Então ele [Jesus] começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas… fosse morto e três dias depois ressuscitasse. Marcos 8.31
O ponto central do Evangelho de Marcos é a cruz de Cristo. Quando os doze apóstolos compreenderam quem Jesus era e o confessaram como Messias, ele começou a ensiná-los sobre a cruz. Isso foi um divisor de águas no ministério de Jesus, bem como no Evangelho de Marcos.
Antes disso, Jesus havia sido aclamado como mestre e como curador popular. Ele, no entanto, não havia vindo para ser esse tipo de Messias.
Assim, daquele momento em diante, ele ensinou seus discípulos abertamente sobre a necessidade de seus sofrimentos e de sua morte.
Marcos registra que, em outras três situações distintas, Jesus solenemente predisse sua morte. Na verdade, aproximadamente um terço do Evangelho de Marcos é dedicado à sua paixão.
A essência do ensino de Jesus se encontra em sua declaração de que “era necessário que o Filho do homem sofresse”. Por que ele deve sofrer? Qual é a origem desse seu senso de obrigação?
É porque as Escrituras devem se cumprir. Por que, então, “o Filho do homem”?
Ao usar esse hebraísmo para designar ser humano, Jesus estava se referindo a Daniel 7. Nessa visão, “alguém semelhante a um filho de homem” (ou seja, uma figura humana) vem sobre as nuvens e se aproxima do Ancião de Dias (Deus). Ele então recebe autoridade e poder soberano, de modo que todas as pessoas o servirão, e seu reino jamais será destruído (Dn 7.13-14).
Jesus adotou o título (Filho do homem), mas mudou o seu papel. De acordo com Daniel, todas as nações o serviriam. De acordo com Jesus, ele tinha vindo para servir, e não para ser servido.
Na verdade, Jesus fez o que mais ninguém havia feito: ele fundiu as duas imagens do Antigo Testamento, a do servo que sofre em Isaías e a do Filho do homem que reina em Daniel, pois primeiro Jesus deve carregar os nossos pecados e apenas depois ressuscitar e entrar na glória.
E saiu Jesus, e os seus discípulos, para as aldeias de Cesaréia de Filipe; e no caminho perguntou aos seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou? E eles responderam: João o Batista; e outros: Elias; mas outros: Um dos profetas. E ele lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o Cristo. […] Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai, com os santos anjos. Dizia-lhes também: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o reino de Deus com poder. Marcos 8.27-9.1
Retirado de A Bíblia Toda, o Ano Todo [John Stott]. Editora Ultimato.
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