Personagens, situações e cenários da Amazônia farão parte da nova temporada do programa “Conexões urbanas”, que estreia no canal pago Multishow no domingo, dia 14, às 22h (hora local). Os novos episódios revelam conflitos de terra na Região Norte, o trabalho da Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (OELA) e o dia a dia de policiais das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), entre outros temas como Lei Seca, homofobia e mundo gospel.
As gravações na Amazônia iniciaram no dia 24 de maio marcadas por uma tragédia anunciada: o assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro e sua esposa, Maria do Espírito Santo, que já vinha recebendo ameaças de fazendeiros e de madeireiros ilegais.
“Vínhamos a Manaus para fazer a OELA, e aproveitando isso faria também o Zé Cláudio, mas chegando aí as coisas começaram a mudar”, recorda José Junior, produtor executivo e apresentador do programa, em entrevista por telefone a A CRÍTICA. O fato, segundo ele, marcou toda a experiência dele e da equipe – formada por 11 pessoas – na região. “O assassinato do Zé Claudio foi um sinal de que esta seria a mais espiritual de todas as edições do ‘Conexões urbanas’. Na Amazônia encontramos com gente de verdade, gravamos sobre mortes, mas também sobre vida”.
Episódios
A aventura de Junior na região aparece já nos três primeiros episódios do “Conexões urbanas” – que formam a “Trilogia da Terra” e falam de temas como a violência dos conflitos de terra e a relação homem-natureza. Os episódios trazem entrevistas de Junior com anônimos – caso do jovem Douglas, de 17 anos, do Tupé – e famosos – entre eles Carlos Minc e Marina Silva, ex-titulares do Ministério do Meio Ambiente, e Sérgio Laus, recordista mundial de surfe na pororoca.
O décimo episódio da temporada (veja lista com datas de exibição) é dedicado à OELA. “Hoje se fala muito de sustentabilidade, e lá se fazem instrumentos com madeiras certificadas. Entre os alunos mesmo há gente que vive em áreas violentas e são luthiers de alta qualidade. E quando o Príncipe Charles resolve conhecer um projeto da região e escolhe a oficina, não é à toa”, salienta Junior.
Em Manaus, o apresentador encarou pautas inesperadas, como um plantão com uma equipe da Rocam. Junior se disse impressionado com a degradação dos dependentes químicos nas ruas e com o fato de “boqueiros” trocarem até roupas velhas por drogas. De positivo, ele cita a amizade com os policiais, liderados pelo tenente Alberto. “Foram horas intensas, e isso gerou uma amizade. Quero trazer os quatro para o Rio, para eles palestrarem quando formos lançar o programa em favelas”, adianta.
Abrir a lente
Levar a Amazônia à televisão, segundo o apresentador, é uma forma de difundir as imagens e experiências de vida daqui por todo o Brasil. “Não dá para viver num País continental e olhar só para o umbigo de São Paulo ou Rio de Janeiro”, afirma ele. “Tem coisas do respeito do homem pela natureza que mostram que temos muito que aprender com as pessoas daí. Cada vez mais quero fazer essa conexão – por exemplo, mostrar que o melhor trabalho social de luthiers é no Amazonas. Temos obrigação de montar uma rede e divulgar coisas no sentido de aprender com esses homens e mulheres”.
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