Centros de umbanda, clubes judaicos, igrejas evangélicas e anglicanas serão alguns dos locais que vão hospedar peregrinos que vem ao Rio de Janeiro, na Jornada Mundial da Juventude. Os líderes das entidades garantem que as diferentes concepções de crença não vão provocar atritos, mas sim reforçar o diálogo e a tolerância entre as diversas religiões. Até a primeira semana de julho, mais de 300 mil pessoas já estavam inscritas para participar do evento, que acontece entre 23 e 28 de julho.
O que é a JMJ |
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Criada pelo Papa João Paulo II, em 1984, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é o maior encontro internacional de jovens com o Papa. A última edição, em 2011, reuniu mais de 2 milhões de pessoas em Madri. Realizado a cada três anos, o evento mudou de data para não coincidir com a Copa do Mundo, em 2014. Leia mais |
Com o altar que inclui a imagem de Jesus Cristo, rodeada de estátuas de santos e pretos velhos, a sala principal da Casa Irmandade Batuíra e Pai Miguel das Almas, em Anchieta, no Subúrbio, será, por uma semana, a morada de 10 jovens. O coordenador do espaço, o ex-seminarista Sebastião Mauro de Sá, 62 anos, acredita que não haverá preconceito.
“Eu vou acolher independente da religião, não tem diferenciação. O peregrino vem com o objetivo dele, de ver o papa e participar de uma ação. Eu, no meu espaço, vou abrigar apenas, não vou discutir religião”, diz Sebastião, que frequentou o Seminário São José por oito anos, até seguir a umbanda.
Sincretismo religioso
O Centro Cultural Afro Ojuobá Axé, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, vai receber 70 jovens. A diretora da instituição, Luana Guimarães, conta que o sincretismo religioso faz parte do local. “Aqui oferecemos aulas de dança, capoeira, e temos frequentadores de várias religiões, como evangélicos, católicos e candomblecistas”, conta a baiana, uma das fundadoras do bloco Ilê Ayê.
O Centro Cultural Afro Ojuobá Axé, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, vai receber 70 jovens. A diretora da instituição, Luana Guimarães, conta que o sincretismo religioso faz parte do local. “Aqui oferecemos aulas de dança, capoeira, e temos frequentadores de várias religiões, como evangélicos, católicos e candomblecistas”, conta a baiana, uma das fundadoras do bloco Ilê Ayê.
O pastor Silas Esteves, da igreja evangélica Palavra Viva, vai receber uma família italiana no loteamento mantido pela congregação, em Niterói, na Região Metropolitana. Esteves, que também é professor de teologia da Shiloh University, nos Estados Unidos, acredita que o discurso do Papa no Brasil terá como tema a união.
“Na imaturidade, as diferenças causam distanciamento, mas as diferenças precisam causar a unidade. Cada parte diferente compõe o mesmo corpo. Somos diferentes, temos aspectos doutrináveis distintos, a forma de orar diferente, mas um mesmo corpo, o de Cristo”, conclui o pastor, acrescentando que fez jejum durante o conclave que elegeu Francisco para o pontificado.
Seguidores da Igreja Anglicana também vão hospedar peregrinos em suas casas, de acordo com o bispo da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, dom Philadelpho Oliveira. No dia 24, o bispo, junto com outras lideranças anglicanas, vai participar de um evento com o Papa. Se tiver oportunidade de conversar com Francisco, ele pediria diálogo com as classes discriminadas e menos favorecidas.
“Gostaria que ele olhasse com carinho para os jovens marginalizados, que trabalhasse junto na questão da tolerância com os diferentes. Me parece que ele [o papa] é uma pessoa que caminha para essa direção”, comenta dom Philadelpho, que recebeu pedidos de hospedagem de jovens da Austrália, Canadá e Estados Unidos.
O presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Jayme Salomão, afirma que os clubes da entidade podem receber atividades culturais e esportivas durante o período da Jornada. “Esse é o momento de integrar. Acho que o Brasil tem totais condições de fazer um evento que vai ter repercussão no mundo todo. Estamos buscando um futuro mais promissor, e que ele seja acompanhado de paz e harmonia”, observa Salomão.
A Irmã Graça Maria, diretora executiva do setor de hospedagem, explica que todos os lugares inscritos para receber peregrinos são vistoriados antes por uma equipe da JMJ, além de ter o aval da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge). “É um evento que estamos investindo na juventude, no nosso país, no mundo. Temos que unir forças, acolhemos todas as ofertas “, conclui a freira.
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