Três pacientes com ebola fugiram de uma unidade de tratamento
em Mbandaka, na República Democrática do Congo, na
segunda-feira (21). Os doentes contaram com a ajuda de familiares,
que exigiram que eles fossem levados para locais religiosos, de
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dois deles
morreram. O terceiro voltou para o hospital.
A República Democrática do Congo vive um surto de ebola, decretado
em 8 de maio. Desde então, segundo a Organização Mundial da
Saúde, 58 casos foram registrados, com 27 mortes. É o nono
surto de ebola do país. O temor é que a doença se espalhe
rapidamente em Mbandaka, cidade com um milhão de habitantes.
O caso dos três pacientes que abandonaram o isolamento
representa
um desafio para equipes de saúde, que estão lutando para
interromper a propagação da doença, altamente contagiosa,
segundo a repórter da BBC no país, Anne Soy.
Não há cura conhecida para o ebola. O isolamento dos pacientes
é a principal forma de manter a doença sob controle. O contágio
acontece quando fluidos corporais (como sangue, suor, urina ou
fezes) de um indivíduo infectado tocam alguma das membranas
mucosas de alguém que não está contaminado (olhos, orifícios
nasais, boca, feridas abertas).
Outro entrave ao controle é que ainda há quem acredite que o ebola
não representa uma ameaça ou pode ser tratado com ajuda de
curandeiros e práticas religiosas tradicionais. A falta de informação
dificultou o combate à epidemia entre 2013 e 2016, no Oeste da África,
que vitimou mais de 11,3 mil pessoas.
Como os pacientes fugiram?
Os familiares dos pacientes foram até o centro de tratamento,
administrado pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF), e exigiram que
os doentes fossem levados para centros de orações, segundo Eugéne
Kabambi, funcionário da OMS. Na confusão, os doentes foram, então,
retirados do local de moto.
A polícia ordenou uma busca pelos pacientes. Um deles foi encontrado
morto em casa. Seu corpo foi removido, para que fosse realizado um
enterro seguro. Outro paciente foi levado de volta ao hospital na
terça-feira, ainda com vida, mas morreu no mesmo dia, segundo os
Médicos Sem Fronteiras.
As famílias dos três pacientes estão sendo monitoradas.
As equipes médicas estão fazendo esforços para convencer os
pacientes a não deixarem o centro de saúde e continuarem o tratamento.
"Mas a hospitalização forçada não é a solução para essa epidemia.
A aderência dos pacientes é primordial", disse a organização em um comunicado. "Isso é um hospital. Não é uma prisão, nós não podemos
trancar tudo", afirmou Henry Gray, chefe da missão do MSF em
Mbandaka.
A situação está sob controle?
O início do atual surto de ebola na República Democrática do Congo
foi registrado cerca de 100 quilômetros ao sul de Mbandaka. A
propagação do ebola de áreas rurais até a cidade espalhou temores
de que a doença estivesse caminhando rumo à capital do país,
Kinshasa, e para países vizinhos.
A OMS afirma que o surto tem potencial de se expandir. "Nós
estamos na berlinda", disse Peter Salama, chefe de respostas de
emergência da OMS, em uma reunião especial para discutir a crise
em Genebra."As próximas semanas serão determinantes para avaliar se esse surto irá se expandir para áreas urbanas, ou se nós conseguiremos mantê-lo sob controle", acrescentou Salama.
Trabalhadores de saúde começaram uma campanha de imunização
para deter a propagação do vírus da ebola, em 21 de maio. Uma
vacina experimental está sendo usada de forma limitada.
https://g1.globo.com/bemestar/ebola/noticia/pacientes-com-ebola-fogem-do-isolamento-e-vao-a-igreja-na-republica-democratica-do-congo.ghtml
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