O Novo Testamento está cheio de mandamentos para obedecermos. Cheio deles. O Sermão do Monte não é uma exceção. Algo como 66 comandos saíram da boca de Jesus, ao nos chamar, como seu povo, para vivermos uma vida em harmonia com o evangelho.
As bem-aventuranças, a introdução de Jesus ao Sermão do Monte, são uma história diferente. Lá você não encontrará um imperativo sequer. Nenhum.
Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.
Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus
Nenhum comando aqui
Jesus não nos diz para sermos pobres de espírito, chorar, sermos mansos, ter fome e sede de justiça. Suas bem-aventuranças nunca exigem que sejamos misericordiosos, puros de coração ou pacificadores. E, claro, não somos ordenados a sermos perseguidos por causa da justiça. Isso nem faz muito sentido! Você não pode controlar se as pessoas vão ou não levantar suas sobrancelhas, ou seus punhos, a você, por sua fé.
Nenhum comando aqui. Apenas declarações – declarações de quem as pessoas abençoadas são e aonde essas bênçãos os levam.
Então, o que Jesus está fazendo aqui, ao apresentar o maior sermão de todos os tempos? Se ele não está nos dando uma lista para alcançarmos o que nos levará a uma vida abençoada, se ele não está nos dando os degraus da escada que sobe em direção a verdadeira satisfação com Deus, se ele não está nos dizendo o que devemos fazer a fim de experimentar a vida no reino – então o que ele está fazendo?
O que acontece quando a graça opera
O contexto deixa claro que Jesus está descrevendo o que acontece na vida de uma pessoa quando ela passa a entender a graça de Deus no evangelho (ver Mateus 4.23).
A graça de Deus no evangelho mostra sua falência moral e espiritual. Você deve ser pobre de espírito se a cruz é o que foi necessário para resgatá-lo.
A graça de Deus no evangelho faz você chorar. Saber que seu pecado pregou Jesus na cruz parte seu coração.
A graça de Deus no evangelho te faz manso. Como você pode ser desconfiado e ficar na defensiva agora que viu Jesus morrer por você? Não há nada em você que valha a pena defender.
A graça de Deus no evangelho te permite ver o quão faminto e sedento pela justiça que vai abrir a porta para a aceitação de Deus. Jesus é a justiça dada livremente a você como um presente.
A graça de Deus no evangelho te faz misericordioso. Como você pode enforcar seu próximo pelo que ele lhe deve, quando ambas as mãos já estão ocupadas recebendo a misericórdia de Jesus Cristo?
A graça de Deus no evangelho te faz puro de coração. Saber que Deus o aceitou com base no sangue e na justiça de Jesus o libera para viver honestamente diante de Deus e das pessoas, admitindo quem você realmente é e como está desesperado por Cristo.
A graça de Deus no evangelho te leva a ser um pacificador. Sua experiência da graça de Deus coloca tanta alegria em seu coração que você não pode evitar de contar aos outros como eles podem estar em paz com Deus.
E, finalmente, experimentar a graça de Deus no evangelho vai te fazer ser perseguido. Há algo simultaneamente belo e repugnante em uma vida centralizada no evangelho. No coração humano caído, há uma profunda aversão à salvação que não se baseia em nosso próprio mérito – se não temos que ganhar nosso lugar ao sol, não vale muito a pena. Então, quando não cristãos ouvem que todos os seus esforços para se tornarem aceitáveis a Deus são um desperdício galáctico de tempo, ficarão com raiva, e nós seremos o objeto dessa raiva.
A graça de Deus produz duas respostas: paixão ou fúria. Aqueles que estão apaixonados pela graça de Deus mostram a beleza das bem-aventuranças. Aqueles que estão furiosos com ela atacam aqueles cuja existência representa a futilidade de seu projeto de auto salvação.
Autor: R. W. Glenn Traduzido por Josie Lima | iPródigo
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