Se tem algo de que não gosto é que o meu carro seja fechado por outro motorista que não sinaliza com a seta. Meu Jesus, me sobe um fogo consumidor vingativo, só contido quando o novo homem, a nova natureza que o Senhor implantou em mim na minha conversão, toma conta das emoções, e diz: "Calma, Saraiva, olha o domínio próprio!" Não sei qual a relação que há entre um acelerador e a seta, mas sei que, toda vez que sinalizo ultrapassar pela esquerda, o motorista de trás, que estava tranqüilo, faz questão de acelerar e me impedir. Você já notou isso? Acontece com você também? Acho que é geral! Isso vale uma tese de mestrado!
Contudo, duro mesmo é quando VOCÊ tem que ser o réu, isto é, quando acontece o que me aconteceu no último final de semana: queimou a seta do meu velho Astra 95! Eu não queria dar o carro na mão de outro eletricista, então decidi aguardar a segunda-feira e ficar com o carro sem seta durante o domingo. Que barbaridade! Antes tivesse consertado no sábado mesmo!
Entrar na frente dos outros sem sinalizar, fazer conversões sem acender a luzinha da seta, foi um martírio pra mim! A impressão que dava é que um montão de outros "eus" estavam olhando raivosos para mim, apontando os dedos, a dizer: "você me fechou, seu barbeiro!" E eu me imaginava pedindo desculpas, explicando a situação... Mas não encontrei ninguém assim, a cobrar uma justificativa. Quando passava próximo de outros motoristas, eu quase me abaixava, de vergonha! Por causa de uma seta! Então pensei: será que eu não envergonhei alguém também, que, por um infortúnio do carro, não podia dar seta, e eu não compreendi? "Um dia da caça, outro do caçador, meu bem". Agora agüente...
Criticar é fácil. Temos dedos fáceis nas mãos, aptos para acusar sem piedade. O difícil é sermos acusados e não devermos! Como é difícil ficar do outro lado da mesa, ouvir, ao invés de falar; ficar sem graça, ao invés de deixar sem graça; ser punido, ao invés de punir, ou de ser injustiçado...
Cristo nos disse: "Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão." (Lc 6:37). Acredito que, conquanto o meu sangue tenha fervido em outras ocasiões, fui absolvido pela Providência, porque ninguém me incomodou, a não ser a minha consciência! Ufa! Já é o bastante! E a culpa nem minha era!
Coloquei-me no lugar de pessoas que são duramente acusadas, e sem provas! Pessoas que perdem o emprego, por causa de difamações impiedosas! Pensei nas esposas ou maridos, vítimas de maledicência, que têm seus relacionamentos abalados, por causa de pessoas infames e maldosas, semeadores de contendas. Aliás, Provérbios 6-16:25 fala de seis coisas odiadas pelo Senhor, e a sétima, abominada por Ele :"..., A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos." Deus odeia esse tipo de língua! Esse não é o "dom de línguas", mas "o dom de linguarudo", cujo espírito inspirador vem dos quintos dos infernos! Deus me livre! Ô bicho ruim!
Antes de condenar, procuremos encontrar razões justificatórias plausíveis, porque, algum dia, nós é que iremos precisar de misericórdia, e, se não tratamos com ela em relação aos outros, será bom nos prepararmos para o pior... Diz a bíblia: "Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo." (Tg 2:13). Vamos lá! Ser um pouco condecendente não vai matar a nenhum de nós! E tem promessas bíblicas para esse tipo de bondade: "Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo." (Lc 6:38)
Bom, espero que ninguém fique preocupado comigo ao volante: a seta do carro já foi consertada, e o motorista é crente! Ô, glória!
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