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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Em Homem Livre, ex-prisioneiro busca apoio na religião para fugir do passado

Protagonista de "Homem Livre" é interpretado por Armando Babaioff
Divulgação
“Homem Livre” pode ser facilmente lido como um filme sobre os amparos da fé religiosa, mas mais forte que isso é o drama de Hélio Lotte ao lidar com os fantasmas do passado. Ele tem nome de artista porque antes da cadeia era um astro de uma banda de rock de sucesso, até cometer um crime e ficar alguns anos encarcerado.
Depois de solto, ele é amparado pelo pastor de uma pequena igreja evangélica de bairro (interpretado por Flávio Bauraqui) e tenta se readaptar à liberdade e a uma nova vida.
Mas é claro que ele segue atormentado pelo crime que cometeu – e que não sabemos exatamente qual foi, algo a ser revelado aos pouco pelo longa.      
Há, portanto, um clima de mistério que ronda a tal busca pela redenção de Hélio (vivido com surpreendente competência por Armando Babaioff), quando ele mesmo tem de encontrar segurança naquele ambiente de fé, amparado por pessoas que ele pouco conhece. Logo surge em seu caminho a jovem e bela Jamily (Thuany Andrade), fiel que ajuda nos serviços da igreja.
Dirigido pelo niteroiense Álvaro Furloni, “Homem Livre” foi apresentado na Mostra SP na seleção de filme nacionais. Tem roteiro assinado pelo baiano Pedro Perazzo que consegue escapar dos possíveis lugares comuns que esse tipo de história atrai facilmente. Nem a figura do pastor Gileno e sua pequena congregação são vistos pela ótica caricata do religioso intransigente, muito menos a figura de Jamily é pintada como “femme fatale” capaz de levar o protagonista à perdição, ainda que esses personagens secundários guardem seus segredos.
Talvez o filme, em sua parte final, quase escapa do ponto principal e dê muita atenção para algumas tramas paralelas e para a resolução de certos mistérios, tentando revelar facetas escondidas desses personagens. Mas felizmente o filme retorna o foco para o conflito desse homem que, antes de mais nada, precisa se livrar de suas próprias assombrações.
Hélio começa o filme livre da cadeia, mas não de seus fantasmas interiores. É isso que faz o filme ter um ar pesado e soturno, brincando ainda com a percepção daquilo que é realidade ou fantasia a partir das situações estranhas que cruzam o cotidiano e as neuras do personagem. Sua liberdade só será completa quando ele conseguir resolver as pendências consigo mesmo.
Estilizando Van Gogh
“Com Amor, Van Gogh” é também um filme sobre um homem atormentado, mas o que salta aos olhos aqui é a beleza plástica. Essa é sua principal arma para conquistar o grande público – não à toa, venceu o prêmio de público da Mostra SP –, além de investir em uma história novelesca que envolve a vida e morte do famoso artista holandês Vincent Van Gogh.
Ele, aliás, já teve sua história contada muitas vezes no cinema, e o diferencial aqui é uma técnica de animação utilizando uma textura que remeta às obras e ao estilo de influência impressionista que marcou a fase madura da produção artística de Van Gogh.
Trata-se de um trabalho realmente vistoso da equipe de animação que pintou sobre cenas reais, inspirando-se nas pinceladas espirais e curvas da pintura a óleo do famoso artista.
O filme passa em retrospecto os últimos dias de vida do pintor, que vivia no interior da França, a partir do interesse do filho de um carteiro que fica intrigado por uma correspondência que lhe cai nas mãos, endereçada ao famoso artista, poucos dias após a sua morte.
É sabido que Van Gogh trocou muitas cartas com o irmão Theo, e que seus últimos anos foram muito atribulados pelos problemas de saúde mental que passaram a lhe atormentar. Curioso por conhecer essa história, o filho do carteiro parte para a pequena vida ao sul de Paris para conhecer e conversar com as pessoas que conviveram de perto com o genial artista.
“Com Amor, Van Gogh”, dirigido pela dupla Dorota Kobiela e Hugh Welchman, no entanto, utiliza esse enredo para repassar didaticamente os principais acontecimentos da biografia do pintor, sem muita inventividade, abusando do recurso do flashback.
Começa com um estudo sobre o comportamento instável de Van Gogh para depois investir numa trama policialesca, à lá Agatha Christie, sobre os reais motivos de sua morte – mistério que se mantém até hoje.
Existe um esforço muito grande da equipe de animação – mais de 100 artistas que trabalharam na confecção da arte, como alerta um letreiro nos créditos iniciais do filme.
Mas no fundo, “Com Amor Van Gogh” não passa de um filme caprichoso, cujo conceito é puramente produzir uma animação estilizada e pictórica, sem conseguir dizer muito mais sobre o artista – e sua arte – do que aquilo que já sabemos.
* O jornalista viajou a convite da organização da Mostra.




http://atarde.uol.com.br/cinema/noticias/1909588-em-homem-livre-exprisioneiro-busca-apoio-na-religiao-para-fugir-do-passado

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