Uma decisão tomada pela Igreja Evangélica Luterana da Saxônia, na Alemanha, vai permitir que pastores homossexuais vivam com seus parceiros na casa pastoral de uma comunidade. A decisão foi tomada no final da semana passada pelo Sínodo (parlamento) da igreja, que chegou a um acordo após meses de debate.
O Sínodo manteve a união entre um homem e uma mulher como o modelo ideal para a vida pastoral, como concessão àqueles que exigiam a manutenção da atual norma, datada de 2001 e que proíbe casais do mesmo sexo de ocuparem a casa pastoral. Porém passou a permitir que, em “casos excepcionais”, religiosos homossexuais ocupem a casa pastoral, desde que tenham a aprovação da direção da comunidade.
A decisão dividiu opiniões dentro da igreja, que foi a terceira das igrejas regionais que formam a Igreja Evangélica da Alemanha (EKD, na sigla em alemão) a decidir sobre a questão. Antes da Igreja Evangélica Luterana, as Igrejas Evangélicas de Baden e de Württemberg, também haviam decidido a favor dos pastores homossexuais em “casos excepcionais”.
O pastor Christoph Wohlgemuth, de Chemnitz se diz aliviado com a decisão e compara o processo de decisão da igreja com sua própria luta pra se assumir homossexual. “Foi uma luta de um ano”, afirmou. Wohlgemuth atualmente trabalha num hospital e mora numa casa particular, mas com as novas regras sua situação pode mudar.
Segundo a Deutsche Welle, o estudante de teologia David Keller, que é contrário a decisão, afirma que homossexuais nem deveriam ser autorizados a exercer o sacerdócio ou assumir cargos eclesiásticos. Keller diz ser tolerante em relação aos homossexuais, mas afirma que essa tolerância alcança um limite ético na questão das casas pastorais. A maioria dos opositores dos casais homossexuais se mostra cuidadosa ao criticar a decisão.
Com um tom diferente da maioria dos opositores, um pastor de Chemnitz, enviou uma carta às comunidades da Saxônia na qual diz que a Bíblia vê “a prática da homossexualidade como uma terrível aberração e um dos piores pecados” a despertar a ira de Deus.
Ralf Michael Ittelmann, do movimento gay-lésbico cristão de Dresden, defende a ideia de que homossexualidade e cristianismo não são contrários, e afirma que “não há nada definitivo sobre esse tema na Bíblia, que fala de práticas específicas, como a pederastia, mas não de parcerias homossexuais”.
De acordo com o porta-voz da igreja, Matthias Oelke, por enquanto a decisão não tem efeitos práticos, pois nenhum dos pastores homossexuais da igreja manifestou interesse em fazer uso do novo direito. A Igreja Evangélica Luterana da Saxônia tem cerca de 700 pastores e pastoras, e entre esses 15 se declaram homossexuais.
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