Este questionamento foi e continua sendo motivação para artigos, discussões em redes sociais, fora delas, e ainda para debates acalorados por parte de espíritas. Afinal, o Espiritismo é ou não uma religião?
Uma ala informa que sim, outra galera jura que não, que não era essa a intenção de Allan Kardec, o codificador. E que se transformou em religião após chegar ao Brasil, fruto das influências do catolicismo e de outras ideias religiosas que pairavam e ainda pairam em terras tupiniquins.
Você lê um artigo ali, uma consideração acolá e fica ainda mais perdido. Afinal, o que é esse tal de Espiritismo? Uma filosofia de vida? Uma religião? Uma ciência, com bases filosóficas e fundo moral? Pois bem, há resposta para a intrincada questão, e ela está justamente com um dos seus autores.
Refiro-me a Allan Kardec. Ele tocou neste ponto, porquanto deveria ser, também, uma dúvida da turma do século 19. Imagino a cabeça de Kardec sendo bombardeada por esta questão: E aí, mestre, nós somos ou não uma religião?
Antes, porém, de deixar a palavra com Kardec, faço algumas considerações sobre o que ele pensava em relação à “comunhão de pensamentos”. Significava todos juntos, colados, num mesmo propósito, unidos na busca da construção de um mundo melhor. Segundo o codificador, os espíritas teriam de estar unidos, ideal da caridade iluminando mentes e corações espíritas. Kardec pensava assim com relação ao movimento dos espíritas.
Aliás, já havia feito algumas críticas a grupos de magnetizadores que não se confraternizavam; ao contrário, estabeleciam comemorações no mesmo dia e horário impossibilitando a participação de todos juntos, em torno do ideal de Mesmer. Mas este é papo para outro texto. Sigamos adiante.
Kardec aborda a questão do significado que damos às palavras. Qual o significado dado à palavra religião? Responder a esta pergunta parece-me fundamental para compreensão do que ele diz acerca de o Espiritismo ser ou não ser uma religião.
Num discurso proferido e publicado na Revista Espírita, edição de dezembro de 1868, Kardec informa que, no sentido filosófico do termo, que religa as criaturas ao Pai, que as une pela comunhão dos pensamentos e pela benevolência, tendo como leme a caridade pura, o Espiritismo é uma religião.
Num discurso proferido e publicado na Revista Espírita, edição de dezembro de 1868, Kardec informa que, no sentido filosófico do termo, que religa as criaturas ao Pai, que as une pela comunhão dos pensamentos e pela benevolência, tendo como leme a caridade pura, o Espiritismo é uma religião.
Entretanto, não é uma religião como se entende usualmente, com cultos e hierarquias. O Espiritismo – afirmava – não terá um padre, pastor ou rabino, por exemplo.
Allan Kardec afirma, portanto, ser o Espiritismo uma religião se entendermos religião como este religar aos bons sentimentos, a fazer todo o bem possível e, enfim, buscar ser melhor hoje do que fomos ontem. Uma ligação direta com Jesus!
Se este é o real sentido que damos à palavra religião, podemos afirmar, sem medo, que somos membros da Religião Espírita. É o que diz a maior referência do Espiritismo: Allan Kardec.
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