Em Maringá, no norte do Paraná, a Casa de Missão Amor Gratuito já acolheu cerca de 200 pessoas, principalmente LGBTs, nos seus sete anos de existência. A maioria dessas pessoas estava em situação de rua.
O projeto original do abrigo surgiu em Umuarama, no noroeste do estado, em 2004. Foi ideia do pastor Célio Camargo dos Santos, de 42 anos, que foi expulso de uma igreja evangélica por ser gay.
Hoje ele faz parte da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM), que defende a chamada “teologia inclusiva”, que não vê pecado nas relações homoafetivas. “O pecado é a falta de amor. Na mesa de Jesus todas e todos são aceitos. As pessoas genitalizaram o pecado. A gente trabalha para derrubar muros e construir esperança”, acredita Santos.
Ele mudou-se para Maringá em 2010, após a morte da mãe Rita de Camargo, aos 70 anos, vítima de um infarto fulminante nos braços do filho. “O último pedido dela foi para que eu seguisse a minha missão de ajudar as pessoas”, explica.
O líder religioso conta que teve muitos problemas na igreja que frequentava. “Eu tentei me matar aos 16 anos e tenho sequelas disso até hoje. Cheguei a ser exorcizado várias vezes.”, conta.
Apesar de defender uma teologia, no mínimo, controversa, a disposição do pastor em ajudar pessoas com necessidade chama atenção. No momento, a casa de três quartos e quintal grande onde ele mora abriga 11 pessoas. Vivem ali, vários homossexuais com seus companheiros, mas também há o caso de Aline Honório, de 28 anos, que foi para lá com o marido e os dois filhos, de um ano e quatro meses e 4 anos.
Eles viviam em Salto Grande-SP, na divisa com o Paraná, mas saíram em busca de emprego e de um futuro melhor para os filhos. Acabaram ficando sem ter onde morar até serem acolhidos por Célio. “Gostamos muito daqui. Nunca imaginei que seria desse jeito. Já me perguntaram o que eu estava fazendo aqui com meus filhos. Eu digo que essa casa fez a gente conhecer o que é família”, explica Aline.
O fundador do abrigo conta que o projeto vive de doações. Geralmente ganha alimentos e roupas, mas tem dificuldades para pagar as contas, mas não pensa em desistir. “Muitos chegam aqui com a roupa do corpo”, conta. Ao falar sobre sua opção, Célio, que mora com o companheiro na casa-abrigo, diz apenas que: “O amor é cura para esse mundo com tanto preconceito e discriminação”. Com informações G1.
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