O geneticista norte-americano Dean Hamer, 54, parece ter uma predisposição inata à polêmica. Em 1993, afirmou ter descoberto um trecho do DNA, que batizou Xq28, supostamente responsável pela homossexualidade masculina. A descoberta lançou à fama e depois ao escárnio –quando outros cientistas falharam em replicá-la– o campo da genética comportamental, do qual é pioneiro.
Agora Hamer volta à carga, metendo a mão numa cumbuca literalmente sagrada. Seu último livro, recém-lançado no Brasil, se chama “O Gene de Deus” (Ed. Mercuryo). E, sim, tenta sustentar que a crença no criador também é geneticamente determinada.
Antecipando as críticas –que vieram assim mesmo, quando o livro saiu nos EUA, no ano passado–, Hamer diz logo que não se trata de “o” gene, mas de “um gene entre vários”. E, ah, não é exatamente deus, mas uma predisposição à crença, que ele chama de “espiritualidade”.
O tal gene, isolado por Hamer e sua equipe no Instituto Nacional do Câncer, nos EUA, é identificado pela sigla vmat2. Ele estaria envolvido no transporte de uma classe de mensageiros químicos do cérebro conhecidos como monoaminas, do qual o mais famoso é a serotonina, a molécula do bem-estar. O ecstasy, o Prozac e outras drogas influenciam o humor alterando os níveis de serotonina no sistema nervoso.
As evidências de seu envolvimento com a espiritualidade vêm de análises genéticas conduzidas pelo grupo de Hamer em vários conjuntos de pacientes, mas que começaram com um grupo de tabagistas. A associação foi feita com o auxílio de um teste psicométrico –baseado em um questionário– elaborado pelo também americano Robert Cloninger para aferir a chamada “autotranscendência”, ou a tendência ao pensamento místico. Não confundir, no entanto, espiritualidade com religião, que o geneticista diz ver como um dos maiores “perigos” para a humanidade.
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