desorientado e desepserado, John decidiu cometer suicídio.
"Eu disse: 'O Senhor Jesus não pode me ter. O diabo não pode me ter. A melhor saída é o suicídio", disse ele. "Na minha ignorância, na minha vergonha, na minha confusão, eu pensei que estava longe. Eu estava espiritualmente seco".
Com a arma na mão, ele começou a falar com Deus.
"Eu não sei do que eles chamam você, Jesus. Qualquer que seja o nome pelo qual eles te chamam na igreja, eu não gosto de você. Eu nunca gostei de você. Eu nunca tive nada a ver com você. Eu não quero me comunicar com você. Eu te odeio. Eu não quero ser parte de você. Eu nunca quis ser um cristão. Eu te nego. Vou adorar ao diabo até o dia que eu morrer", esbravejou John, mas logo depois sussurrou: "Mas se você é maior do que o deus que eu sirvo, então se revele a mim hoje à noite ou me deixe em paz".
Depois, John adormeceu e sonhou que estava em um metrô cheio de pessoas. Ele não sabia para onde o metrô estava indo, mas sentiu que não era nada bom.
"Havia uma senhora vestida, muito elegante e ela começou a falar comigo em uma língua demoníaca. Eu entendi a língua. Ela dizia: 'Traidor! Você está nos deixando'. Então, eu tentei entrar no meio do trem, no meio do povo, fugindo dela e então, Bam! As portas se abriram. Eu acabei no inferno".
Ainda no sonho, John se viu em reinos escuros, com um calor sobrenatural e desesperança. Ele deu um passo e então Satanás apareceu para ele.
"Eu estive com você desde os nove anos de idade", o diabo teria dito a ele. "Eu tenho sido um pai para você. Eu lhe dei tudo. Vou mantê-lo aqui, porque se eu posso mantê-lo aqui, você não vai acordar no andar de cima [terra] Você pertence a mim. Você não vai sair. Você sabe segredos demais da minha religião".
Mas depois que Satanás o agarrou, uma cruz apareceu de repente nas mãos de John.
"Eu coloquei a cruz sobre o diabo e ele ficou inofensivo, como um bebê. O diabo não tem poderes ao pé da cruz", relatou.
Batalhas
John acordou liberto de Satanás e transformado. "Eu sabia que Jesus é o Senhor. Eu dobrei meu joelho diante da cruz e Jesus entrou na minha vida", disse John, que abandonou sua parafernlha satânica, mas ainda assim sentiu ataque espiritual todas as noites, durante um mês.
"À noite, sentia uma presença entrar na sala", lembra John. "E então, quando eu ia virar, eu realmente, por vezes, via o que estava lá. Ou às vezes quando eu adormecia, sentia as mãos de alguém agarrando a minha garganta e tentando me tirar da cama e tentar rasgar a minha alma do meu corpo.
"Às vezes eles me agarravam pelos pés e a cama balançava, e que iria levá-la e levitar a cama e levitar me a tal ponto que às vezes eu mesmo atingido o teto", disse ele. Eu não conseguia respirar; Eu não podia gritar. Eu não podia falar. Eu me sentia como se estivesse sufocando; Eu sentia como se estivesse sufocando a vida fora de mim. E eu gostaria de tentar chamar por Jesus, e as palavras não saíam e, em seguida, no final, as palavras saíam: 'Jesus, me ajude. Jesus, me ajude".
John ficou perplexo com a batalha que se estendeu por sua alma. Por que Jesus não o libertava rapidamente por completo? Então ele sentiu a resposta: "Eu queria saber o quanto você me amou, o quanto você confia em mim".
Com isso, ele foi liberto daqueles ataques satânicos. "Nunca mais um demônio apareceu em minha casa", disse John.
Hoje, John compartilha o evangelho com todos, sempre que tem a oportunidade. Ele escreveu um livro sobre suas experiências, chamado "Fora do Caldeirão do Diabo".
"Eu tenho sido vitorioso em Cristo", disse John. "Eu tenho paz. Eu não sou mais vazio. Eu tenho satisfação. Eu tenho um propósito e eu tenho um destino hoje. Tudo porque eu disse 'sim' para a cruz. "Hoje, John é evangelista, filiado a uma igreja com sede em Nova Iorque.
"Agora eu sou um evangelista para o Reino de luz, não mais um servo das trevas", disse ele. "Eu exponho o lado negro cada vez que o Senhor me dá uma chance, para que vocês não tenham mais que morrer em seus pecados. Vocês não têm mais que derramar seu sangue, como na santeria. Jesus derramou o sangue para você. Esse é o sangue que conta: o que foi derramado na cruz".
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