A frase, retirei-a de Isaías 29:12. O profeta lamenta a infidelidade de Judá. Apesar das inúmeras revelações divinas, apontando o caminho a seguir, o povo não conseguiu ler as mensagens transmitidas pelo Senhor. Todas eram claras e definidas. Mas persistia recusa em ler o que estava escrito. Não por ausência de conhecimento e instrução, mas por rebeldia contumaz. Ao responder que não sabia ler, persistia o falso conceito de não responsabilidade. Como não sei ler, não sou responsável pelo que está escrito a meu respeito. Ledo engano! A recusa em ler não exime o recusante da culpa. Ao contrário, aumenta-lhe as consequências e responsabilidades.
Jesus faz colocação semelhante, em alguns aspectos, aos ouvintes de sua época. Eram capazes de ler os sinais meteorológicos, anunciadores de chuva ou sol, mas se recusavam a ler os sinais que apontavam o perigo em recusar a mensagem do Salvador (Mateus 16:1-3). O Mestre os denomina de hipócritas. Sabiam ler, sim. Mas só liam o que lhes interessava. Não eram analfabetos. Conheciam o texto, mas refutavam a mensagem, com a desculpa de não saber ler.
A História continua prenhe desses pseudos analfabetos. Só lêem o que lhes interessa. Recusam-se examinar o texto. Quando o lêem o fazem com segundas intenções. Levam o texto a dizer o que lhes interessa. São peritos em encontrar mensagens, onde mensagens não existem. Transformam adjetivos em substantivos. Mudam o tempo dos verbos. Advérbios passam a funcionar como adjetivos. O passivo tem conotações ativas. A leitura é truncada. A mensagem fraudulenta. Os resultados catastróficos.
A Bíblia é clara em sua mensagem. Não deixa dúvidas quanto ao seu conteúdo e significado. Mas o pecador insiste em fazer uma leitura diferente. Leitura que aprove e dê sustentação a algo que o texto não diz. É o argumento da maligna serpente. “Foi assim que Deus disse?”. “Tem certeza que as palavras proferidas pelo Senhor tem esse significado?”. Sempre é possível fazer uma releitura diferenciada. De acordo com a época e as circunstâncias, dizem.
A Bíblia afirma que Deus criou macho e fêmea. O pecador insiste em refazer o texto e dizer que é possível ter e ler outro padrão sexual entre as pessoas. Mesmo com a condenação tácita de Romanos, capítulo primeiro, persiste a leitura deturpada dos propósitos Divinos para sua criatura.
A Bíblia nos leva a ler que o casamento é monogâmico. Há que persistir a fidelidade que o faz indissolúvel. Só a morte pode promover a separação. A comodidade gerada pelo pecado insiste na leitura atual, dado as circunstâncias, que me permitem uma releitura do texto. O divórcio é aceito, necessário, viável, desejável e há que ser estimulado. A poligamia e a poliandria são válidas. Os tempos são outros, dizem. A leitura há que ser diferente. O casamento significa a união de duas pessoas de sexos opostos, que se propõem construir juntas a família. Gerar filhos. Educá-los. Zelar para que a pureza do amor permeie as relações familiares e infundam na sociedade conceitos de harmonia e responsabilidade.
A leitura moderna dispensa o casamento. O estar juntos e partilhar o mesmo teto. Por comodidade sugerem-se apenas encontros fortuitos para o prazer momentâneo, sem o caminhar a dois. À Igreja é sugerido que aceite esta nova ordem familiar e a nova leitura da constelação familiar. Por isso há que admiti-los como membros, mesmo sabendo não compartilhar o mesmo teto. Não é a Bíblia que determina a leitura que a Igreja deve fazer, mas a sociedade que impõe sua interpretação e, coage a Igreja a ler a cartilha do pecado como sendo válida.
A Bíblia afirma que um salvo jamais deva usar a justiça humana para solucionar conflitos entre irmãos. Após o caminho da conciliação e do perdão, caso não ocorra solução, busca-se um salvo mais experiente que servirá como juiz, (1ª Coríntios 6:1,5-6). Sempre há alguém na grei com discernimento suficiente para dirimir possíveis desavenças e questiúnculas entre os irmãos. Caso não exista, a solução final proposta pelo texto bíblico é sofrer o prejuízo, evitando assim que o Reino de Deus seja prejudicado pelo mau testemunho, (1ª Coríntios 6:7). Mas vemos o contrário. A vingança e o ódio terminam por determinar o caminho.
A Bíblia é clara em afirmar que não há comunhão entre luz e trevas. Não há como juntá-las. São antagônicas. Uma pressupõe a ausência da outra. Fazemos leitura diferenciada do texto. Com o acréscimo de que o incrédulo é melhor que muitos salvos. Tão bom que não há como descartá-lo. Afinal “só falta ser crente!”. Falta tudo! Pois falta o essencial. O resultado da não leitura correta é visto em vidas arruinadas. Lares esfacelados. Órfãos de pais vivos. Marcas deixadas pelo pecado da desobediência. Precisamos aprender a ler o texto bíblico. Dizer “não sei ler” não justifica e tampouco nos dá uma salvo conduto para a desobediência. Não há justificativa para a rebeldia espiritual.
A cada novo dia somos desafiados a refazer a leitura das verdades bíblicas. Pautada na gramática elaborada pelo pecado que tudo distorce. A interpretação que o pecador faz do agir Divino, não encontra respaldo na gramática divina. Deus não mudou a estrutura da sua mensagem. Não “escreve direito por linhas tortas”. Mas sim, escreve certo por linhas certas. A soberania Divina não permite ao Senhor adequar as verdades da sua Palavra à mutação do tempo dos homens. O que era válido no princípio continua válido hoje. O que era correto continua verdadeiro hoje.
Não vale dizer o “Senhor me falou”. Quando assim procedo elimino a ação de Deus na interpretação da história e do texto. A desculpa de que “não sei ler” não nos exime da responsabilidade de interpretar o agir Divino corretamente. Peçamos a Deus sabedoria, não só para ler a mensagem bíblica, mas para vivê-la em sua essência máxima. Deus continua realizando obra maravilhosa no meio do seu povo. Obra que destrói a sabedoria dos sábios e faz com que o entendimento dos prudentes se esconda (Isaías 29:14). Quero aprende a ler o que Deus está escrevendo na história dos homens hoje. Não posso errar. Não posso ser analfabeto quanto às verdades divinas.
por: Pr. Julio Oliveira Sanches
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