Quem vê Dayse Paparoto hoje percebe sua segurança e firmeza
no comando da cozinha.
Aprendiz da escola de chefs tradicionais como Laurent Suaudeau, Salvatore Loi, Patrick Ferry, Marc Le Cornec e casas tradicionais
como o Fasano, profissionais conhecidos por serem linha dura e
sem papas na língua, ela não foi poupada por ser, muitas vezes,
a única mulher em meio a uma equipe inteiramente masculina.
Daí veio sua excelência e domínio de todos os fundamentos
culinários, em meio à dureza, à competitividade e ao rigor das
cozinhas profissionais, que deixou marcas de queimaduras e
cortes em suas mãos e braços.
A vontade de trabalhar na cozinha veio do desejo de
independência, cultivado desde a infância. Seu pai tinha um
escritório de agrimensura e colocou a filha para ajudar desde
os 9 anos de idade.
“Sempre trabalhei com meu pai, comecei como office girl e
cheguei a projetar em Auto Cad”, diz Dayse. “Mas queria sair
de perto da família e conhecer o mundo. Vi que tinha um curso de gastronomia que ficava há 4 horas de distância da minha
cidade e lá fui eu”, conta, quando se mudou de Mogi das
Cruzes para Águas de São Pedro para cursar gastronomia no Senac/Grande Hotel São Pedro.
A distância da casa dos pais causou um deslumbramento na
menina que desde criança, era agitada e curiosa. Dedicada e
decidida a conseguir um estágio, passou a trabalhar no hotel
de forma voluntária, ficando das 8 às 22h00 trabalhando,
emendando estágio com a faculdade. “Passei por todas as
áreas do hotel, e fui escolhida a melhor entre 200 alunos”,
conta.
O destaque rendeu sua escolha pelo chef Laurent Suaudeau
para trabalhar em sua cozinha.
“Ele detestava mulher na cozinha, passei por várias situações
difíceis. Então toda a dureza que meu pai me ensinou, de ser
firme, independente da situação, é como se ele tivesse me
treinado para entrar nessa profissão”, reflete. Depois do chef
francês, passou pelo Fasano e pelo Due Cuochi, entre outros. Atualmente coordena a cozinha do Feed Food, no bairro de
Pinheiros, São Paulo.
Mas toda a independência levou a escolhas que levaram Dayse
a uma vida desregrada. “Como estava me sentindo livre, eu ia
para muitas festas e foi lá que passei a fazer muitas coisas
erradas e levei uma vida bem mundana, admite. Hoje ela recorda
sobre a fase passada: “eu tentava preencher aquele vazio interior quando eu saía, ia para as baladas, relacionamentos etc. Tem
uma hora que eu pensava: nossa, fiz tudo isso, amanhã vou ter
que fazer tudo de novo para sentir uma alegria efêmera. Eu
chegava a indagar isso. Mesmo assim, vi a mão de Deus que me protegeu em vários momentos”.
Após terminar gastronomia, decidiu fazer o curso de Processos Gerenciais, passando a morar com uma amiga evangélica. Ali,
uma célula ocorria uma vez por semana, e aos poucos Dayse
foi sendo atraída para as reuniões de estudo bíblico e louvor.
“No começo eu não participava, mas com o tempo comecei a
ficar nas reuniões. Até parei de sair no dia da semana da célula. Enquanto isso as pessoas oravam e jejuavam por mim e eu nem
sabia!”, recorda. “Eu não escondia minha vida mundana, fazia
questão de afrontar, uma vez cheguei a ir para o culto com roupas
bem mundanas, assim para escandalizar mesmo. Fui super bem recebida, e Deus foi me quebrantando com tanto amor”.
Dayse passou a frequentar os cultos da igreja e certa vez uma
pessoa apareceu e disse que Deus estava mandando levá-la à
frente. “Acabei indo e chorei muito, fui chorando até em casa.
Daí eu disse para minha amiga: quero aceitar Jesus, mas no meu
quarto para ninguém ver”, diz. Ela conta que ainda passou por
uma fase de libertação, em que os irmãos da igreja entraram em
batalha espiritual com contínuos louvor e oração, até que antigos
pactos fossem quebrados.
Dayse conta que mudanças foram ocorrendo desde seu
comportamento, até atitudes e hábitos. “Fui transformada em
questões como orgulho, Deus trabalhou muito nisso. Eu era o
estereótipo da chef de cozinha – chata e arrogante. Na verdade,
eu reproduzia o comportamento dos chefs com que trabalhei”,
admite.
Nova vida
Após a conversão, Dayse passou a testemunhar ativamente no
trabalho, “teve um restaurante que eu passei em que todos se converteram. Eu falava, testemunhava, colocava louvor para todos ouvirem na cozinha, áudios da Bíblia”, conta.
Certa vez, sua discipuladora profetizou que iria comprar um
apartamento. Até então, ela nunca imaginou que Deus iria usar
um programa de televisão para realizar seu sonho de quitar
apartamento e ter um carro novo.
Questionada sobre como decidiu participar do reality, ela afirma
que no começo não queria. A dona do restaurante em que trabalha
foi incentivando, amigos também falavam e tudo foi se confirmando depois, com a palavra de um pastor em um acampamento.
“Eu orava: Senhor, não sei até que fase posso chegar, mas sei
que só posso ir até onde você deixar. Então eu fiquei tranquila,
eu não sabia nem pedia para Deus ganhar. Eu sabia que Deus
tinha algum plano, mas não tinha certeza que ganhar fazia parte
desse propósito”, lembra.
No altamente competitivo ambiente das gravações do reality a
menina de Mogi das Cruzes destoava pela tranquilidade. Em
meio ao fogo cruzado e diante de profissionais com muito mais experiência, ela fazia questão de não participar das intrigas e partidarismos.
“Foi Deus quem ganhou o programa, eu só fui usada. Em muitas ocasiões, vi Deus agindo de diversas formas, na injustiça, em ser desacreditada, ser mal falada, a cada prova eu ia sendo honrada
em meio a tudo que se colocava contra. Senti que havia uma
oposição muito grande, mas era espiritual. Eu não fazia parte das rodinhas de fofocas, das panelinhas e conchavos”, afirma. E faz
questão de ressaltar que nunca se fez de ‘coitada’. “Só no
episódio A Reunião eu falei um pouco de minha trajetória
profissional, pois até então ninguém tinha ideia.”
Sobre ter seu próprio restaurante, Dayse é reticente. “Se eu
tiver a oportunidade de abrir um restaurante com meu nome
e outra pessoa cuidar da parte administrativa, tudo bem”, e
completa: “quero ser o que Deus quer que eu seja”. Sonhos?
Casar e ter filhos, ter uma família, como deixou bem claro
na final, quando disse que está à procura de um pretendente.
Favorita e eleita queridinha pelo público, com mais de 90% da preferência, dona de uma autenticidade e carisma genuínos,
Dayse nunca quis participar de polêmicas – “não fico
respondendo, se quiser falar mal pode falar, eu sei quem eu
sou, se aconteceu tudo foi porque Deus estava no comando”,
atesta.
Consagrada a melhor cozinheira profissional do País, ela finaliza
com um recado aos leitores do Gospel Prime: “Deus é real, e Ele
cumpre cada promessa, mesmo a gente não merecendo, sua
graça e misericórdia é infinita mesmo. Somos muito amados. Se
Deus se preocupou em me ajudar em uma torta de limão, Ele
não vai ajudar cada um com qualquer outra questão? Ele pode
todas as coisas”.
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