O bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e ministro do governo Dilma Rousseff, Marcelo Crivella, publicou um artigo no site oficial da igreja falando sobre o alcoolismo.
Crivella prega contra o vício do álcool em seu texto, e afirma que “ele destrói suas vítimas, sem que elas percebam”.
Contando uma história, segundo ele verdadeira, o ministro Crivella relatou o caso de um trabalhador que saiu do interior rumo a São Paulo para construir carreira, e anos após, quando já havia conquistado sua família e casa própria, se tornou viciado na bebida, o que o levou a perder o emprego e tudo à sua volta.
“A palavra álcool é de origem árabe e significa sutil. Realmente, não há nada que seja mais sutil do que a bebida alcoólica. Ela entra em qualquer ambiente e frequenta desinibidamente todas as classes sociais”, afirma o bispo.
Crivella escreve que “quando o sujeito está triste, bebe para esquecer. Quando está alegre, bebe para comemorar. Se está calor, toma uma geladinha. Se está frio, uma dose para esquentar. Lá está a maldita sutileza. Vai chegando devagar, passo a passo, para tomar o seu lugar”.
A bebida, segundo Crivella, está em todos os lugares: “Está presente na confraria miserável dos mendigos, debaixo das pontes, como também é convidada de honra nos grandes bailes, nos palácios e nas recepções aos líderes de Estado”.
O líder da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, afirmou durante pregações que bebe cerveja, e que isso é uma questão pessoal. Em seu texto, Crivella afirma que o vício no álcool é “sutil” e “maldito”.
Confira abaixo a íntegra do artigo “Mestre Zé, Rita e Rosinha”, do bispo e ministro Marcelo Crivella:
A palavra álcool é de origem árabe e significa sutil. Realmente, não há nada que seja mais sutil do que a bebida alcoólica. Ela entra em qualquer ambiente e frequenta desinibidamente todas as classes sociais. Não só está presente na confraria miserável dos mendigos, debaixo das pontes, como também é convidada de honra nos grandes bailes, nos palácios e nas recepções aos líderes de Estado.Quando o sujeito está triste, bebe para esquecer. Quando está alegre, bebe para comemorar. Se está calor, toma uma geladinha. Se está frio, uma dose para esquentar. Lá está a maldita sutileza. Vai chegando devagar, passo a passo, para tomar o seu lugar.Foi assim que a bebida entrou na vida de José Severino da Silva, um jovem do interior que veio tentar a sorte na cidade de São Paulo. Ele deixou o Ceará com o sonho de se tornar rico. Seu primeiro emprego foi de servente de obra. Era um rapaz forte, de boa vontade e rápido para aprender.O velho pedreiro e o experiente carpinteiro de formas brigavam para ter o Zé como ajudante. Foi assim que ele aprendeu todas as profissões na construção, formou-se na escola da vida e na prática do trabalho se fez mestre de obras.Ganhando melhor e bem ajuizado, Mestre Zé se casou com Rita dos Anjos e construiu sua própria casa. Não era de luxo, mas estava longe de ser um barraco qualquer. Era um sobradinho jeitoso, de frente para a pracinha do bairro, com um muro bem pintado e um jardim sempre florido. Era mesmo o que se pode chamar de um lar feliz.A família aumentou com a chegada de Rosinha, a primeira filha. Ela recebeu o nome da avó, a mãe do Zé, numa homenagem merecida à memória da falecida senhora.Zé, Rita e Rosinha viviam uma vida simples, mas cheia de paz e fartura. Até que um dia, após o serviço, Zé parou no bar, a convite dos amigos. Maldita hora!Entre conversas, risos e músicas, a bebida foi chegando, tomando lugar no seu sangue, acendendo-lhe os olhos, impondo seu gosto, seu cheiro, seu ardor, com os quais construiria mais tarde as muralhas da prisão do vício e da dependência.As visitas ao bar foram ficando mais constantes. De duas a três vezes por semana, passaram a ser. Zé, que costumava estar em casa por volta das sete, para jantar com a família e assistir ao filme da TV, agora não chegava antes das dez, distante, trôpego, fingindo que nada havia acontecido.O fim do dia, que marcava com alegria na vida de Rita e Rosinha a volta do pai para o lar, passou a ser momento de angustiada espera, de debruçar na janela, de ficar de pé no portão, olhando de um lado para o outro.Zé já não podia ficar sem a bebida. Ia para o bar todo dia, principalmente nos finais de semana. Aí mesmo é que a bebida já o tomava desde cedo. Possuído pelo vício, começou a chegar atrasado na obra. Ficou desinteressado e perdeu a voz de comando. Errava em coisas simples e se esquivava do serviço.Não precisou de muito tempo para perder o emprego e mergulhar a família na crise financeira. O dinheiro da indenização foi quase todo para pagar dívidas no bar. Agora, desempregado, Zé se entregou de vez ao vício. De Mestre Zé passou a ser chamado de “Zé Cachaça”, “Zé Bebum”, um “Zé” qualquer, nome desses que se dá ao pobre infeliz que cai nas garras do alcoolismo.A casinha, bem construída, era uma tristeza só. A pintura ficou suja, o portão caiu e o jardim era puro mato. A televisão, o estofado, as cortinas… Foi tudo sendo, pouco a pouco, vendido para saldar as dívidas contraídas nas bebedeiras.Rita, amargurada, carregava sozinha a vergonha diante dos vizinhos. As contas atrasadas, o pede aqui e ali para remediar a situação. Alguém já disse, sabiamente, que a mulher de um alcoólatra é uma heroína e merece uma estátua, em escala 10 por 1, no centro da praça pública.Aquela aparente alegria das primeiras visitas ao bar transformaram a vida do Zé. A bebida mostrou suas garras cruéis e dilacerou sua vida, seu destino e a felicidade de sua família.Mas o pior ainda estava por vir. Um dia, quando ele bebia como de costume, alguém veio lhe chamar com a notícia de que sua filha Rosinha ardia em febre. Precisava de sua atenção e providência urgente.Os mensageiros foram muitos, desde cedo até o anoitecer. Mas Zé adiava sua ida para “daqui a pouquinho”, “já vou”, “dois minutos”.Combalida pelas vicissitudes da vida, pela ausência do pai, pelos dias de pouco ou quase nada, a linda Rosinha agora era pele e osso. Seu corpinho indefeso foi vítima da tuberculose impiedosa que, sorrateiramente, alastrou-se por seus pequeninos pulmões.Tarde da noite, hora do vendeiro enxotar os embriagados e fechar as portas do bar, o Zé, a passos trôpegos, tomou o rumo de casa. A certa distância viu estranhas luzes brilhando, vindas da sala. Ao se aproximar, lá estava, sendo velado, o pequeno caixão de Rosinha, cercado por pequeninas velas e flores simples. A pobre menina não resistira.Insensibilizado pelo álcool, Zé se recostou em um canto da sala, sem dar conta da tragédia que atingira seu lar. Nas horas tristes daquela madrugada, o outrora lar feliz do Mestre Zé era um velório de dor, de perda e de saudade. Nunca mais se veria o rosto de Rosinha, o brilho de seus olhos a esperar pelo pai querido no portão ou a correr pelo jardim.Quando o efeito do álcool foi, pouco a pouco, deixando a mente daquele pai infeliz, o desespero e o remorso foram lhe trazendo as trevas. Impotente para enfrentar a realidade, foi tomado pela sede louca do álcool, da busca da fuga, que crescia no seu interior.Sem dinheiro para saciar o vício, aproximou-se sorrateiramente e, antes de fecharem o pequeno caixão, arrancou dos pés de sua filha os sapatinhos novos, que haviam sido doados para o enterro. Rosinha foi enterrada descalça. Assim culminou sua curta existência.A história do Zé é verdadeira. É também verdade que, pelos muitos anos passados desde que estes fatos se sucederam nos arredores da capital de São Paulo, fugiram-me da memória os detalhes completos deste drama, razão pela quais nomes e profissões foram trocados. Mas de uma coisa jamais esquecerei: o álcool marcou para sempre a vida daquele lar, outrora tão feliz.Afaste-se, meu irmão, do sutil. Não dê a ele nenhum espaço em sua vida. Lembre-se de que ele destrói suas vítimas, sem que elas percebam.
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