Papel de parede volta de Jesus
"ENTREGA TEU CAMINHO AO SENHOR, CONFIA NELE E O MAIS ELE FARA".
SALMOS 37.5

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Como vemos a Igreja após os 500 anos da Reforma Protestante?

Antes de respondermos esta pergunta, precisamos definir o que seja a igreja concebida e instituída pelo Senhor Jesus. Sabemos que os autores do Novo Testamento, quanto a origem e missão da igreja, eram convergentes. A igreja é o Corpo Vivo de Cristo (1 Co 12.12-27). Ela é a coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15). A Assembleia dos santos e a família de Deus (Ef 2.19,20). Poucas são as igrejas hoje que estão alinhadas com a igreja concebida e instituída pelo Senhor Jesus. Poucas são as igrejas que postulam as cinco Solas: Sola a Escritura; Solo Christus; Sola Gratia; Sola Fide e Sola Deo Gloria. Na verdade, a centralidade da igreja, o seu fundamento e a razão da sua missão é o Senhor Jesus Cristo, o Autor e o Consumador de nossa fé (Hb 12.1,2). A Igreja do Novo Testamento está fundamentada em Cristo Jesus (Mt 16.16-18).
Podemos notar alguns desajustes da igreja após os 500 anos da Reforma. Temos a teologia da prosperidade; o pragmatismo religioso; a busca intensa por emoções; a intensa busca por milagres; a centralidade do homem; uma hinologia antropocêntrica; uma teologia larga e rasa; uma dicotomia entre o espiritual e o ético. Temos presenciado verdadeiros absurdos como o surgimento dos apostolados, dos líderes egocêntricos e megalomaníacos, especialmente nas igrejas chamadas neopentecostais. Na vida ministerial, “muitos dizem que, se sua igreja estiver crescendo em número de conversões, de membros e de contribuições financeiras, seu ministério é eficiente. Essa visão de ministério está em ascensão porque o individualismo expressivo da cultura moderna tem corroído profundamente a lealdade às instituições e às comunidades”. [2]
A igreja está se diluindo. Perdendo a sua relevância no testemunho genuinamente cristão. Há uma busca desenfreada por experiencias sensoriais. A igreja está perdendo a sua identidade ou o seu DNA. Essa gente está mais preocupada em edificar igrejas grandes do que grandes igrejas. As Escrituras têm sido relegadas a irrelevância. A sua interpretação tem sido viciada, errônea e comprometida com os interesses dos líderes alinhados com o ‘materialismo evangélico’, vivendo um ‘hedonismo eclesiástico’. Não podemos deixar de notar a atração pelo poder.
Os princípios da Reforma, tais como: As Escrituras, Cristo, Graça, fé e a Glória de Deus foram esquecidos ou superados pelos princípios do movimento gospel, por uma teologia marcadamente voltada para o prazer pelo prazer. Paulo nos ensina que os judeus buscavam sinais (viviam pelas emoções); os gregos buscavam sabedoria (viviam pela razão), mas ele buscava a Cristo e este crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gregos, ou seja, vivia pela fé (1 Co 1.23-25). Para o apóstolo o viver era Cristo (Fil 1.21). Aos irmãos da Igreja em Colossos, ele declara: “Cristo em vós, a esperança da glória’.
Dou graças a Deus pelos movimentos de ortodoxia e ortopraxia. Pelo movimento cristão da Reforma. Por homens e mulheres comprometidos com o evangelho aplicado às necessidades espirituais, éticas, emocionais e físicas do homem. O compromisso inadiável e inalienável com o evangelho integral. Uma igreja comprometida com a Grande Comissão deixada pelo Senhor Jesus (Mt 28.18-20).
Há um fosso entre os protestantes antes, durante e depois de Lutero e os chamados evangélicos hoje, sem referenciais éticos. Quando uma doutrina é fraca, inconsistente, a ética segue o mesmo princípio. Uma doutrina frouxa produz uma ética relativa, descolada dos padrões das Escrituras.
Temos hoje igrejas liberais sem referenciais éticos e igrejas com costumes rígidos, mas sem padrão escriturístico. Sem firmeza doutrinária. Também, temos igrejas voltadas para os números. Muitas vezes usando meios ilícitos para agregarem membros às suas comunidades. Elas têm uma compreensão errada do ministério do Espírito Santo. Pessoas são alçadas à liderança quando falam ‘línguas estranhas’, ‘verberam profecias e outras manifestações ‘espirituais’.
Precisamos resgatar os princípios do Novo Testamento. Também, fazer sempre uma conexão entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento. As nossas atitudes e os nossos atos devem ser pautados nas Escrituras. Vivermos uma vida pela fé na Palavra de Deus. Andarmos em santidade de vida. Que sejamos sempre corretos em nossos relacionamentos, em nossas transações comerciais. Sejamos de uma só palavra e comprometidos com a Missão de Deus em Cristo Jesus, no poder do Espírito Santo.
Francis Schaeffer, citado por Charles Swindoll, diz: “Eis o grande desastre evangélico: a negligencia dos cristãos em defender a verdade como verdade. Há apenas uma palavra para isso: acomodação – a igreja evangélica se acomodou ao espírito mundano desta época”. [3]
[1] Por Oswaldo Luiz Gomes Jacob. Pastor da Segunda Igreja Batista em Barra Mansa, RJ desde 2000. Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e convalidação pela Universidade Metodista de São Paulo. Mestre em Missiologia pelo Southeastern Baptist Theological Seminary, Wake Forest, NC, USA. Articulista do Jornal Batista e da revista Administração Eclesiástica da CBB; e dos sites: Prazer da Palavra e Adiberj.
[2] KELLER, Tim. A Igreja Centrada. São Paulo: Edições Vida Nova, 2014, p.15.
[3] SWINDOLL, Charles. A Igreja Desviada – Um chamado urgente para uma nova reforma. São Paulo: Ed. Mundo Cristão,2012, p. 9.

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