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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Papa viu que canonizar Anchieta era ' mais do que justo', diz Damasceno

Presidente da CNBB afirmou que Anchieta é santo de 'coração brasileiro'.
Papa Francisco assinou a canonização nesta quinta-feira (3).

O presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno, disse nesta quinta-feira (3) que o Papa Francisco viu que a canonização do Padre José de Anchieta era "mais do que justa".
Nesta terça, Francisco assinou no Vaticano a canonização de  Anchieta. Segundo o Vaticano, esse é o primeiro santo de 2014 e o segundo jesuíta a ser canonizado por Francisco. Antes dele, em dezembro de 2013, foi a vez do francês Pedro Fabro.
A assinatura, esperada inicialmente para acontecer na quarta-feira (2), ocorreu durante uma reunião entre o pontífice e o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação das Causas dos Santos, responsável por todos os processos de beatificação e canonização existentes na Santa Sé.
“O Santo Padre viu que, de fato, era mais do que justo colocar esse missionário como modelo de virtude para toda a Igreja, com a canonização. E como modelo de missionário também, para todo evangelizador, em todos os tempos. O Papa viu nele, realmente, alguém que viveu de maneira heroica as virtudes evangélicas”, disse Dom Raymundo Damasceno em evento da CNBB em Brasília.
Padre Anchieta era espanhol, mas viveu no Brasil no Século XVI.  “É um santo de coração brasileiro. Se não nasceu, deu sua vida pelo Brasil, pelos povos indígenas. O Papa reconheceu o mérito do trabalho de Anchieta, reconheceu o mérito de suas virtudes, e por isso tomou essa decisão”, completou.
Para Dom Raymundo Damasceno, a canonização do padre era “um desejo” do povo brasileiro. Segundo ele, o processo era acompanhado pela CNBB e a importância da canonização foi levada ao Papa Francisco.
“Ele [Padre Anchieta] exerceu seu ministério de maneira muito cultural. Ele soube lidar com os índios, aprendeu as línguas, falou suas línguas, escreveu a gramática tupi guarani. Um missionário que soube evangelizar (...) Por isso ele merece o título de apóstolo do Brasil e creio que pode ser colocado como modelo de evangelizador, para todos os tempos, épocas e missionários”, disse Dom Raymundo.
Segundo o cardeal, haverá no dia 24 uma celebração em Roma, que será presidida pelo Papa Francisco, na Igreja de Santo Inácio de Loyola, igreja com capacidade para duas mil pessoas. A entrada será aberta a todos.
Em 4 de maio, haverá uma missa na Basílica de Aparecida (SP), e serão convidados, além de religiosos e a população em geral, os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo, onde o Padro Anchieta passou no Brasil, além dos prefeitos das respectivas capitais e o prefeito de Anchieta (ES).
Apóstolo do Brasil
São José de Anchieta, que viveu no século 16, atuou no Brasil na maior parte de sua vida. Foi um dos fundadores da cidade de São Paulo, em 1554, e visitou diversas localidades.
Ele é o terceiro santo a ter laços estreitos com o país. A primeira foi Madre Paulina, santa desde 2002. Em seguida, veio Frei Galvão, brasileiro nascido em Guaratinguetá (SP), proclamado Santo Antônio de Sant'Ana Galvão em 2007 por Bento XVI, em visita ao Brasil.
Entretanto, diferentemente de Madre Paulina e Frei Galvão, José de Anchieta não teve seus dois supostos milagres reconhecidos pelo Vaticano. Relatos de mais de 400 anos apontam que esses feitos aconteceram, mas o longo tempo passado desde então impossibilita sua comprovação, segundo historiadores.
A canonização de Anchieta, portanto, se dará por seu trabalho missionário feito no Brasil, principalmente pela catequização de índios no período da colonização, além da fundação de missões jesuítas em várias províncias brasileiras.
Histórico
Nascido nas Ilhas Canárias, arquipélago que pertence à Espanha, Anchieta ingressou aos 17 anos na Companhia de Jesus, congregação religiosa fundada no século 16 e responsável pelo processo de evangelização na América Latina.
Os integrantes da instituição, que existe até hoje, são chamados de jesuítas – o Papa Francisco é o primeiro deles a ser eleito como líder da Igreja Católica, em março de 2013.
Segundo Carla Galdeano, coordenadora do Museu Anchieta, no Pateo do Collegio, em São Paulo, José de Anchieta chegou ao Brasil com 19 anos, ansioso para trabalhar com indígenas. Em 1554, participou da fundação de São Paulo.
Aprendeu a língua nativa (o tupi) e, com a ajuda de curumins (crianças índias) que exerciam o papel de tradutores, escreveu o livro "Arte de grammatica da lingoa mais usada na costa do Brasil", que ajudava outros religiosos a entender a língua indígena durante o processo de catequização do Brasil-Colônia.

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