Papel de parede volta de Jesus
"ENTREGA TEU CAMINHO AO SENHOR, CONFIA NELE E O MAIS ELE FARA".
SALMOS 37.5

sábado, 7 de janeiro de 2012

Cidade e cidadãos invisíveis

Por Walter Hupsel

Eu ia escrever sobre como os políticos brasileiros já foram mais espertos em esconder seus reais interesses por trás de algumas atitudes, operações e decretos. Quase sempre eram travestidos em nome do "interesse público", de "bem comum".

Ia escrever sobre a tortura (sim, TORTURA) que o governo e a prefeitura de São Paulo estão aplicando na população da Cracolândia que visa infligir "dor e sofrimento" nos viciados. Induzir a uma brutal síndrome de abstinência para que estes "busquem" ajuda, larguem do vício.

É uma idéia tão idiota que nem saberia por onde começar. É bastante óbvio que a preocupação dos poderes públicos não é com a saúde pública, com os viciados que se tornaram praticamente zumbis.

A operação feita durante esta semana, com bombas de gás lacrimogênio, tem apenas a intenção de limpar a área da cracolândia e "revitalizar" o entorno. Por "revitalizar" entendam o processo de gentrificação, uma bonita palavra para expulsar os pobres e indesejados de um local pra valorizar o preço dos imóveis e, assim, atrair pessoas mais "selecionadas", "de bem".

E a população expulsa? Bem, ela que se vire, afinal o objetivo é apenas tirá-la de lá, não importa o que aconteça com ela. O sonho do gentrificador é que ela suma das vistas pois assim não constitui problema. Este só existe se for público, se tiver voz, se for visível.

Assim o poder público atende, sem máscara nenhuma, aos interesses imobiliários que lucrarão fortunas e ganha aplausos daqueles que acham que sua cidade deve ser a imagem e semelhança do seu condomínio, sem lojas feias, sem gente feia.

Isso sempre foi feito, mas com uma estratégia que mascarava os interesses por trás das ações e os ganhadores. Mas a fascistização da sociedade chegou a tal ponto que nem mesmo as máscaras são necessárias. Infligem dor e sofrimento, tratam a população com sadismo, ora guetificando-a, ora dispersando-a, para atender interesses não-tão-escusos de alguns, e para aplauso geral.

Pensando bem, eles continuam espertos: os burros somos nós.


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