Introdução
O estudo trata da Bíblia propriamente dita. O segundo trata da forma como devemos ler e estudar a Bíblia, para que possamos aproveitar ao máximo tudo o que ela tem para nos ensinar. Que possamos, nesse ano, realmente crescer na graça e no conhecimento de Cristo! Deus nos abençoe!
1º Estudo: Conhecendo a Bíblia Sagrada
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade.” (II Timóteo 2:15)
1. O que é a Bíblia
A Bíblia é uma coleção de 66 livros que, pela semelhança de conteúdo, formam um único livro. Todos esses livros foram escritos por Deus, porém Ele se utilizou de cerca de 40 homens diferentes, de épocas, culturas, raças e classes sócias diferentes, para cumprir essa tarefa. A Bíblia foi escrita durante um período de 1600 anos, tendo início em 1500 a.C e sendo completada em 100 d.C, mais ou menos. Tendo como autor o próprio Deus, a Bíblia é verdadeiramente a Palavra de Deus.
2. Propósito e mensagem da Bíblia
A Bíblia foi escrita para que o homem pudesse conhecer a vontade de Deus. Sozinho o homem nunca saberia que é um pecador e que necessita de salvação. Era necessário, portanto, que Deus revelasse ao homem suas verdades eternas, mas em linguagem compreensível ao ser humano. A forma que Deus escolheu para isso foi a palavra escrita.
Na Bíblia encontramos vários assuntos. Porém, há em toda Bíblia uma mensagem central: a salvação do pecado provida por Deus ao ser humano, pelo sacrifício de Cristo.
3. Nomes da Bíblia
A palavra “Bíblia” não se encontra no texto original da Bíblia. O nome “Bíblia” vem do grego “Biblos”, que significa “Livros”. Esse nome foi dado à Bíblia pela primeira vez no século IV, por um cristão chamado João Crisóstomo. Na Bíblia encontramos vários nomes que ela dá a si própria. Veremos aqui os principais: Palavra de Deus (Hebreus 4:12); Escritura (II Timóteo 3:16) e Escrituras (João 5:39); Sagradas Letras (II Timóteo 3:15); Lei (Salmos 119:97).
4. Características da Bíblia
A Bíblia apresenta certas características que a diferem dos outros livros. Vamos analisar cada uma delas:
4.1. Inspiração
“Toda a Escritura é inspirada por Deus” (II Timóteo 3:16).
A palavra inspiração significa “soprar para dentro”. Quando dizemos que a Bíblia é inspirada por Deus, queremos dizer com isso que Deus “soprou” sobre determinadas pessoas escolhidas por Ele Sua vontade, Seus pensamentos e a forma como Ele queria que as palavras fossem escritas. Isso garantiu que os escritores bíblicos escreveriam exatamente o que Deus queria, impedindo-os de cometerem erros ou omissões, fazendo com que eles registrassem literalmente a Palavra de Deus.
Assim, a Bíblia tem uma autoria dupla, isto é, a autoria divina e a humana. Do lado divino a Bíblia é a Palavra de Deus no sentido de que se originou nEle e é a expressão de Sua mente. Do lado humano certos homens foram escolhidos por Deus para a responsabilidade de receber a Palavra e passá-la para a forma escrita. A própria Bíblia reconhece essa autoridade dupla quando em Mateus 15:4 diz que Deus ordenou certo mandamento, enquanto que em Marcos 7:10 diz que foi Moisés quem ordenou esse mesmo mandamento.
4.1.1. Provas da inspiração
A própria Bíblia reconhece sua inspiração:
O Velho Testamento afirma sua inspiração: Várias passagens afirmam isso. Porém, veremos apenas a passagem de II Samuel 23:2, onde Davi, autor de muitos Salmos, afirma a inspiração de suas palavras: “O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua”.
O Novo Testamento afirma sua inspiração: Da mesma forma muitas passagens afirmam a inspiração do Novo Testamento. Porém, vamos nos limitar apenas à passagem de João 16:13, onde Jesus afirma que depois de sua ida o Espírito Santo estaria guiando os apóstolos a toda a verdade: “...quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”.
O Novo Testamento reconhece a inspiração do Velho: Jesus e os apóstolos reconheceram isso em diversas passagens. Fica aqui, porém, somente as palavras de Pedro: “Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam”.
A Bíblia faz declarações científicas que só foram descobertas posteriormente: Em Isaías 40:22 a Bíblia afirma a esfericidade da Terra, centenas de anos antes dos cientistas descobrirem: “Ele (Deus) é o que está assentado sobre a redondeza da terra...”.
Diversas profecias da Bíblia já se cumpriram: Todas as profecias do Antigo Testamento a respeito de Jesus se cumpriram perfeitamente, e muitas profecias de Jesus sobre os últimos dias estão se cumprindo: “Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares...” (Mateus 24:7).
Tudo isso mostra que realmente a Bíblia é inspirada por Deus e não somente um livro qualquer.
4.1.2. Teorias da inspiração
Existem algumas teorias e concepções erradas a respeito da inspiração, que estaremos vendo aqui.
Inspiração Dinâmica: Segundo essa teoria, Deus inspirou os homens de tal forma que eles se tornaram infalíveis apenas em questões de fé e prática, somente em ensinamentos doutrinários. Isso significa que eles poderiam errar ao relatar detalhes históricos e outros assuntos não doutrinários. Porém, essa teoria é falsa, porque a Bíblia não apresenta nenhum erro em nenhum assunto, seja doutrinário e prático, ou histórico e arqueológico.
Inspiração Mecânica: Segundo essa teoria, Deus apenas ditou aos homens as palavras da Bíblia, não permitindo a participação da personalidade humana no registro bíblico. Essa teoria é falsa porque nega a autoria humana da Bíblia. Se a Bíblia fosse um mero ditado, ela teria somente um único estilo literário. Porém, a Bíblia é variada em seu estilo, e cada autor que escreveu a Bíblia deixou nela o seu jeito e traços de sua personalidade.
Inspiração dos Conceitos: Segundo essa teoria, Deus somente inspirou os conceitos, não as palavras, deixando aos autores humanos a liberdade de expressarem os conceitos com suas próprias palavras. Porém, essa teoria é falsa, pois a Bíblia afirma claramente que as próprias palavras escritas na Bíblia foram inspiradas por Deus, e não somente os conceitos que elas representam.
4.1.3. A verdadeira inspiração
A verdadeira doutrina da inspiração, ensinada na Bíblia, é chamada de Inspiração Verbal Plenária. É o poder inexplicado do Espírito Santo agindo sobre os autores humanos, conduzindo-os na transcrição da mensagem, de forma que cada palavra escrita seja inspirada por Deus e livre de qualquer erro ou falha humana. Deus usa a personalidade do homem na transcrição da mensagem, permitindo que cada autor conserve seu próprio estilo e ao mesmo tempo registre com exatidão a Palavra de Deus. Jesus ensinou essa doutrina ao afirmar que “é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei” (Lucas 16:17). Ele mostra que mesmo uma simples letra da Bíblia é inspirada por Deus.
4.2. Inerrância
“...a Escritura não pode falhar” (João 10:35).
Sendo inspirada por Deus, podemos dizer que ela está completamente livre de erros. Apesar de os autores humanos da Bíblia serem falhos e tão pecadores quanto nós, seus ensinos foram preservados de erros. Isso não significa que os autores da Bíblia não tinham concepções erradas sobre assuntos científicos e similares, mas que, mesmo as tendo, não as registraram na Bíblia. Assim, a Bíblia na forma como foi originalmente escrita não apresenta nenhum erro sequer.
Porém, a inerrância da Bíblia não abrange as cópias dos manuscritos originais, mas somente os autógrafos, isto é, os originais. Isso significa que podem haver erros nas cópias dos originais.
4.3. Animação
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus 4:12).
Por ser a própria Palavra de Deus, a Bíblia tem vida em si mesma. Animação é o poder que a Bíblia tem de transmitir vida ao ser humano. A Bíblia é viva porque ela é o sopro (espírito) de Deus (João 6:63). A Bíblia possui vida eterna e permanece para sempre (I Pedro 1:23).
A Bíblia é eficaz. A palavra grega para “eficaz” na passagem acima é “energes”, de onde vem a palavra “energia”. Trata-se da energia que a vida vital fornece. Por isso a Bíblia é comparada a uma poderosa espada de dois gumes com poder para cortar, penetrar e discernir. Efésios 6:17 chama a Bíblia de “Espada do Espírito”. Isso porque a Bíblia é o instrumento usado pelo Espírito para realizar o propósito de Deus. Quando o Espírito Santo empunha a Sua Espada uma energia é liberada dela para animar e realizar o seu propósito (Isaías 55:10,11). É com este poder inerente à Palavra de Deus, a Bíblia, que o Espírito Santo convence os contradizentes, porque a Bíblia é como uma dinamite com poder (dinamos, Romanos 1:16) para salvar e destruir.
A Palavra de Deus é como um alimento nutriente que fornece forças (Mateus 4:4). Paulo escrevendo aos tessalonicenses, revela sua gratidão a Deus por haverem eles recebido a Palavra de Deus a qual estava operando (energizando) eficazmente neles (Tessalonicenses 2:13). Paulo conhecia o poder da Palavra de Deus, por isso recomendou aos anciãos da igreja que a observassem porque ela “tem poder para edificar e dar herança entre todos os que são santificados” (Atos 20:32; João 5:39).
1) É eficaz na regeneração: Comparada com a “água” (João.3:5; Efésios 5:26), a Palavra de Deus tem poder para regenerar, pois ela coopera com o Espírito Santo na realização do novo nascimento.
2) É eficaz na santificação: A Palavra de Deus tem poder para santificar (João17:17). Com efeito, a santificação é pela fé (Atos 15:9) e a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10:17).
3) É eficaz na edificação: A Palavra de Deus tem poder para edificar (Atos 20:32).
4.4. Único fundamento de doutrinas
“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha” (Mateus 7:24,25).
A Bíblia é o único fundamento de doutrinas da Igreja. Isso significa que todo ensino que não esteja de acordo com a Bíblia, ainda que tenha sido dado por um anjo ou alguém muito importante, deve ser rejeitado. Só o que a Bíblia ensina é a Palavra de Deus e nada além disso. Isso não significa que a Bíblia revele todos os segredos do universo. Muitas coisas a Bíblia não diz. Mas tudo o que Deus quer que saibamos está escrito na Bíblia.
A Igreja Católica tem três fundamentos de doutrinas: A Bíblia, a tradição apostólica e o magistério da igreja. Por ser fundamentada em coisas além da Bíblia é que a Igreja Católica caiu no pecado da idolatria e em práticas anti-bíblicas. Por isso, tomemos o devido cuidado para não aceitarmos coisas que estejam além da Bíblia, mesmo que pareçam bastante espirituais.
5. Conteúdo da Bíblia
Apesar de ter uma mensagem central, a Bíblia é variada em seus temas, assuntos e estilos literários. Cada livro da Bíblia tem suas próprias características: estilo, tema, autor. Na Bíblia encontramos histórias, poesias, ficções (em suas parábolas), doutrinas, profecias, ensinamentos práticos, devocionais, etc. Assim, apesar da sua unidade, a Bíblia apresenta grande diversidade.
A Bíblia é dividida em duas partes, que chamamos de Antigo Testamento e Novo Testamento. O Antigo Testamento apresenta 39 livros, e o Novo Testamento 27. O que separa a Bíblia nessas duas partes é o nascimento de Cristo. O Antigo Testamento recebeu esse nome porque trata da Antiga Aliança feita por Deus com os homens e, principalmente, com Israel. O Novo Testamento recebeu esse nome porque trata da Nova Aliança feita por Cristo com a Igreja.
A Bíblia como a temos hoje foi resultado de um grande trabalho. Quando foi escrita, a Bíblia não apresentava divisões em capítulos e versículos. E os livros da Bíblia não tinham nome originalmente. Essas facilidades só foram acrescentadas muito tempo depois.
Os livros de cada um dos testamentos que apresentam semelhança de conteúdo são agrupados, formando várias divisões. Vamos estudar um pouco cada uma dessas divisões e seu conteúdo.
5.1. Divisões do Antigo Testamento
Lei ou Pentateuco: É a primeira divisão da Bíblia e compreende cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio. Todos esses livros foram escritos por Moisés em cerca de 1500 a.C, e foram os primeiros livros da Bíblia a serem escritos.
O Pentateuco fala sobre a criação do mundo, a origem do pecado, os primeiros seres humanos e civilizações, sobre o Dilúvio, a Torre de Babel, a origem do povo de Israel, a escravidão de Israel no Egito e sua libertação por Moisés, sobre a caminha de Israel pelo deserto por quarenta anos e, principalmente, sobre a Lei que Deus deu a Moisés no Monte Sinai. Por isso essa divisão também é chamada de Lei.
O Pentateuco é como se fosse uma introdução da Bíblia. Antes da Nova Aliança era a divisão mais importante da Bíblia.
História ou Livros Históricos: Compreende os livros de Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias e Ester, doze livros no total. Ao contrário do Pentateuco, esses livros foram escritos por diversas pessoas durante um período de mil anos.
Os Livros Históricos falam sobre a conquista da Palestina por Israel sob o comando de Josué, os juízes, sobre o reinado de Saul, Davi e Salomão, a construção do templo de Jerusalém, sobre a divisão do reino de Israel em Israel e Judá, sobre o cativeiro de Israel na Assíria e o cativeiro de Judá na Babilônia, a destruição do templo, sobre o retorno dos judeus à Palestina e a reconstrução do templo.
O assunto principal dos Livros Históricos é a história do povo de Israel.
Poesia ou Livros Poéticos: Compreende os livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares, cinco livros ao todo. Também tiveram autores variados e épocas variadas.
Esses livros são chamados de Poéticos porque apresentam seu conteúdo em forma poética. O livro de Jó fala sobre a história de Jó em forma poética. É um dos livros mais lindos da Bíblia. O livro de Salmos apresenta vários cânticos usados pelos judeus em seus cultos que foram agrupados para formarem o livro. O livro de Provérbios apresenta vários ensinamentos práticos. Eclesiastes é um livro filosófico onde Salomão reflete sobre a vida. Cantares é uma poesia que fala sobre o amor conjugal.
Para aqueles que estão começando seu estudo na Bíblia, esses livros são os mais aconselhados para leitura no Velho Testamento.
Profecia ou Livros Proféticos: Essa divisão é dividida em duas subdivisões: Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel; e Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. O nome de cada livro é o nome de seu autor. Esses livros foram escritos num período de 500 anos.
Os Livros Proféticos são compostos por profecias. Suas profecias tratam sobre os mais variados assuntos: queda e restauração de Israel, queda de vários reinos e povos, sobre o fim dos tempos e, principalmente, sobre vinda do Messias, sua morte, ressurreição e sobre a Nova Aliança instituída por ele.
Por ser composta quase que totalmente de profecias, essa divisão é a menos aconselhada para leitura daqueles que estão começando seu estudo da Bíblia.
5.2. Divisões do Novo Testamento
Todos os livros do Novo Testamento foram escritos no primeiro século d.C.
Evangelhos: Compreendem os quatro primeiros livros do Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas e João. Esses livros tratam da vida de Jesus, seu nascimento, ministério, ensinamentos, milagres, morte, sepultamento, ressurreição e ascensão. É ideal para aqueles que querem conhecer mais sobre a vida de Jesus.
História: Compreende somente o livro de Atos dos Apóstolos. Fala sobre a história da igreja no primeiro século: seu início, seu crescimento em Israel e, posteriormente, em todo o Império Romano. Fala bastante sobre Pedro e as viagens de Paulo.
Epístolas: Essa divisão se subdivide em duas: Epístolas de Paulo: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemon e Hebreus; e Epístolas Gerais: Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas.
Nas epístolas se encontram as doutrinas da igreja. As epístolas são uma explicação do evangelho pregado por Jesus. Doutrinas são encontradas por toda a Bíblia, porém é nas epístolas em que encontramos mais ensinamentos doutrinários. As doutrinas tratadas são variadas: Humanidade e Divindade de Cristo, seus ofícios, sua obra redentora; O Espírito Santo e suas obras; o pecado e sua universalidade; a salvação, justificação, adoção, santificação; a volta de Cristo, o arrebatamento, a ressurreição do corpo; e muitos outros ensinamentos.
Profecia: Compreende somente o livro de Apocalipse. Foi escrito pelo apóstolo João e trata de visões e profecias sobre os últimos dias, sobre a Grande Tribulação, a Volta de Cristo, o Armagedom, As Ressurreições, O Milênio, o Juízo, a Jerusalém Celeste e a Eternidade. Esse livro é o menos aconselhado para leitura de toda a Bíblia, principalmente por aqueles que estão começando um estudo da Palavra.
6. História da Bíblia
No tempo de Cristo, todos os livros do A.T que temos atualmente já existiam, mas nem todos eram considerados inspirados. Existiam dúvidas se livros como Ezequiel, Ester e outros eram realmente inspirados. Nesse tempo o N.T ainda não havia sido escrito. Essas dúvidas já existiam desde a volta dos judeus à palestina, após o cativeiro babilônico. O A.T só foi definido de uma vez por todas num concílio de rabinos judeus, realizado no final do I século da era cristã em Jâmnia. Nesse concílio eles organizaram o A.T com os livros que encontramos em qualquer Bíblia Protestante. Assim, a questão foi encerrada para os judeus.
Após o término do N.T, os cristãos puderam ter certeza da inspiração de quase todos os livros do A.T, pois quase todos eles eram mencionados por Jesus e pelos apóstolos no N.T, provando assim a sua autenticidade. Mesmo os poucos que não eram mencionados foram considerados inspirados pelos cristãos após o Concílio de Jâmnia. Mas é importante salientar que existiam outros livros além daqueles inspirados. Eles foram considerados apócrifos, ou seja, sem autenticidade pelos judeus. Foram acrescentados na tradução grega do A.T, a Septuaginta, e são os seguintes: I e II Esdras, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico (não confundir com Eclesiastes), I e II Macabeus; e acréscimos a livros canônicos: Epístola de Jeremias, Baruque, Oração de Manassés e acréscimos a Daniel e Ester.
O N.T cristão foi todo terminado no I século. Mas também houve dúvidas entre os cristãos sobre quais seriam os livros inspirados e quais não. Muitos formavam o N.T com quase todos os livros que temos, com exceção de alguns. Assim, foi preciso realizar um concílio para determinar quais eram os livros sagrados do N.T. Esse concílio realizado no século IV definiu os 27 livros que temos no nosso N.T, dividindo-os em Evangelhos (cinco primeiros livros do N.T), Epístolas (de Romanos à Judas) e finalmente a Revelação (Apocalipse). Mas nesse concílio também foi definido quais eram os livros inspirados do A.T, que foram os mesmos definidos no Concílio de Jâmnia, num total de 39. Mesmo não sendo considerados inspirados, os livros chamados apócrifos foram aconselhados para leitura, com o fim de maior conhecimento.
A Bíblia durante toda a Idade Média era composta pelo A.T, com seus 39 livros, e pelo N.T, com seus 27 livros. Num apêndice, entre o A.T e N.T, eram colocados os livros apócrifos, que preenchiam o espaço vazio de 400 anos entre Malaquias e o N.T. Mas tudo isso mudou com a Reforma Protestante do século XVI. Com a Reforma, a Bíblia foi traduzida para vários idiomas e distribuída entre o povo, que começava a abandonar a Igreja Católica. Assim, a Igreja Católica realizou um concílio em 1546, conhecido como Concílio de Trento, para parar a Reforma. Nesse concílio, na tentativa de encontrar base bíblica para muitas de suas práticas, a Igreja Católica admitiu que os livros apócrifos eram inspirados, tornando-se assim parte do Cânon. Os livros admitidos foram todos os apócrifos mencionados anteriormente, com exceção da Oração de Manassés e dos dois livros de Esdras. Isso foi rejeitado pelos protestantes, que aceitavam como inspirados, e continuam aceitando, somente os 39 livros do A.T admitidos pelo Concílio de Jâmnia. Os livros apócrifos eram colocados num apêndice nas Bíblias Protestantes, mas depois deixaram de ser incluídos, deixando a Bíblia assim como está hoje.
É por esse motivo que até hoje existe uma diferença de sete livros e alguns acréscimos entre a Bíblia Católica e a Bíblia Protestante, livros esses chamados pelos protestantes de apócrifos e pelos católicos de deuterocanônicos. É importante observar que a Bíblia é única, não existem duas Bíblias. O que existe é Bíblias que, por erro de homens, têm livros não inspirados incluídos ou livros inspirados retirados.
Livros apócrifos da Bíblia Católica: Acréscimos a Daniel e a Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, I e II Macabeus, Tobias, Judite e Baruque.
7. Traduções da Bíblia
7.1. Línguas originais da Bíblia
A Bíblia não foi escrita em Português. O Antigo Testamento foi escrito em Hebraico e Aramaico, e o Novo Testamento foi escrito em Grego. Vamos conhecer um pouco cada um desses idiomas:
Hebraico: A língua Hebraica foi falada pelos israelitas durante a sua independência. Sendo por eles consideradas a “língua sagrada”. No A.T. é chamada “a língua de Canaã”, ou a dos Judeus (Isaías 19:18; 2 Reis 18:26-28). Há quem afirme que o Hebraico é o idioma original de toda a humanidade.
Aramaico: O Aramaico foi o idioma falado pelos Judeus após o cativeiro. Era a língua falada por Jesus e seus discípulos. Foram escritos neste idioma importantes textos do A.T. e algumas frases do N.T.
Grego: Idioma falado pelos Gregos, os Judeus do N.T. e todo o mundo mediterrâneo. Esse idioma serviu fortemente na propagação do evangelho na era Apostólica.
7.2. As traduções
Sendo a Bíblia a Palavra de Deus para todos os homens, ela não poderia ficar limitada aos idiomas originais. Era necessário, portanto, que a Bíblia fosse traduzida para outras línguas. E durante os séculos a Bíblia foi traduzida para vários idiomas e hoje está traduzida em mais de mil línguas.
Porém, traduzir a Bíblia não é uma coisa tão simples como pode parecer. Primeiro, porque os idiomas em que foi escrita são antigos e nem sempre é fácil determinar o significado exato das palavras. Segundo, porque todos os manuscritos originais da Bíblia já não existem mais. Hoje só temos cópias.
Os manuscritos mais antigos do Velho Testamento que temos hoje em dia datam de cerca de 900 d.C! Apesar disso, podemos confiar na exatidão desses manuscritos. Dizem que esses manuscritos são exatamente iguais aos originais, sem nenhuma letra sequer a mais ou a menos. E entre os manuscritos do Velho Testamento que temos hoje em dia, em Hebraico, não há nenhuma diferença sequer. Já os manuscritos do Novo Testamento mais antigos datam do século V d.C, mais ou menos. Porém, existem hoje mais de dois mil manuscritos do Novo Testamento, e alguns apresentam diferenças entre si.
7.3. Versões e traduções para o Português
Existem várias traduções e versões da Bíblia na Língua Portuguesa. As principais são: Revista e Corrigida, Revista e Atualizada, Corrigida e Fiel (todas baseadas na tradução de João Ferreira de Almeida), Nova Tradução na Linguagem de Hoje e Nova Versão Internacional.
2º Estudo: Como Ler e Estudar a Bíblia Sagrada
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”
(João 5:39).
Antes de mais nada, temos que entender que a Bíblia foi escrita para que até a pessoa mais simples entendesse. Apesar de ter fama de livro complicado, com linguagem e entendimento difícil, a Bíblia pode ser entendida por qualquer cristão. Deus não escreveu a Bíblia somente para teólogos e pessoas intelectuais. Ele a escreveu também e principalmente para os cristãos mais simples (Salmos119:130).
Sendo assim, porque muitas vezes não conseguimos entender a Bíblia? Apesar de poder ser entendida por qualquer cristão, algumas coisas são necessárias para que possamos ler e estudar a Bíblia corretamente. É sobre isso que estaremos tratando nesse estudo.
A Iluminação do Espírito Santo
Iluminação é a capacidade que o Espírito Santo dá aos crentes que estão num relacionamento correto com Deus para entender a Bíblia(I João 2:27). Essa capacidade admite tamanhos, podendo ser grande ou pequena. O tamanho da iluminação de um determinado crente depende de sua santidade, comunhão com Deus, etc. Portanto, ela pode ser prejudicada pelo pecado.
A iluminação é absolutamente necessária para o correto entendimento da Bíblia. Sem ela de nada adianta a capacidade intelectual da pessoa que a examina; por mais inteligente que seja, não conseguirá entender o verdadeiro significado. Por outro lado, um crente simples, semi-analfabeto, mas iluminado pelo Espírito Santo, irá entender a Bíblia claramente.
Quando um cristão se aproxima da Bíblia para lê-la, deve antes se aproximar de Deus pela oração, pedindo a direção e iluminação do Espírito Santo. A oração está intimamente ligada com a iluminação. Isso significa que uma leitura da Bíblia sem oração não terá a iluminação do Espírito Santo. A oração deve estar presente em todo o momento da leitura e estudo da Bíblia.
A Bíblia deve ser lida e entendida
A leitura da Bíblia não pode ser feita separada de um estudo, ainda que pequeno. Ler a Bíblia só para cumprir uma obrigação, superficialmente, sem meditar ou entender o que foi lido não traz proveito nenhum. Para um correto entendimento de uma determinada passagem da Bíblia podemos seguir algumas regras básicas:
Regra fundamental: A Escritura é explicada pela Escritura. A Bíblia interpreta a própria Bíblia.
1- Descubra quem escreveu/falou a passagem e para quem foi endereçada (Ex: Gamaliel)
2- Analise o que a passagem diz
3- Leia o contexto da passagem analisada
4- Compare a passagem analisada com outras que tratam de um assunto parecido
5- Conclua, com base nesses passos, qual o significado da passagem
A Bíblia deve ser lida e aplicada na vida diária
A leitura da Bíblia tem um objetivo: levar o leitor a praticar o que a Bíblia ensina. Se a leitura da Bíblia for feita somente intelectualmente, com o objetivo de adquirir conhecimento, então ela não terá valor nenhum. Tudo o que for aprendido pela leitura e estudo da Bíblia deve ser aplicado na vida diária (Tiago 1:22).
A Bíblia deve ser lida do início ao fim
Essa declaração pode assustar a alguns, mas é a pura verdade. Quando Deus escreveu a Bíblia Ele o fez para que a lêssemos de capa a capa. Tanto que a Bíblia originalmente não tinha divisão em capítulos e versículos. Quando alguém ia ler uma epístola de Paulo, por exemplo, lia do começo ao fim. Sendo assim, podemos dizer que erram grandemente aqueles que se contentam em abrir a Bíblia aleatoriamente, achando que Deus vai falar com eles por meio do primeiro versículo que aparecer. Esse costume é apenas um escape para pessoas que têm preguiça de ler a Bíblia de verdade. Além do mais, esse costume tem mais a ver com sorte e azar do que com Deus (Ex: Cantares 8:8).
Alguns podem achar que a Bíblia é um livro tão longo que lê-la inteira parece uma tarefa impossível. Mas se seguirmos algumas regras tudo fica mais fácil:
1- Comece a leitura pelo Novo Testamento
2- Leia e medite em um capítulo da Bíblia todos os dias (assim você terminará o Novo Testamento em menos de um ano)
3- Leia os livros e capítulos do Novo Testamento na ordem, do início ao fim
4- Terminando a leitura do Novo, passe para o Velho Testamento
5- Marque versículos à medida que você for lendo a Bíblia
6- Decore pelo menos um versículo diferente todos os dias
7- Faça leitura livre
8- Não guarde dúvidas no seu coração
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