Papel de parede volta de Jesus
"ENTREGA TEU CAMINHO AO SENHOR, CONFIA NELE E O MAIS ELE FARA".
SALMOS 37.5

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

QUAIS LÍNGUAS FORAM FALADAS NO DIA DE PENTECOSTES?

Que as línguas foram dadas de forma sobrenatural não temos dúvidas, pois segundo Jesus elas estariam ligadas a um revestimento de poder vindo do Céu. (Mc 16:17; Lc 24:49). Porém, assim como em muitas das passagens da Bíblia de difícil compreensão, os estudiosos divergem quanto ao tipo de língua que foi falada.

Uns entendem que foram faladas línguas inteligíveis ou terrenas. Outros afirmam que os discípulos falaram línguas ininteligíveis, isto é, as que os homens não as entendem senão por interpretação divina.

Para tentarmos elucidar esta questão, é necessário de antemão sabermos que o autor do livro de Atos, o evangelista Lucas, usou duas palavras gregas que são traduzidas como línguas, a saber, dialekto e glossa na narrativa do derramamento do Espírito Santo.

Embora glossa e dialekto sejam palavras diferentes, às vezes elas se referem a mesma coisa, pois no Novo Testamento essas palavras ocorrem se referindo ao órgão que está na boca, aos idiomas inteligíveis falados naturalmente pelos homens, como às línguas ininteligíveis. Vejamos as ocorrências:

Dialekto fazendo referência ao idioma inteligível (At 1:19, 2:6, 8, 21:40, 22:2, 26:14);

Glossa fazendo referência ao idioma inteligível e ao órgão (Lc 1:64; At 2:26; Rm 3:13, 14:11; 1Co 13:1; Fp 2:11; Tg 3:5, 6; 1Jo 3:18; Ap 5:9, 10:11);

Glossa fazendo referência à língua ininteligível que pode ou não vir acompanhada de profecia (At 10: 46, 19:6; 1Co 14:2, 4, 13, 14, 19, 27);

Glossa e Dialekto se referindo às línguas de Atos 2 (At 2:4, 8).

Dessa forma, já ficou claro que será o contexto o principal responsável pela resposta que buscamos.
Bem, de acordo com texto lucano, após os discípulos começarem a falar em línguas conforme o Espírito lhes concedia que falassem (At 2:4), os judeus que vieram de muitas partes, como, por exemplo, da Mesopotâmia, da Judéia, da Capadócia, da Frígia, da Panfília, do Egito e demais localidades (At 2:5-11), ficaram perplexos por ouvirem os discípulos falando nas suas próprias línguas maternas (At 2:8).

Até aqui já ficou claro que os discípulos falaram nas línguas maternas dos ouvintes. Mas queremos ainda chamar a atenção para uma pergunta que esses homens fizeram a respeito do ocorrido que é fundamental para a conclusão:

Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? (At 2:7 ARA)

Por que eles fizeram essa pergunta enfatizando que os discípulos vinham da Galileia e demonstrando total admiração?

Porque quem habitava na região da Galileia não era bem visto pelos judeus da capital Jerusalém, pois lá era uma região onde tinha um número considerável de gentios, e por isso era chamada de Galileia dos gentios (Mt 4:15). Além disso, os galileus não sabiam pronunciar o aramaico e o grego como os judeus que moravam na capital, por exemplo, pois os galileus tinham um aramaico rude que ao pronunciá-lo ficava fácil de saber de onde eles eram (Mc 14:70), e provavelmente um grego capenga, o que teria feito com que os ouvintes ficassem atônitos depois que os ouviram louvar a Deus em vários idiomas que eles não tinham aprendido e com uma eloquência como antes jamais vista. (CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado. Edição Revisada. Vol 3. p. 58-59. 2014. HAGNOS).

Isto é, as línguas faladas em Atos 2, embora dadas pelo Espírito Santo foram línguas terrenas e não as que Paulo disse que quem as fala, não fala a homens, mas apenas a Deus (1Co 14). E essa foi a conclusão de alguns mestres da Igreja, como, Orígenes, Hilário de Poitiers, Eusébio de Emesa, Cirilo de Jerusalém, Filastrius, Pseudo Constantius, Guadêncio de Brescia, João Crisóstomos, Rufino de Aquiléia, Pelágio, Agostinho, Juliano de Eclano, Léo, o Grande, Teodoreto de Ciro, Jacó de Serugh, Cassiodoro, Gregório o Grande e Paládio. (GUMERLOCK, Francis. Toques in the Church Fathers. p. 125-131 apud  RODRIGUES, Zwinglio. Falar em Línguas. Um Estudo Sobre o Fenômeno da Glossolália. p.  40. 2016. REFLEXÃO).

Itard Víctor Camboim de Lima

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