Papel de parede volta de Jesus
"ENTREGA TEU CAMINHO AO SENHOR, CONFIA NELE E O MAIS ELE FARA".
SALMOS 37.5

quinta-feira, 23 de março de 2017

A Origem dos Salmos



A autoria da maioria dos salmos é atribuída ao rei Davi, o qual 
teria escrito pelo menos 73 poemas. Asafe é considerado o autor de 12 salmos. Os filhos de Corá 
escreveram uns nove e o rei Salomão ao menos dois. Hemã, com os filhos de Corá, bem como
 Etã e Moisés, escreveram no mínimo um cada. Todavia, 51 salmos seriam tidos de autoria anônima.

O período em que os salmos foram compostos varia muito, representando um lapso temporal de 
aproximadamente um milênio, desde a data aproximada de 1440 a.c, quando houve o êxodo dos 
Israelitas do Egito até o cativeiro babilônico, sendo que muitas vezes esses poemas permitem
 traçar um paralelo com os acontecimentos históricos, principalmente com a vida de Davi, quando,
 por exemplo, havia fugido da perseguição promovida pelo rei Saul ou quanto ao arrependimento pelo
 seu pecado com Bate-Seba.

Poemas de louvor, os salmos foram inicialmente transmitidos através da tradição oral e a fixação 
por escrito teve lugar sobretudo através do movimento de recolha das tradições israelitas, 
iniciado no exílio babilônico pelo profeta Ezequiel (séculos VII-VI a.C.). Como tal, muitos destes
 textos serão muito anteriores, sendo bastante difícil a sua crítica do ponto de vista literário estrito.
 Ainda assim, tendo em conta a comparação com a literatura poética coeva do Egito, da Assíria 
e da Babilonia, pode-se afirmar que estes poemas de Israel são um dos expoentes da poesia universal.

Os salmos, em termos de conteúdo, possuem estrutura coerente, o que
 também pode ser observado em passagens do Antigo Testamento e em 
obras literárias do Oriente Médio da Antiguidade.

Tal como em outras tradições culturais, também a poesia 
hebraica andava estreitamente associada à música. Assim, embora 
não seja de se excluir para os salmos a possível recitação em 
forma de leitura, "todavia, dado o seu gênero literário, com razão são
 designados em hebraico pelo termo Tehillim, isto é, «cânticos de louvor»,
 e, em grego psalmói, ou seja, «cânticos acompanhados ao som do saltério».

De fato, todos os salmos possuem um certo caráter musical, que
 determina o modo como devem ser executados. E assim, mesmo 
quando o salmo é recitado sem canto, ou até individualmente ou em silêncio, a sua recitação 
terá de conservar este caráter musical.

Os salmos acabaram por constituir um hinário litúrgico para uso no templo de Jerusalem, do qual
 transitaram quer para a sinagoga judaica, quer para as liturgias cristãs.

Na Igreja Católica, os 150 salmos formam o núcleo da oração cotidiana: a chamada Liturgia das 
Horas, também conhecida por Oficio Divino e cuja organização remonta a São Bento de
 Núrsia. A oração conhecida por rosário, com as suas 150 Avé-Marias, formou-se por analogia com
 os 150 salmos do Ofício.

Vários salmos são considerados pelos teólogos como proféticos ou messianicos, pois referem-se à 
vinda do Cristo e, por isso, existem muitas citações de versos dos salmistas no Novo 
Testamento com o propósito de provar o cumprimento das profecias na pessoa de Jesus.

O Salmo 150 constituiria uma doxologia, ou arremate de louvor do livro.

Variações entre as traduções

O livro dos Salmos chegou até nós em suas versões grega (Septuaginta) e hebraica. A versão
 grega deste livro, como de toda a bíblia, foi utilizada pelos cristãos convertidos e por São Jeronimo
 na confecção de sua edição "Vulgata", tradução latina dos livros inspirados. Na Reforma 
Protestante é que se buscou os manuscritos originais hebraicos para fazer novas traduções e
 foi constatada a diferença que havia entre as duas traduções: as versões, apesar de terem 
o texto completo, diferem na numeração de capítulos e versículos.

Versículos

A versão grega costuma apresentar, na maioria dos salmos, um versículo de introdução, em que 
são atribuídas autorias e apontados instrumentos que deveriam ser utilizados ao se cantar os
 textos. Este versículo faz com que a versão hebraica tenha, nesses casos, um versículo a
 menos, uma vez que essas informações não são consideradas inspiradas por essa versão.

Capítulos

Veja a tabela abaixo:


Aplicação

No Judaísmo e no Protestantism o, a numeração usada sempre foi a hebraica.

A Igreja Católica, considerando oficial a tradução da "Vulgata", por muito tempo usou a numeração
 grega em suas bíblias. Porém, estudiosos consideram essa numeração errada, uma vez que certos 
salmos, que parecem ser um só, estão separados, enquanto outros, de assuntos bem diferentes, 
estão juntos. Vendo que a Vulgata era falha ao se basear somente num texto (Septuaginta), e no 
ínterim de novas descobertas das Escrituras (Manuscritos do Mar Morto), a Igreja permitiu 
a tradução das Escrituras diretamente dos originais (Constituição Dogmática Dei Verbum) e
 promoveu uma nova tradução e revisão da Bíblia (Neovulgata), que, desta vez, trouxe a numeração
 dos salmos a partir da versão hebraica, mas não resolveu a questão dos versículos introdutórios. 
A despeito desta nova tradução católica, é possível encontrar bíblias católicas que ainda se baseiam
 na Vulgata, por seu tradicionalismo, como é o caso da bíblia da Editora Ave Maria.

Tipos de Salmos

Os Salmos são classificados em:

a) Salmos de Louvor;
b) Salmos de Ação de Graças;
c) Salmos de Lamentação e Súplica;
d) Salmos de Sapiência.

Realizamos uma outra classificação com o objetivo prático de consulta, a saber:

1. Salmos de Louvor
2. Salmos da Realeza
3. Salmos da Realeza de Deus
4. Salmos de Ação de Graças
5. Salmos de Lamentação e Súplica
6. Salmos de Confiança
7. Salmos de Vigilia
8. Salmos Didáticos ou de Sabedoria

✑ Salmos de Louvor

Esses Salmos foram compostos para cerimônias litúrgicas. Eram cantados por ocasião das
 solenidades de Israel. Possuem caráter comunitário que se manifesta pelo uso do diálogo,
 coro, refrão, aclamação. Seus elementos característicos são: invocação a Deus, convite ao
 louvor, motivos laudatórios (que encerram louvor), bênçãos e orações.

Sob a forma de hinos, os Salmos de Louvor celebram a soberania do Criador e do Deus da aliança. 
Dividem-se da seguinte forma:

Hinos ao Criador - Salmos 8, 19, 33 e 104
Hinos ao Senhor da história - Salmos 65, 113, 114, 117, 135, 136, 145 e 150
Hinos históricos - Salmos 78, 105 e 106
Hinos litúrgicos* - Salmos 124 e 132
Cânticos de peregrinação** - Salmos 120-134
Cânticos de Sião*** - Salmos 46, 48, 76, 84 e 122

(*) - Eram saudados em grandes solenidades, como a procissão da arca da aliança.
(**) - Exaltam Jerusalém e o Templo.
(***) - Os poemas trazem a mensagem da esperança de plenitude: a vinda do Messias e do reino definitivo de Deus.

✑ Salmos da Realeza

Esses Salmos glorificam os monarcas da dinastia de Davi como representantes de Deus.

Salmos 2, 18, 20, 21, 45, 72, 89, 101, 110 e 132

✑ Salmos da Realeza de Deus

Celebram a sabedoria universal de Deus, como Rei por excelência.

Salmos 47, 93, 96-99

✑ Salmos de Ação de Graças

Nas cerimonias litúrgicas os fiéis, acompanhados de parentes e amigos, ofereciam a Deus a ação de
 graças pelos favores alcançados. Esses Salmos caracterizam-se pela invocação, convite à ação
 de graças, retrospecto sobre a aflição, relato da intervenção de Deus como salvador, anúncio do
 sacrifício de ação de graças, orações e promessa de louvor. Apresentam caráter individual e coletivo.

Individual - Salmos 9, 18, 30, 32, 34, 40, 41, 66, 92, 107, 116, 118 e 138

Coletivo - Salmos 66, 124 e 129

✑ Salmos de Lamentação e Súplica

Caracterizam-se pela lamentação, acompanhada de oração sobre o tema do perigo de vida, a
 opressão do inimigo, ou de outra circunstância aflitiva pessoal. Dividem-se, pela natureza, 
em individual e coletivo.

Individual - Salmos 5671013, 17, 22, 25, 26, 28, 31, 35, 36, 38, 39, 42, 43, 51, 54-57, 59, 61,
 63, 64, 69, 70, 71, 86, 88, 94, 102, 109, 120, 130, 140-143

Coletivo - Salmos 1214, 44, 58, 60, 74, 77, 79, 80, 83, 85, 90, 94, 108, 123, 137

✑ Salmos de Confiança

Caracterizam-se também por lamentações, mas com um forte conteúdo na confiança no Deus
 altíssimo. Dividem-se, por sua natureza, em individual e coletivo.

Individual - Salmos 341116, 23, 27, 62, 63, 91, 121, 129 e 131

Coletivo - Salmos 46, 123, 125 e 126

✑ Salmos de Vigília

Eram utilizados para a véspera de grandes solenidades litúrgicas.

Salmos 5, 17, 27, 30, 57, 63 e 143

✑ Salmos Didáticos ou de Sabedoria

Caracterizam-se pelas formas estilística e temática.

Estilística: Reflexões, provérbios, preceitos, comparações e ilustrações tomadas da natureza, 
perguntas retóricas, advertências e exortações com a finalidade de instruir os mais ignorantes 
e estimular os menos fervorosos.

Temática: Estudo da lei como fonte de bênção e felicidade, a meditação dos ministérios da fé, a 
confiança pessoal em Deus, o valor da justiça como sinônimo de vida espiritual, o homem justo 
como modelo, a antítese entre justos e ímpios, a retribuição divina.

Os Salmos Didáticos estão classificados em:

Salmos alfabéticos (37, 111, 112, 119 e 145)
Salmos histórico-didáticos (78, 105 e 106)
Salmos litúrgico-didáticos (15, 25 e 134)
Salmos de exortação profética (14, 50, 52, 53, 75, 81 e 82)
Salmos sobre retribuição (37, 43, 49, 73 e 91)
Salmos de instrução ou sabedoria (1, 37, 49, 73, 112, 119, 127 e 133)

✑ Salmos Proféticos

Alguns salmos são considerados proféticos ou messiânicos pela Teologia cristã, pois apontam 
para a vinda do Messias, sendo com freqüência citados no Novo Testamento da Bíblia com
 o objetivo de identificar Jesus Cristo como o cumpridor da promessa.

No Salmo 2, que fala do reinado do Ungido de Deus, verificam-se algumas citações no livro de Atos
 e na Epístola aos Hebreus.

Já o Salmo 8 que fala da glória divina e da dignidade do Filho do Homem é citado no Evangelho
 de Mateus, bem como em algumas epístolas de Paulo.

Por sua vez, o Salmo 16 é uma referência à ressurreição de Cristo em seu verso 10, quando Davi
 assim profetiza:

"Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção."

Por sua vez, o Salmo 22 fala do sofrimento e da vitória do Messias que se entende cumprido
 na crucificação de Jesus, principalmente devido aos versos 7 e 18 que, respectivamente, 
coincidem com a zombaria experimentada durante o martírio e a repartição das vestes pelos
 soldados.

Todos esses salmos foram proferidos pelo rei Davi, que teria governado Israel um milênio antes 
do ministério de Jesus.

Importante destacar que tais salmos referem-se à numeração da Bíblia protestante, o que deve
 ser observado pelo leitor ao consultar a Bíblia católica, cujo conteúdo é o mesmo.

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