Papel de parede volta de Jesus
"ENTREGA TEU CAMINHO AO SENHOR, CONFIA NELE E O MAIS ELE FARA".
SALMOS 37.5

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Por que Deus permite a depressão e o Salmo 25

depressao Por que Deus permite a depressão e o Salmo 25 “Faze-me saber os teus caminhos Senhor; ensina-me as tuas veredas. Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação; por ti estou esperando todo dia” Salmo 25: 4-5.
Um fato é inegável: Nós cristãos não estamos livres da crise nem da depressão. Elas podem atingir a todos: Crentes e descrentes sem distinções. Já tenho escrevido algumas vezes sobre isso porque eu estive lá. Foram 11 longos anos de desemprego cujo pão de cada dia foi diminuindo, diminuindo, até quase secar.
Apesar de ser graduado, falar duas línguas, ter trabalhado com estrangeiros por mais de dez anos,não foi suficiente. Quando a porta se fechou, alguém jogou a chave fora.
Eu fiquei sozinho.
O conteúdo deste texto não é técnico. Não vou dissertar sobre os “n” passos para vencer a depressão e sair do buraco. Vou, sim, dar meu testemunho de como passei por ela e que lições tirei, para compartilhar com você que está lendo isso agora e precisa de uma palavra de Deus.
Sem rodeios. Deus permite que passemos alguns dias (ou anos) no vale da desesperança porque tem um propósito especial para nossa vida. Para encontrar este caminho e conhecer este propósito nós temos um problema: nós mesmos.
Somos por demais vaidosos, acomodados a nossa zona de conforto. Nossa vontade costuma prevalecer sobre a vontade de Deus. Nossa oração é pouca. Ficar sem responsabilidades, esplêndido. Nossos planos, apenas humanos. Com tantos atalhos desta vida, perdemos o rumo traçado pela vontade de Deus – O SENHOR.
E de repente, eu comecei a enviar currículos. Dezenas de currículos. Centenas de currículos. Eu fiquei desempregado em 31.07.1992. O ano de 1992 se passou e nenhuma porta de emprego aberta.
Se de um lado o vento Nordeste da luta financeira soprava trazendo a secura do deserto, na vida espiritual as coisas estavam bem. Comecei a dirigir minha primeira congregação, cooperando com o saudoso pastor Luiz Vicente Branco. Foram 67 meses cuidando da congregação da Assembleia de Deus do Parque Santo Antonio. Sim, sessenta e sete, porque eu não sairia com “66″. A Igreja não percebia tanto a luta que passávamos, pois os cultos eram muito bons. As festas de Círculo de Oração e de grupo de Crianças, maravilhosas.
Em 1995, nossa filha mais velha estava em colégio particular. Tiramos. Nossos móveis de quarto, sala e cozinha velhos. E nós não trocamos. Nossa linha telefone fixo,nós vendemos para pagar dívidas. Nosso carrinho velho, um Chevette Hatch 80, ficou sem sem licenciamento desde 1992. Bebia um litro de óleo por semana.
Em determinado tempo não tínhamos mais como fazer compras. E um dia fui no supermercado e voltei para casa apenas com meio kilo de café. Eu orei, dei graças, e foi aí que aprendi o valor das pequenas coisas.
Em 1997, nós não tínhamos dinheiro para pagar as últimas prestações da nossa casa. Era o 15º ano. O último. O Bradesco contratara um escritório de cobrança e fizemos um acordo para pagar os atrasados. Não pudemos honrar o compromisso ajustado. Se não fora a ajuda de uma amiga de minha esposa, nossa casa tinha ido para Leilão. Já tínhamos recebido o aviso. Esta irmã, tirou seu dinheiro da poupança e nos entregou faltando um ou dois dias para o prazo fatal. Aqui, Deus cumpriu sua promessa que está escrita no salmo 23 – Senhor é meu Pastor, e as coisa básicas para a sobrevivência da minha casa Ele não deixará faltar.
A luta não diminuiu. O pão continuava escasso. Em agosto de 2000, eu precisei pedir licença ao Pastor Luiz para cuidar de assuntos familiares. Minha mãe estava precisando de cuidados, e minha família também. Não tínhamos nenhuma porta aberta e eu tive que me “virar”. Enquanto atendia a minha mãe, me dediquei ao plantio de um hectare de mandiocas. Veio a seca e levou 1/3 do que havia nascido. Replantei e aguei por 45 dias. A chuva veio e com ela as ervas daninhas, mais altas que os pés de mandioca. Eu chorei. Mas em duas semanas tudo ficou limpo. Tempos de chuva, muito barro, e uma nuvem de mosquitinhos pólvora picando as duas orelhas. A seca e o mato ficaram para trás. O mandiocal cresceu tanto e era tão verde que parecia a “Floresta Amazônica.” Meu pastor havia me dado um versículo, que dizia que Deus estava comigo. E estava. Vendi mandiocas por quase dois anos. Foram mais de 50 toneladas.
No começo de 2001, eu acabara de voltar da limpeza das ervas daninhas do mandiocal. Não preciso nem dizer que todo ano, eu continuava enviando currículos, fazendo alguns bicos como contador, com muito pouco resultado. Mas aí, eu entrei na reta final dos onze anos de muitas lutas e aflições financeiras. Ainda faltavam dois anos para os dias no vale terminarem. Não estava mais dirigindo congregação. Também não era mais preciso ficar olhando os pés de mandioca crescerem. Era ano novo e eu estava sozinho em casa. Em São Paulo. A família estava com meu sogro, em outro estado. E foi exatamente na primeira semana de janeiro de 2001 que eu recebi uma carta de um presidiário crente da Penitenciária I de Avaré.
Era o primeiro retorno em seis anos, de alguns folhetos que distribui para ser entregues aos presos dos três distritos policiais próximos de minha casa. Eu estava começando a acertar o caminho da vontade de Deus para mim.
Sim, eu estava deprimido.
Desconheço alguém que fique desempregado por nove anos seguidos que não esteja abalado em todas as áreas de sua vida. E estes abalos vêm principalmente da frustração de querer, mas não poder trazer o pão para dentro de casa. Não me esquecendo de mencionar as palavras ruins que nos momentos de grande angústia, nossos familiares e vizinhos valam. Você já foi chamado de lixo? Você já perdeu toda moral diante da família, por ser um imprestável? Você já foi para uma entrevista suando, tremendo e sabendo que vai ser mais uma portada na “cara”? Sim eu me especializei nestas coisas. Podem não ser as mesmas pelas quais você passa, mas elas produzem as mesmas feridas.
Embora todos me aconselhassem do contrário, o Espírito Santo me convenceu a ajuntar literatura evangélica usada. Depois eu as embalava em caixas e as mandava para os presídios onde conhecia os dirigentes das “igrejinhas” do cárcere. Todos tinham medo, mas o Espírito me disse no início: “Lança o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos dias o acharás.” Eu mandava as caixas depois de cheias pelo correio, e pelo sistema de encomenda normal. Para conhecer os nomes de presos que lideravam os grupos que eram as Igrejas dentro dos presídios, eu escrevia cartas sociais. A primeira caixa com 13,600kg seguiu para a PI de Avaré com 150 revistas usadas de Escola Dominical e uns 16 Bíblias. Durante dois anos e meio eu continuei firme nesta missão. Eu orei e planejei descobrir o nome de presos dirigentes de congregações em 50 cárceres em dois anos. Fiquei a duas congregações desta meta. Foram mais de 500kg de revistas e bíblias para cerca de 30 penitenciárias diferentes, a maioria no Interior paulista. Escrevia muitas cartas de aconselhamentos. Quase tantas quantos foram os currículos que enviei.
Eu comecei no ministério de literatura para presos no mesmo período que explodiram as 29 rebeliões do PCC no Estado de São Paulo. Eu recebi minha primeira carta de preso em janeiro. Em 18 de fevereiro de 2001, as rebeliões vieram. A primeira caixa de literatura seguiu em março do mesmo ano. A assistência religiosa nos presídios do Interior paulista cessou por causa das rebeliões. Era muito arriscado. As autoridades fecharam as portas. E Deus me preparou para atender com literatura neste tempo.
Se eu estivesse na minha vida confortável e próspera dos anos 80, eu jamais teria coragem de recolher literatura para presos. Meu próprio pastor me avisou que aquele trabalho não iria me dar nenhuma projeção ministerial. Eu continuei, porque sentiu a alegria do Espírito em mim. E se não fora esta ocupação, o gelo que levei dos colegas de ministério depois que saí de licença da congregação que dirigia para atender minha mãe, minha fé não teria sobrevivido. Deus me ocupou nisso para dar alguma relevância para uma pessoa que se sentia exatamente um lixo.
Na Estrada de Itapecerica tem um CDD – Centro de Distribuição Domiciliar dos Correios. Ali, durante dois anos e meio eu postei centenas de cartas de aconselhamento e comunicação com presos crentes. Ao lado deste CDD tem o Hospital Municipal do Campo Limpo. E Deus olhou para mim, e quando eu estava indo para o terceiro ano de ministério com literatura usada para presos, Deus me abriu a porta para trabalhar como contador em regime de emergência. Depois veio o concurso e eu passei em primeiro lugar. Contador concursado. Fiquei ali até o início deste ano – 2009. Pertinho da minha casa. Ia a pé. Depois de seis anos naquele lugar, fui trabalhar no Centro. E a Prefeitura de São Paulo gostou do meu trabalho, e convidou-me (três vezes) para fazer parte do time de contadores da Secretaria de Finanças. Fui aprovado em três entrevistas. A última, com o próprio Secretário. E ele me deu a boas vindas à nova Casa.
E o que tem o Salmo 25 com tudo isto?
A partir do momento que eu percebi que o desemprego começou a ficar longo, eu invadi o meu coração. E procurei em todos os cantinhos onde estava o pecado que me impedia de orar e ser ouvido por Deus. E eu tomei a “vassoura” do concerto e comecei a varrer e a perguntar: Senhor onde está esse pecado, para que eu possa confessá-lo e me endireitar diante de Ti? Ele nunca me falou. Só muitos anos depois eu entendi o seu propósito. Foi a partir desses 11 anos de deserta que eu aprendi que o Senhor é o meu SENHOR. Ele manda em mim, e eu obedeço. Ele tinha um segredo para me dizer, mas eu não tinha tempo nem ouvidos. Mas um dia, nove anos depois, quando eu abri a primeira carta de um preso e vi que tinha o mesmo carimbo que eu havia perdido há seis anos, eu percebi que Deus estava falando comigo. E quando eu entendi o espaço de tempo que aquela carta representava, os pelos dos meus braços deram glória a Deus, meu coração se encolheu e eu ouvi uma voz dentro do meu espírito que dizia: “Lança o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos dias o acharás”
E por dois anos e meio eu lancei o pão. Fiz o que Deus queria que eu fizesse. E fiz com paixão. Quando eu chegava em alguma congregação ou na reunião dos obreiros, os crentes olhavam para o meu rosto e se lembravam das literaturas dos presos. Até hoje ainda me dão revistas para o cárcere.
O tempo de chorar terminou em 14 de julho de 2003. De lá para cá, nestes últimos seis anos, minha família e eu temos sido muito abençoados. A cada ano, as bênçãos aumentam. Mas eu não me alegro tanto por elas, mas por saber que a presença do Senhor está conosco. Que ele me mostrou um caminho mais excelente. Ele me corrigiu e mostrou que havia um serviço especial que era de minha responsabilidade fazê-lo. E como recordação me deixou mais de 500 cartas do cárcere.
Por que Deus permite a crise, a depressão ou um duro quebrantamento em nossa vida?
Eu entendi que ele queria que eu o chamasse de Pai. Que sua vontade era diferente da minha. Que para me mostrar o caminho era preciso 11 anos de desemprego e outros abalos. Que ele estava cuidando para que tivesse raízes mais profundas, para alicerce das grandes bênçãos e pelas outras maiores que Ele me dará. É no vale que se aprofundam as raízes. Hoje eu olho para aqueles anos e dou graças a Deus por eles. Eles não me aniquilaram, senão me tornaram mais humilde, servil, e apaixonado pelo serviço dele.
Não tomei nenhum calmante nem qualquer medicamento para vencer a depressão. Usei uma receita que funcionou muito bem e vai funcionar com você. Eu fazia longas caminhadas. Todo dia.
E durante as caminhadas eu orava.
O exercício físico resolve os problemas de ordem física. A oração vai até o trono da Graça de Deus. Do possível você cuida, e Deus cuida do impossível. Você somente vai conseguir arrancar a tristeza cotidiana com exercícios e oração. É no campo espiritual que você renova suas forças, quando fala com Deus, quando pede ajuda, quando chora nos ouvidos dele. Ele não vai interferir nem tirar você do deserto enquanto não for o tempo. A companhia dele você vai ter. Saiba disso, agradeça por isso, e se alegre pela resposta, pois cada dia no vale também significa menos um dia para a sua virada.
Não vá sair por aí ajuntando literatura para presos como eu ajuntei. Enquanto não ouvir a voz de Deus claramente em sua alma não arrisque em coisas incertas. Enquanto não souber o ministério especial que Deus, porventura, queira que você trabalhe, cuide normalmente de sua fé indo e participando das atividades da casa do Senhor onde você congrega.
Desejo, sinceramente, que seus dias no vale não sejam de forma alguma tão longos quanto o meu. E para terminar vou repetir: Quando Deus permite que um Cristão passe por períodos difíceis, com certeza é para que fique preparado para bênçãos maiores e ministérios maiores.
Quem diria que daquela atividade de escrever cartas para presos, Deus me ensinaria escrever um blog que hoje recebe mais de 1.000 leitores em média por dia? Pense nisto. Foi uma mudança e tanto.
“Qual é o homem que teme a Deus?
Ele o ensinará no caminho que deve escolher.
O segredo do Senhor é para os que o temem;
e Ele lhes fará saber o seu concerto.”
Salmo 25: 12 e 14.
por: Joao Cruzue

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