O papa Francisco desembarca hoje na maior nação católica do mundo. Nenhum outro país possui 123 milhões de seguidores da religião como o Brasil. De cada 10 pessoas, seis se dizem regidas pelo Vaticano. Mas o rápido processo de perda de fiéis deve mudar este cenário até 2040, quando evangélicos estarão em maior número.
A previsão é do professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE, José Eustáquio Diniz Alves, no estudo “A dinâmica das filiações religiosas no Brasil entre 2000 e 2010”. A estimativa da pesquisa, publicada no ano passado, continua atual, segundo o demógrafo.
Os católicos, que em 1980 eram quase 90% da população, devem representar menos de 50% já em 2030, mas ainda liderarão. Dez anos depois, estarão em menor número que os evangélicos, segundo o artigo.
O Brasil terá passado então, por um raríssimo processo de mudança da religião hegemônica, feito inédito em qualquer país de grande porte do globo no mundo moderno.
“Se você pegar a tendência dos últimos 20 anos, os católicos perdem um ponto percentual ao ano no Brasil”, afirma o pesquisador.
De acordo o Censo 2010, cujos dados são os mais atualizados, 64,6% da população hoje é católica, contra 22,2% de evangélicos.
Uma das prioridades da Jornada Mundial da Juventude, que começa oficialmente amanhã no Rio de Janeiro, é justamente aproximar a Igreja dos jovens, a parte da população que mais migrou para agremiações evangélicas e outras religiões.
Futuro não promissor
Dificilmente o processo que já se vislumbra há décadas poderá ser freado.
“Evangélicos estão mais bem posicionados entre grupos que têm maior crescimento demográfico. Só por esse fato, a diferença vai continuar. Mas isso não explica tudo”, afirma o professor Eustáquio Diniz.
O especialista se refere ao fato dos evangélicos terem hoje grande força entre os jovens e as mulheres – em idade fértil, frise-se – enquanto os católicos ainda mantêm hegemonia entre a população mais velha.
Mas, segundo Eustáquio, outros fatores explicam o sucesso evangélico.
“Eles customizam o discurso. Tem uma igreja, a Bola de Neve, que é para surfistas, tem igreja que são para gays, mas tem igreja que é radicalmente contra os gays. Ela consegue atingir diferentes públicos no país”, afirma o pesquisador.
Fonte:Abril
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