O prefeito José Camilo Zito dos Santos (PP) vai ter que se explicar ao Ministério Público Federal (MPF). Ao ter deixado na mão cerca de 800 servidores públicos, que confiaram no governo para contrair empréstimos com desconto em folha com a Caixa Econômica Federal (CEF), Zito complicou ainda mais a sua administração. O MPF quer saber o porquê de o dinheiro descontado dos servidores não ter sido repassado para a CEF — como isso não foi feito, os servidores públicos tiveram seus nomes inscritos no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
Como o calote dado pela Prefeitura de Caxias foi em uma empresa pública federal, o caso só pode ser investigado pelo MPF. Em nota, o órgão informou que, a partir da reportagem exibida quinta-feira pelo “RJ/TV - 1 Edição”, o MPF abriu um procedimento administrativo, uma etapa inicial para a apuração dos fatos, que pode se desdobrar para uma ação judicial.
O caso está na Procuradoria da República em São João de Meriti. O funcionário público que quiser fazer uma representação que sirva como prova de investigação poderá se dirigir até a sede do MPF na Baixada Fluminense, que fica na Rua Getúlio de Moura, nº 261, no Centro de São João de Meriti. Ou entrar em contato com a Procuradoria pelo telefone 2753-7900.
Sobre a falta de repasse dos empréstimos consignados para a Caixa, a Prefeitura de Caxias informou que, até o dia 11 de dezembro, irá saldar as pendências com os valores arrecadados nos últimos dois meses. Ainda segundo a prefeitura, o problema ocorreu pela queda de arrecadação do município no fim deste ano. Mas o governo não explicou o que foi feito com o montante descontado da conta dos funcionários.
Enquanto isso, quem pegou e pagou pelos empréstimos sofre agora as consequencias. Os servidores, além de terem sido taxados de mal pagadores por comerciantes, terão que consertar o erro do governo municipal por conta própria.
A CEF informou que, para que os funcionários lesados tenham o seu nome retirado do SPC, é preciso ir até uma agência com os contracheques comprovando os descontos em folha.
Educadora diz que vai cancelar comemorações
Funcionária pública há 23 anos, Lucia Maxmiano, de 54 anos, afirmou ontem que a inclusão do seu nome no SPC lhe causou tantos transtornos que não terá como receber ninguém em sua casa para as festas de fim de ano. Com as obras de seu imóvel atrasadas, Lucia disse que não há como se preparar para as comemorações, pois com o nome sujo, sem crédito no comércio, não tem como fazer compras e finalizar os reparos que são necessários.
— Todos os comerciantes da região estão sabendo o que a prefeitura fez com seus funcionários. Por isso, ninguém quer fazer negócio com servidor público de Caxias. Vou entrar com um processo na Justiça pedindo reparação, pois isso não pode ficar impune — reclamou Lucia.
A educadora só soube que estava com o nome no SPC ao ser surpreendida quando tentou fazer um crediário para a compra de um armário.
— Morri de vergonha e só efetuei a compra graças à boa vontade da minha cunhada, que foi até a loja e assumiu a compra no meu lugar. Eu não devo nada à Caixa Econômica. Isso é um absurdo. Estou queimada na praça sem culpa — disse a professora.
Lucia, que dedicou a vida profissional ao município, sente-se desamparada:
— De que adiantou tanta dedicação? Estou torcendo para o 13 ser pago.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/baixada-fluminense/ministerio-publico-federal-vai-investigar-desvio-de-salarios-de-funcionarios-com-emprestimo-com-cef-em-caxias-6897465.html#ixzz2E2Db5JcQ
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