Por mais que afirmemos não termos
qualquer preconceito, raramente alguém vai querer ter um filho gay. Uns
por puro preconceito mesmo, mas outros, porque não suportariam ver seu
filho sendo discriminado. Penso que até casais homossexuais prefeririam
que seus filhos adotassem um comportamento hétero, pois isso os pouparia
de muito sofrimento.
E se Deus lhe desse um filho gay? Qual seria a sua reação? Você o aceitaria? Tentaria mudá-lo? E se ele fosse vítima de bullying, você o defenderia?
Talvez alguém diga: – Isso jamais aconteceria! Por que Deus me daria um filho assim?
E se o próprio Deus quisesse tratar com seus preconceitos? E se Ele
quisesse fazer de sua família uma referência para que outros pais
aprendessem a lidar com esta questão com serenidade e amor?
Há casos de pais que expulsam o filho de casa, deixando-o numa
situação tal que não lhe resta alternativa senão prostituir-se. O apoio
que não recebeu em casa é encontrado entre outros homossexuais vítimas
do mesmo preconceito.
Já ouvi falar de casos de famílias abastadas em que os pais
enviaram o filho para estudar no exterior no afã de evitar um escândalo
que maculasse o bom nome da família. Nesses casos, a reputação da
família é mais importante que o bem de um filho.
Alguns chegam a dizer que preferiam ter um filho bandido a um filho
gay. Imagine crescer ouvindo isso o tempo todo. Por isso, muitos
preferem sofrer calados, sem jamais confidenciar seus conflitos com os
seus pais e irmãos.
A igreja, por sua vez, parece não estar preparada para lidar com
isso. Em vez de trazer um discurso conciliador, a igreja provoca um
abismo quase intransponível entre o homossexual e seus pais. A igreja
está tão preparada para lidar com filhos homossexuais quanto os
discípulos estavam preparados para atender àquele pai desesperado cujo
filho possesso se lançava, ora no fogo, ora na água.
Jesus havia acabado de descer do monte com três dos Seus discípulos mais chegados, onde ouvira dos lábios do Pai: “Este é meu Filho amado, em quem tenho prazer, a Ele ouvi!” (Mt.17:5).
Agora se deparava com um pai aflito e desesperado pela condição de seu
filho. Que contraste! O que fez o Filho de Deus? Atendeu ao clamor do
pai, fazendo o que Seus discípulos falharam em fazer.
Igualmente, devemos descer de nosso pedestal moral e sair ao
encontro daqueles cujas vidas estejam aquém do padrão que consideramos
correto.
E antes que saiamos por aí exorcizando o “demônio” da
homossexualidade, devemos colocar nosso ego para jejuar. O jejum sem o
qual certas castas de demônios se recusam a sair não é o jejum de
comida, mas o jejum da presunção, do preconceito, da arrogância
religiosa. Gente que arrota santidade prefere construir seus
tabernáculos no alto do monte e manter-se separada da gentalha lá
debaixo. Com o nosso ego inflado, jamais daremos conta de exorcizar
nossos próprios demônios, quanto mais os que assombram a sociedade.
O fato de sermos declarados “amados por Deus” não nos confere o
direito de olhar com desdém para os que sofrem, não apenas por sua
condição, mas, sobretudo, pela maneira como a sociedade e a família os
tratam devido à esta condição.
O que o homossexual necessita não é de sessão de exorcismo,
terapias para voltar para o armário, sermões inflamados, mas de amor. A
igreja e a família devem oferecer um ambiente acolhedor, desprovido de
julgamentos e preconceitos.
Com que moral podemos anunciar ao mundo que temos o remédio para a
cura da homossexualidade, enquanto sequer fomos curados de nossa
homofobia? Queremos tratar o mundo, enquanto Deus pode estar querendo
tratar conosco.
O único remédio capaz de tratar tanto o homossexual (e suas feridas
existenciais), quanto o homofóbico, é o amor revelado na graça de Deus.
Amor que tudo sofre, tudo suporta e tudo crê. Amor que jamais se acaba.
Se você tem um filho homossexual, ame-o. Não desista dele (a)! Se
você é um homossexual, considere-se amado. Se não por sua família, por
Deus.
“Se meu pai e minha mãe me abandonarem, o Senhor me acolherá.” Salmos 27:10
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