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SALMOS 37.5

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Verdade dos Tempos: A História da Bíblia

A História da Bíblia




Entre a grande maioria dos evangélicos do Brasil, o nome João Ferreira de Almeida está intimamente ligado às Escrituras Sagradas. Afinal, é ele o tradutor (ainda que não o único) das duas versões da Bíblia mais usadas e apreciadas pelos evangélicos brasileiros: a Edição Revista e Corrigida e a Edição Revista e Atualizada, ambas distribuídas pela SBB. Se sua obra é largamente conhecida, o mesmo não se pode dizer a seu respeito. O que se sabe hoje da vida de Almeida está registrado na Dedicatória de um de seus livros e nas atas dos presbitérios de Igrejas Reformadas do Sudeste da Ásia, para as quais trabalhou como pastor, missionário e tradutor, durante a segunda metade do século XVII.

Nascido na cidade de Torres de Tavares, em Portugal, Almeida morreu em 1693 - na Batávia - atual ilha de Java, Indonésia. Com apenas 16 anos, João Ferreira de Almeida dá início à tarefa de tradução da Bíblia, a qual se dedica até o final de sua vida.

PRINCÍPIOS DA TRADUÇÃO

Os princípios que regem a tradução de Almeida são os da equivalência formal, que procura seguir a ordem das palavras que pertencem à mesma categoria gramatical do original. A linguagem utilizada é clássica e erudita. Em outras palavras, Almeida procurou reproduzir no texto traduzido os aspectos formais do texto bíblico em suas línguas originais (hebraico, aramaico e grego), tanto no que se refere ao vocabulário quanto à estrutura e aos demais aspectos gramaticais.

DIFERENÇA ENTRE AS VERSÕES

Tanto a edição Revista e Corrigida quanto a Revista e Atualizada foram constituídas a partir dos textos originais, traduzidos por João Ferreira de Almeida no século XVII. As pequenas diferenças entre uma e outra edição devem-se ao fato de os próprios originais em hebraico, aramaico e grego trazerem algumas variantes e suportarem mais de uma tradução correta para uma palavra ou versículo.

Porém, na essência as duas versões refletem o bom trabalho realizado por João Ferreira de Almeida, o qual foi completamente fiel aos textos originais das Escrituras Sagradas. Embora haja diferenças entre as duas versões, as passagens centrais da fé cristã - que apresentam Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador - são perfeitamente claras e concordantes em ambas.

REVISTA E CORRIGIDA (RC)

A RC foi trazida para o Brasil pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, em data anterior à fundação da SBB. Naquela época, a tradução de Almeida foi entregue a uma comissão de tradutores brasileiros, que foram incumbidos de tirar os lusitanismos do texto, dando a ele uma feição mais brasileira. Publicada em 1898, recebeu o nome de Revista e Corrigida.

Seguindo os princípios da equivalência formal, a RC é adotada por inúmeras denominações evangélicas em países de língua portuguesa, especialmente no Brasil e em Portugal. As diferenças desta edição para a Revista e Atualizada se dão basicamente no que se refere aos manuscritos originais disponíveis na época de Almeida. Descobertas arqueológicas e estudos de teólogos e historiadores em torno das Escrituras Sagradas tiveram grandes avanços desde o século XVIII até os dias de hoje. Tais documentos não existiam à época de Almeida. Dessa forma, a RC é a expressão dos textos originais com que Almeida trabalhou; não há nesta versão indicações de textos sobre os quais os diversos manuscritos bíblicos divergem.

Embora haja certas diferenças entre a RC e a RA, ambas têm seu valor como traduções fiéis da Palavra de Deus de acordo com os textos originais disponíveis na época de sua elaboração. Porém, não há diferenças entre os próprios manuscritos que deponham contra a mensagem central da Palavra de Deus.

REVISTA E ATUALIZADA

Quando em 1948, a SBB foi fundada, uma nova revisão de Almeida, independente da Revista e Corrigida, foi encomendada a outra equipe de tradutores brasileiros. O resultado desse novo trabalho, publicado em 1956, é o que hoje conhecemos como a versão Revista e Atualizada.

Conservando as características principais da tradução de equivalência formal de Almeida, a RA é o resultado de mais de uma década de revisão e atualização teológica e lingüística da RC. Igualmente fiel aos textos originais, a linguagem da RA é viva, acessível, clara e nobre. Sua revisão foi feita à luz dos manuscritos bíblicos melhor preservados.

Em 1993, a RA passou por uma segunda revisão, afinando ainda mais o texto bíblico aos textos originais em hebraico, aramaico e grego.

Confrontando a tradução de Almeida, que resultou na versão Revista e Corrigida, com os novos manuscritos encontrados, os editores da RA decidiram indicar os textos em que um ou mais manuscritos não tinham consenso. Tais textos foram colocados entre colchetes, como é o caso da mulher adúltera, o qual permanece na Bíblia Sagrada por ser mencionado em grande número de manuscritos antigos e também por não contradizer em nada os demais ensinamentos das Escrituras Sagradas. É importante frisar que os texto-chaves das Escrituras Sagradas, os que dizem a respeito à salvação em Cristo Jesus, não apresentam qualquer tipo de dúvida.

Fonte: Sociedade Bíblica Brasileira

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A Bíblia – o livro mais lido, traduzido e distribuído do mundo – desde as suas origens, foi considerada sagrada e de grande importância. E, como tal, deveria ser conhecida e compreendida por toda a humanidade. A necessidade de difundir seus ensinamentos, através dos tempos e entre os mais variados povos, resultou em inúmeras traduções para os mais variados idiomas. Hoje é possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em mais de 2.400 línguas diferentes.

Estima-se que a primeira tradução foi elaborada entre 200 a 300 anos antes de Cristo. Como os judeus que viviam no Egito não compreendiam a língua hebraica, o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Porém, não eram apenas os judeus que viviam no estrangeiro que tinham dificuldade de ler o original em hebraico: com o cativeiro da Babilônia, os judeus da Palestina também já não falavam mais o hebraico.

Septuaginta (ou Tradução dos Setenta)
Esta foi a primeira tradução. Realizada por 70 sábios, ela contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica, pois não estavam incluídos quando o cânon (ou lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do Século I d.C. A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia. Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas Bíblias de algumas igrejas. Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus.

Os originais da Bíblia são a base para a elaboração de uma tradução confiável das Escrituras. Porém, não existe nenhuma versão original de manuscrito da Bíblia, mas sim cópias de cópias. Todos os autógrafos, isto é, os livros originais, como foram escritos por seus autores, se perderam. As traduções confiáveis das Escrituras Sagradas baseiam-se nas melhores e mais antigas cópias que existem e que foram encontradas graças às descobertas arqueológicas.

Grego, hebraico e aramaico. Esses foram os idiomas utilizados para escrever os originais das Escrituras Sagradas.

Antigo Testamento
a maior parte foi escrita em hebraico e alguns textos em aramaico.

Novo Testamento
foi escrito originalmente em grego, que era a língua mais utilizada na época.

Para a tradução do Antigo Testamento, a SBB utiliza a Bíblia Stuttgartensia, publicada pela Sociedade Bíblica Alemã. Já para o Novo Testamento, é utilizado The Greek New Testament, editado pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Essas são as melhores edições dos textos hebraicos e gregos que existem hoje, disponíveis para tradutores.

Outras traduções começaram a ser desenvolvidas por cristãos novos nas línguas copta (Egito), etíope (Etiópia), siríaca (norte da Palestina) e em latim – a mais importante de todas as línguas pela sua ampla utilização no Ocidente. Por haver tantas versões parciais e insatisfatórias em latim, no ano 382 d.C, o bispo de Roma nomeou o grande exegeta Jerônimo para fazer uma tradução oficial das Escrituras.

Com o objetivo de realizar uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos, e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se conhecida como "Vulgata", ou seja, escrita na língua de pessoas comuns ("vulgus"). Embora não tenha sido imediatamente aceita, tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa.

Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que destruíram uma grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim na versão de Jerônimo.

Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram o evangelho para Irlanda, Escócia e Inglaterra, e não há dúvida de que havia cristãos nos exércitos romanos que lá estiveram no segundo e terceiro séculos. Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo desta região é a do Venerável Bede. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava ditando uma tradução do Evangelho de João. Entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós. Aos poucos, as traduções de passagens e de livros inteiros foram surgindo.

Muitos séculos antes de Cristo, os escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povo hebreu mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus. Esses registros tinham grande significado e importância em suas vidas e, por isso, foram copiados muitas vezes, e passados de geração em geração.

Com o passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em coleções conhecidas por:

A Lei
Composta pelos livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

Os Profetas
Incluíam os livros de Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze Profetas Menores, Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis.

As Escrituras
Reuniam o grande livro de poesia, os Salmos, além de Provérbios, Jó, Ester, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas.

Esses três grandes conjuntos de livros, em especial o terceiro, não foram finalizados antes do Concílio Judaico de Jamnia, que ocorreu por volta de 95 d.C.

Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos confeccionados em pele de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas. Geralmente, cada um desses livros era escrito em um pergaminho separado, embora A Lei frequentemente fosse copiada em dois grandes pergaminhos. O texto era escrito em hebraico – da direita para a esquerda – e, apenas alguns capítulos, em dialeto aramaico.

Hoje se tem conhecimento de que o pergaminho de Isaías é o mais remoto trecho do Antigo Testamento em hebraico. Estima-se que foi escrito durante o século II a.C. e se assemelha muito ao pergaminho utilizado por Jesus na Sinagoga, em Nazaré. Foi descoberto em 1947, juntamente com outros documentos em uma caverna próxima ao Mar Morto.

Na Alemanha, em meados do século 15, um ourives chamado Johannes Gutenberg desenvolveu a arte de fundir tipos metálicos móveis. O primeiro livro de grande porte produzido por sua prensa foi a Bíblia em latim. Cópias impressas decoradas à mão passaram a competir com os mais belos manuscritos. Esta nova arte foi utilizada para imprimir Bíblias em seis línguas antes de 1500 – alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão. E em outras seis línguas até meados do século 16 – espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e finlandês.

Finalmente as Escrituras realmente podiam ser lidas na língua destes povos. Mas essas traduções ainda estavam vinculadas ao texto em latim. No início do século 16, manuscritos de textos em grego e hebraico, preservados nas igrejas orientais, começaram a chegar à Europa ocidental. Havia pessoas eruditas que podiam auxiliar os sacerdotes ocidentais a ler e apreciar tais manuscritos.

Uma pessoa de grande destaque durante este novo período de estudo e aprendizado foi Erasmo de Roterdã. Ele passou alguns anos atuando como professor na Universidade de Cambridge, Inglaterra. Em 1516, sua edição do Novo Testamento em grego foi publicada com seu próprio paralelo da tradução em latim. Assim, pela primeira vez, estudiosos da Europa ocidental puderam ter acesso ao Novo Testamento na língua original, embora, infelizmente, os manuscritos fornecidos a Erasmo fossem de origem relativamente recente e, portanto, não eram completamente confiáveis.

Os primeiros manuscritos do Novo Testamento que chegaram até nós são algumas das cartas do Apóstolo Paulo, destinadas a pequenos grupos de pessoas de diversos povoados que acreditavam no Evangelho por ele pregado. A formação desses grupos marca o início da igreja cristã.

As cartas de Paulo eram recebidas e preservadas com todo o cuidado. Não tardou para que esses manuscritos fossem solicitados por outras pessoas. Dessa forma, começaram a ser largamente copiados e as cartas de Paulo passaram a ter grande circulação.

A necessidade de ensinar novos convertidos e o desejo de relatar o testemunho dos primeiros discípulos em relação à vida e aos ensinamentos de Cristo resultaram na escrita dos Evangelhos que, na medida em que as igrejas cresciam e se espalhavam, passaram a ser muito solicitados. Outras cartas, exortações, sermões e manuscritos cristãos similares também começaram a circular.

O mais antigo fragmento do Novo Testamento hoje conhecido é um pequeno pedaço de papiro escrito no início do século II d.C. Nele estão contidas algumas palavras de João 18.31-33, além de outras referentes aos versículos 37 e 38. Nos últimos 100 anos descobriu-se uma quantidade considerável de papiros contendo o Novo Testamento e o texto em grego do Antigo Testamento.

Várias foram as descobertas arqueológicas que proporcionaram o melhor entendimento das Escrituras Sagradas. Os manuscritos mais antigos que existem de trechos do Antigo Testamento datam de 850 d.C. Existem partes menores bem mais antigas como o Papiro Nash do segundo século da era cristã. Mas sem dúvida a maior descoberta ocorreu em 1947, quando um pastor beduíno, que buscava uma cabra perdida de seu rebanho, encontrou por acaso os Manuscritos do Mar Morto, na região de Jericó.

Durante nove anos, vários documentos foram encontrados nas cavernas de Qumran, no Mar Morto, constituindo-se nos mais antigos fragmentos da Bíblia hebraica que se têm notícias. Escondidos ali pela tribo judaica dos essênios no século I, nos 800 pergaminhos, escritos entre 250 a.C. a 100 d.C., aparecem comentários teológicos e descrições da vida religiosa deste povo, revelando aspectos até então considerados exclusivos do Cristianismo.

Estes documentos tiveram grande impacto na visão da Bíblia, pois fornecem espantosa confirmação da fidelidade dos textos massoréticos aos originais. O estudo da cerâmica dos jarros e a datação por carbono 14 estabelecem que os documentos foram produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C.

Destaca-se, entre estes documentos, uma cópia quase completa do livro de Isaías, feita cerca de 100 a.C. Especialistas compararam o texto dessa cópia com o texto-padrão do Antigo Testamento hebraico (o manuscrito chamado Codex Leningradense, de 1008 d.C.) e descobriram que as diferenças entre ambos eram mínimas.

Outros manuscritos também foram encontrados neste mesmo local, como fragmentos de um texto do profeta Samuel, textos de profetas menores, parte do livro de Levítico e um targum (paráfrase) de Jó.

As descobertas arqueológicas, como a dos manuscritos do Mar Morto e outras mais recentes, continuam a fornecer novos dados aos tradutores da Bíblia. Elas têm ajudado a resolver várias questões a respeito de palavras e termos hebraicos e gregos, cujo sentido não era absolutamente claro. Antes disso, os tradutores se baseavam em manuscritos mais "novos", ou seja, em cópias produzidas em datas mais distantes da origem dos textos bíblicos.

Além dos livros que compõem o nosso atual Novo Testamento, havia outros que circularam nos primeiros séculos da era cristã, como as Cartas de Clemente, o Evangelho de Pedro, o Pastor de Hermas, e o Didache (ou Ensinamento dos Doze Apóstolos).

Durante muitos anos, embora os evangelhos e as cartas de Paulo fossem aceitos de forma geral, não foi feita nenhuma tentativa de determinar quais dos muitos manuscritos eram realmente autorizados. Entretanto, gradualmente o julgamento das igrejas, orientado pelo Espírito de Deus, reuniu a coleção das Escrituras que constituíam um relato mais fiel sobre a vida e ensinamentos de Jesus. No Século IV d.C. foi estabelecido entre os concílios das igrejas um acordo comum, e o Novo Testamento foi constituído.

Os dois manuscritos mais antigos da Bíblia em grego podem ter sido escritos naquela ocasião – o grande Codex Sinaiticus e o Codex Vaticanus. Estes dois inestimáveis manuscritos contêm quase a totalidade da Bíblia em grego. Ao todo são aproximadamente 20 manuscritos do Novo Testamento escritos nos primeiros cinco séculos.

Quando Constantino proclamou e impôs o cristianismo como única religião oficial no Império Romano, no final do Século IV, surgiu uma demanda nova e mais ampla por boas cópias de livros do Novo Testamento. É possível que o grande historiador Eusébio de Cesaréia (263–340) tenha conseguido demonstrar ao imperador o quanto os livros dos cristãos já estavam danificados e usados, porque o imperador encomendou 50 cópias para igrejas de Constantinopla. Provavelmente, esta tenha sido a primeira vez que o Antigo e o Novo Testamentos foram apresentados em um único volume, agora denominado Bíblia.
 

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