Papel de parede volta de Jesus
"ENTREGA TEU CAMINHO AO SENHOR, CONFIA NELE E O MAIS ELE FARA".
SALMOS 37.5

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

"O CUIDADO COM A LÍNGUA"


TEXTO ÁUREO

“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3.2).


VERDADE PRÁTICA

A nossa língua pode destruir vidas, portanto, sejamos cuidadosos com o que falamos


LEITURA BIBLICA = TIAGO 3: 1-12

INTRODUÇÃO

É muito difícil alguém não tropeçar em palavras. Às vezes, dizemos algo que não gostaríamos que saísse de nossos lábios. Quando percebemos,já é tarde. É o que se, chama de ato falho, pois revela o que está no interior da pessoa e, muitas vezes, causa sérios problemas a quem diz e a quem ouve. Por isso, precisamos vigiar, santificando a língua, para que não venhamos a tropeçar por palavras.

A DIFICULDADE EM DOMINAR A LÍNGUA

1. Mais duro juízo aos mestres. Tiago aconselha que muitos não devem querer ser mestres, pois para estes está reservado “mais duro juízo” (v.l). De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, os mestres são “os pastores, dirigentes de igreja, missionários, pregadores da Palavra ou qualquer pessoa que ensine às congregações. O professor precisa compreender que ninguém na igreja tem uma responsabilidade maior do que aqueles que ensinam as Sagradas Escrituras. No juízo, os mestres cristãos serão julgados com mais rigor e mais exigência do que os demais crentes”.

2. O mestre tem que ser exemplo. É tarefa difícil ensinar na Igreja do Senhor. As pessoas empolgam- se com os ensinos bem ministrados, fundamentados e ilustrados, mas, depois, olham para a vida do pregador. “Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade” (Tg 2.12).

3. O varão perfeito (v.2). O apóstolo diz que “todos tropeçamos em muitas coisas”. Ele se incluía entre os que falhavam em muitas coisas, acrescentando que “se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo”. E isso não é fácil. Contudo, entregando nosso eu ao controle do Espírito Santo, Ele pode refrear nossos impulsos, inclusive a compulsão no falar.

4. E mais fácil dominar animais e navios (vv.3,4).

Tiago diz que os cavalos e navios são dominados pelo homem e que, “toda a natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana”.
Enquanto isso, “nenhum homem pode domar a língua” (v.8). Só há uma solução: santificar a língua dizendo como Davi: “Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios” (SI 141.3).

OS MALES PROVENIENTES DA LÍNGUA

1. A língua é um fogo (v.6a). Tiago usa essa figura para mostrar que, assim, como um pequeno fogo pode incendiar um grande bosque (v.5), “a língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade”, posta entre os nossos membros, “e contamina todo o corpo”, “inflamada pelo curso do inferno”. Realmente, na vida quotidiana, vemos que a língua serve de instrumento para propagação da mentira, das falsas doutrinas, da intriga, da inveja, das agressões verbais, dos impropérios, da fofoca, que tantos males têm causados às igrejas.

2. A dubiedade da língua (vv.9, 10). A língua “está cheia de peçonha mortal” (v.Sc). Por isso, é preciso muito cuidado no falar, pois com a mesma língua com que “bendizemos a Deus e Pai”, “amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”. Ainda que de uma mesma fonte não possa sair água doce e água amarga (Tg 3.11), ou de uma figueira sair azeitona, ou da videira sair figos (Tg 3.12), infelizmente, da mesma língua podem sair a bênção e a maldição. Não nos esqueçamos de que um dia cada um dará contas a Deus até das palavras ociosas. Jesus advertiu: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5.37).

3. Todos tropeçam em muitas coisas (3.2). Estas “muitas coisas” aqui mencionadas pelo apóstolo incluem necessariamente o falar. Quem, sinceramente, não se lembra de uma ou mais ocasiões em que fez mau uso da língua para expressar ira, murmuração ou para prejudicar a reputação do seu semelhante?

Salomão encara esta questão com extremo realismo quando diz: “Tampouco apliques o teu coração a todas as palavras que se disserem, para que não venhas a ouvir que o teu servo te amaldiçoa. Porque o teu coração também já confessou muitas vezes que tu amaldiçoaste a outros” (Ec 7.21,22).

Por isso a advertência de Jesus deve sempre ressoar em nossos corações: “Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12.37).

3. A língua é humanamente indomável (3.8). Tiago diz que se pode disciplinar o cavalo e guiá-lo com rédeas, bem como o navio se deixa navegar sob o comando dum pequeno leme, “mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal (v.8).
Um cavalo sem rédeas pode tornar-se um destruidor, tal como um navio sem leme pode ser destruído ou causar a destruição de outros. Da mesma forma, a menos que o homem discipline o seu falar, a língua poderá torná-lo destrutivo e auto-destrutível.

4. Com a língua tanto se bendiz quanto se amaldiçoa (3.9). Como é possível que um mesmo instrumento tenha a capacidade de ser usado para fins tão opostos entre si?
A língua é capaz disto. Ela tanto bendiz ao Deus Criador como amaldiçoa o homem, feito à semelhança divina. Aturdido, em face de esta duplicidade no uso da língua, suplica o apóstolo do Senhor:  “Meus irmãos, não convém que isto se faça assim” (v.10). Que Deus nos guarde do mau uso da língua!

OS CRIMES COMETIDOS COM A LÍNGUA

1. A calúnia. Pode ser feita através da mentira, falsidade e invenção contra alguém. A lei jurídica brasileira prevê pena contra os caluniadores. E de admirar que, em muitas igrejas, quem calunia não sofre qualquer ação disciplinar e com isso o mal se avoluma, pois o caluniador é assim estimulado na sua tarefa maligna e destruidora dos valores alheios. Outros, da mesma índole, têm prazer em relembrar, comentar e espalhar fraquezas, imperfeições e pecados dos outros, servindo-se da língua. A Bíblia condena a calúnia (ler o SI 101.5). “Não dirás falso testemunho contra teu próximo” (Êx 20.16). (Ver Êx 23.7; Dt 5.20; Pv 19.9.)  Hoje, há pessoas que estão desviadas dos caminhos do Senhor, porque foram vítimas de calúnia de algum irmão.

2. A difamação. Da mesma forma, é crime contra a honra, previsto no Códïgo Penal Brasileiro. É perigoso o tropeço na palavra, falar contra a honra de alguém.
Muitas vezes, o obreiro “passa a mão por cima” do difamador para não dá escândalo. Se alguém fuma é “cortado” da comunhão. Fumar é pecado contra o corpo, mas será isso mais grave que difamar alguém?

Uma jovem contou que seu pastor excluiu-a da igreja, porque um irmão disse que ela estava namorando com um incrédulo, quando isto não era verdade. Nem sequer teve oportunidade de defesa. Enquanto isso, o difamador ficou normalmente nas atividades da congregação. A Bíblia diz: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros” (Tg 4.11 a).

3. A injúria. ‘Jesus, no Sermão da Montanha, disse: “...e qualquer que chamar a seu irmão de raça será réu do sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno” (Mt 5.22b). Há uma atitude de dois pesos e duas medidas, em muitas igrejas, quando só são punidos aqueles que adulteram ou roubam, mas ficam totalmente impunes os caluniadores, injuriadores e difamadores. Alguém responderá por isso no juízo de Deus.



OUTROS TROPEÇOS NA PALAVRA

1. O boato. Originariamente, boato vem do latim boatu, significando “mugido ou berro de boi”. Hoje, significa “notícia anônima, que corre publicamente sem confirmação; baleia; rumor, zunzunzum”. Há um demônio espalhando esse tipo de coisa em muitas igrejas. É o “ouvi dizer...”, o “disseme-disse”, sinônimos de mexerico. Já é conhecida a história do homem que espalhou boato contra outro. Este, abatido, ficou doente. Depois, ficou provado que o fato não era verdade. O boateiro foi pedir perdão ao atingido pela má notícia. Este lhe disse: “Eu perdôo se você fizer duas coisas”, O outro indagou: “O que?” Primeiro, que você pegue este saco de penas, suba o monte e deixe o vento levá-las. O boateiro disse: “Sim, isto é fácil. Faço logo”. E o fez. Ao retornar, o homem doente lhe disse: “Agora, peço que faça a segunda coisa: vá e junte todas as penas que espalhou”.

O mentiroso disse: Ah! Isso é impossível! A Palavra de Deus condena esse tipo de mal uso da língua (ler Lv 19.16; Ex 23.1). Tenhamos cuidado com esse “mugido de boi” do Diabo!

2. A murmuração. Murmurar significa “dizer em voz baixa; segredar; censurar disfarçadamente; conversar, difamando ou desacreditando”. Os demônios da murmuração estão soltos no meio de muitas igrejas. É crente falando contra o pastor e sua família e vice-versa; é obreiro falando contra outro; é esposa de obreiro murmurando contra esse ou aquele crente; só quem gosta disso é o Diabo, causando tristeza e dissensões nas igrejas. Devemos ter cuidado, pois Deus ouve as murmurações (Êx 16.7,8; SI 31.13). A Bíblia ordena: “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14).

3. As palavras torpes. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem?” (Ef 4.29).

São palavras chulas, ou grosseiras; pornofonias (palavras ou expressões obscenas); pornografias. Ou seja: baquilo relativo à prostituição, a coisas obscenas, (sejam por revistas, filmes, etc.), piadas grosseiras; anedotas que ridicularizam as coisas de Deus. Tudo isso leva o crente a tropeçar na palavra, usando a língua para agradar ao Diabo e entristecer o Espírito Santo.

ILUSTRANDO O PODER DAS PALAVRAS

Não pode haver duplicidade na palavra do cristão. O dúplice pensar não deve fazer parte do estilo de vida do seguidor de Jesus Cristo. Procurando ilustrar o que isto significa, Tiago pergunta: “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
Meus irmãos podem também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce” (vv.11.12).  Atentemos, pois, para esta tríplice ilustração do poder das palavras, feita pelo apóstolo:

1. A fonte que jorra dois tipos de água. “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?” (v.11). A resposta óbvia a esta pergunta é que uma mesma fonte não produz água doce e água amargosa.  Da mesma maneira, a língua do cristão, diferente da língua do ímpio, não pode produzir dois tipos de palavras, a de bênção e a de maldição. Cada fonte produz um tipo de água. Um é o falar do cristão. Outro é o falar do ímpio. O ideal divino para o cristão é que a sua palavra seja “temperada com o sal” do temor a Deus, para que saiba como convém responder a cada pessoa (Cl 4.6).

2. A árvore que produz frutos segundo a sua espécie. “Pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos?” (v.12). Por uma questão de sensatez todos hão de concordar que a figueira produz figos e não azeitonas, e que a videira produz uvas e não figos. Isto é, cada árvore produz frutos segundo a sua espécie, de acordo com a sua natureza. Através desta oportuna pergunta do apóstolo Tiago, o Espírito Santo dirige a nossa atenção no sentido de refletirmos no fato de que não deve haver duplicidade de frutos em nosso viver. Produza, então, o cristão o fruto que dele se espera.

3. A fonte que produz um só tipo de água. “Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce” (v.12). Se pudermos tomar a fonte que produz água salgada como tipo do homem não regenerado, então a fonte de água doce seria um tipo do homem convertido, do crente. É desta fonte que o mundo precisa beber a água cristalina, que é a Palavra de Deus, ou seja, precisam ouvir boas palavras, palavras de consolo, de ajuda e de edificação. Agora, se nos falta essa palavra de esperança de quem o mundo a ouvirá?

PURIFIQUE O CORAÇÃO PARA CONTROLAR A LÍNGUA, 3.9-12

Nos versículos 3-8, Tiago escreveu a respeito da língua e a natureza humana do homem caído. No versículo 9, uma nova dimensão é introduzida enquanto o apóstolo discute o falar dos crentes — Meus irmãos (v. 10). “A língua é a expressão dos pensamentos do homem e a revelação se ele está dominado pela vontade própria ou pela obediência à vontade de Deus”. A língua dobre é tão incongruente no cristão quanto uma fonte de onde manam água doce e água amarga (v. 11) ou como uma figueira (v. 12) que produz azeitonas.

CONCLUSÃO

Diante do que temos visto, o crente só pode combater o tropeço na palavra, lendo a Palavra de Deus, deixando-se dominar pelo Espírito Santo, vigiando e disciplinando o falar. Usemos a língua para o bem (ler Ef 4.29), pois somos cidadãos dos céus e não devemos descer a linguagem ao nível diabólico. Devemos usar a língua para encorajar outros, louvar a Deus, e levara mensagem do evangelho aos perdidos. Assim fazendo, dificilmente tropeçaremos em palavras.

Após considerar as possibilidades do mau uso da língua e do tropeço no falar, diz Tiago: “Meus irmãos, não convém que isto se faça assim” (v.10). Então, o que deve fazer o cristão para exercer o governo sobre a sua língua? Entre outras coisas ele deve compreender que:

1. Deus quer que tenhamos linguagem sã. “Em tudo te dá, por exemplo, de boas obras... linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” (Tt 2.7,8). O crente tem de possuir linguagem compatível com a sua vida de santidade.

2. Deus mesmo pode purificar a nossa língua. Após contemplar a glória da majestade divina e confessar a sua impureza de lábios Isaías viu que um serafim, enviado por Deus, chegou com uma brasa viva e com ela tocou nos seus lábios, dizendo:  “Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado” (Is 6.1-7).  Nenhum homem pode dominar a sua língua a menos que a submeta à autoridade de Deus.

3. Deus quer que a nossa língua seja veículo de bênçãos. Diz o sábio Salomão que  “Há alguns cujas palavras são como pontas de espada, mas a língua dos sábios é saúde” (Pv 12.18). Eurípedes, um ilustre homem da antiguidade, disse: “O sábio tem duas línguas: uma para dizer a verdade; a outra, para dizer o que é oportuno”.

A Bíblia, no entanto, condena a língua dobre, e Jesus disse: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mt 5.37) veja também Mt 12.33-37.

SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, veremos o quanto o cristão precisa ser cuidadoso com a língua, pois ela pode ser um instrumento de bênção ou de destruição. Teremos como texto base Tiago 3:1-12. Tiago já demonstrou sua preocupação com os pecados da língua em outros textos: Tg 1:19,26; 2:12; 4:11; 5:12. Em Tiago 1:19, ele encorajou seus leitores a serem “tardios para falar”, enquanto em Tg 1:26, a ação de refrear a língua é destacada como um dos principais ingredientes de uma “religião pura”. Agora, ele ataca o problema com certa minuciosidade. Assim como os médicos de antigamente examinavam a língua para conhecer o estado de saúde do paciente, Tiago avalia a saúde espiritual da pessoa por meio de suas palavras. A primeira etapa do autodiagnóstico são os pecados da fala, que já tratamos sobre isso na Aula 05. Tiago concordaria com a pessoa espirituosa que disse: “Cuide de sua língua. Ela fica num ambiente molhado, onde é fácil escorregar!”.
Como vimos na Aula 05, ninguém pode se dizer religioso sem primeiro refrear sua língua (Tg 1:27). Tiago está dizendo que podemos ter um conhecimento colossal das Escrituras, podemos ter um invejável cabedal teológico, mas se não dominamos a nossa língua, a nossa religião é vã. Para Tiago, para ser um cristão verdadeiro não basta apenas a teologia ortodoxa, é preciso também uma língua controlada.

I. A SERIEDADE DOS MESTRES (Tg 3:1,2)
1. O rigor com os mestres. Os mestres levam sobre si grandes responsabilidades e serão julgados com especial rigor em virtude da influência exercida sobre os outros. Ao referir-se aos “mestres”, Tiago tem em mente exatamente todos aqueles crentes que exercem a atividade de ensino na Igreja. Trazendo para os dias de hoje, aqui estão incluídos os obreiros em geral, professores da Escola Dominical, dirigentes de igreja, ou qualquer irmão em Cristo que exerça, reconhecidamente, um ministério de ensino entre o povo de Deus. Ora, uma vez que só pode dar quem tem para dar, isto é, só pode ensinar quem tem realmente recebido e aprendido o bastante para poder ensinar, e uma vez também que Jesus afirmou que “a quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” (Lc 12:48), é óbvio que ninguém tem uma responsabilidade maior do que aqueles que ensinam a Palavra de Deus. Trata-se de uma atividade extremamente honrosa e para a qual existe uma promessa extraordinária de Deus: “…os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente” (Dn 12:3 - ARC). Entretanto, por outro lado, como toda benção, toda dádiva, todo dom - e o ensinar é um dom (Rm 12:6,7; Ef 4:8,11,12) - traz consigo uma responsabilidade, e essa responsabilidade é ainda maior no caso do dom do ensino, então o juízo será mais severo para os mestres. É o que assevera Tiago, inclusive incluindo-se entre os mestres, entre aqueles que passarão por esse julgamento diante de Deus: “… receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1).

2. A seriedade com os mestres (Tg 3:1). Ensinar é coisa séria. Logo, os mestres devem exercer esta missão com muita seriedade. Jesus foi muito enfático e contundente ao advertir os discípulos sobre isso: “Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus” (Mt 5:19). Na igreja do primeiro século da era cristã, o ministério de mestre incluía não só o ensino aos discípulos, mas também a defesa da Palavra diante dos adversários da fé cristã. Estas duas esferas de atuação faziam parte do ministério da liderança didática, objetivando o cumprimento da Grande Comissão: “Ide… pregai o evangelho… fazei discípulos… ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei…” (Mt 28:19,20).

3. Perfeição que domina o corpo (Tg 3:2). Usando como gancho o fato de que mesmo os mestres são passíveis de erro, Tiago insere o tema da língua, ao falar do “tropeço na palavra”, isto é, o tropeço na fala: “… Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo”.

O maior perigo daquele que ensina está no falar desenfreado, que leva a declarações irrefletidas. Tiago não diz que todo mundo usa deliberadamente mau a língua, mas que, às vezes, ela é mal empregada por todas as pessoas, involuntariamente. Tiago diz que, quem nunca é culpado de um deslize cometido com a língua, quem nunca profere uma palavra ociosa ou vã, esse é perfeito, isto é, plenamente instruído, bem equilibrado e bem aparelhado para aceitar a responsabilidade de ensinar a outros e de frear toda a inclinação menos digna. Quem tem o domínio sobre a língua, tem igualmente o coração preservado, pois a boca fala do que o coração está cheio.

Todos nós batalhamos contra a tentação de falar antes de pensar, talvez uma palavra áspera ou crítica usada desnecessariamente, talvez uma expressão de raiva ou ódio. Uma simples palavra mal empregada pode levar uma nação à beira da guerra, destruir uma amizade de toda a vida, desfazer uma família ou arruinar um casamento. Por isso, a advertência de Tiago: ”Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tiago 1:19).

Salomão, em Provérbios 6:16-19, elenca seis pecados que Deus aborrece e um pecado que a alma de Deus abomina. Dos sete pecados, três estão ligados ao pecado da língua: a língua mentirosa, a testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos.

O maior problema da igreja em Corinto era os pecados sociais da língua. Foi necessário que Paulo tratasse este problema com muita firmeza. “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer“(1Co 1:10).

Portanto, amados irmãos, discipline-se! Faça um propósito com Deus e consigo mesmo: não empreste os seus lábios para fazer o mal. “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã”(Tg 1:26). “Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal e os seus lábios não falem engano”(1Pe 3:10). “Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12:37).

II. A CAPACIDADE DA LÍNGUA (Tg 3:3-9).
1.  As pequenas coisas no governo do todo (Tg 3:3-5). ”3 - Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo. 4 - Vede também as naus que, sendo tão grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequenoleme para onde quer a vontade daquele que as governa. 5 - Assim também a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas”.

Aqui, Tiago faz uma analogia acerca da nossa capacidade de usarmos a língua. A língua tem o poder de dirigir tanto para o bem como para o mal. Tiago usa duas figuras para mostrar o poder da língua: o freio na boca do cavalo e a do leme do navio (Tg 3:3,4). As duas ilustrações evidenciam como esses dois objetos menores, essas pequenas partes de um todo, tem o poder de influenciar completamente o todo, de direcionar e dirigir todo o conjunto - o freio dirige as ações do cavalo e o leme conduz o imenso navio na direção que o capitão deseja.
Para que serve um cavalo indomável e selvagem? Um animal indócil não pode ser útil, antes, é perigoso. Mas, se você coloca freio nesse cavalo, você o conduz para onde você quer. Através do freio a inclinação selvagem é subjugada, e ele se torna dócil e útil. Tiago diz que a língua é do mesmo jeito. Se você consegue controlar a sua língua, também conseguirá dominar os seus impulsos, a sua natureza e canalizar toda a sua vida para um fim proveitoso.

A figura do leme. Um navio transatlântico é dirigido para lá ou para cá, pelo timoneiro, por meio de um pequeno leme. Imagine o que seria um navio sem o leme. Colocaria em risco a vida dos tripulantes, a vida dos passageiros e a carga que transporta. Isso seria um grande desastre. Sem leme, um navio seria um instrumento de morte, de naufrágio, de loucura. O leme, porém, pode conduzir esse grande transatlântico, fugindo dos rochedos, das rochas submersas e pode transportar em paz e segurança os passageiros, os tripulantes e a carga que nele está. O que Tiago está dizendo é que se nós não controlarmos a nossa língua, nós seremos como um transatlântico sem leme e sem direção. Se não controlarmos nossa língua, vamos nos arrebentar nos rochedos, vamos nos destruir e vamos ainda destruir quem está perto de nós, porque a língua tem poder de dirigir para bem ou para o mal. 2. “A língua também é um fogo” (Tg 3:6). ”A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno“.

Aqui, também, Tiago usa outra metáfora da língua: o fogo. Ele diz que uma fagulha pequena incendeia toda uma floresta. Você já parou para perceber que um incêndio de proporções tremendas pode ser causado por uma simples ponta de cigarro ou por um mero palito de fósforo? Aquela chama inicial é tão pequena que, se você der um sopro, ela se apaga. Mas o que adianta você soprar um fogo que se alastra por uma floresta? Aí não adianta mais. O fogo, depois que se agiganta e alastra torna-se indomável e deixa atrás de si grande devastação. Assim é o poder da língua. Onde um comentário maledicente se espalha, onde a boataria cresce e onde a fofoca se infiltra, como labaredas de fogo, vai se alastrando e provocando destruição. Assim como o fogo cresce, espalha, fere, destrói e provoca sofrimento, prejuízo e destruição, assim também é o poder da língua.

Uma pessoa pode corromper toda a personalidade ao usar a língua para maldizer, insultar, mentir, blasfemar e praguejar. Você já parou para pensar quantas pessoas não frequentam mais as nossas reuniões porque foram feridas com palavras?

É preciso usar nossa língua sabiamente, pois “a morte e a vida estão no poder da língua” (Pv 18:21).

3. Para dominar a língua. ”Porque toda a natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal”(Tg 3:7,8).

Tiago mostra que a natureza humana conseguiu domar e adestrar as bestas-feras, as aves, os répteis e os animais do mar, mas a língua do ser humano até hoje não houve quem fosse capaz de dominar.

O pr. Josué Gonçalves - em seu livro “A LINGUA (Domando essa fera)” - conta que “três jovens foram orar em um monte. Em determinado momento, pararam de orar e resolveram confessar um ao outro ‘o seu ponto fraco’. O primeiro disse: - O meu ponto fraco, é que não posso olhar para as meninas da igreja que eu logo penso bobagem. O segundo disse: - O meu ponto fraco é pior do que o seu, não posso olhar para os rapazes da igreja, porque tenho tendência para o homossexualismo. O terceiro disse: - O meu ponto fraco eu não vou contar, porque é pior do que o de vocês. Mas de tanto insistirem, ele contou. - O meu ponto fraco está na língua. Eu estou com uma vontade incontrolável de descer lá na igreja, e contar para toda a comunidade o que vocês acabaram de contar para mim. Os rapazes então disseram: - vamos orar primeiro por ele, caso contrário estaremos perdidos… Não seria este o ponto mais fraco de algumas pessoas?”.

Por esforço próprio o homem não terá forças para domar o seu desejo e as suas vontades. O próprio Tiago afirma isso: “mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal” (Tg 3:8). Domar a língua é um processo diário e que exige muito autocontrole, disciplina e compromisso com a prática dos princípios bíblicos que devem nortear nossa vida. Quando o cristão mostra equilíbrio no falar, significa que o Espírito Santo está construindo nele o caráter de Cristo. Pedro disse que Jesus nos deixou o exemplo, para que seguíssemos as suas pegadas. Ter a mente de Cristo (1Co 2:16) também é falar como Cristo falou e agir como Ele agiu. Nós falamos aquilo que pensamos. Disse Jesus, o Mestre por excelência: “A boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12:34 - ARA). Quando Deus passa a nos governar, a língua do crente deixa de ser um órgão de destruição e passa a ser um instrumento poderoso e abençoador, usado para o louvor da glória do Eterno. “O que guarda a sua boca e sua língua, guarda das angústias a sua alma” (Pv 21:23).

III. NÃO PODEMOS AGIR DE DUPLA MANEIRA (Tg 3:10-12)
1. Bênção e maldição (Tg 3:10). ”de uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim“.

Tiago está enfatizando o mesmo que Jesus Cristo disse, que a boca fala daquilo que o coração está cheio. Se o seu coração é mau, a palavra que vai sair da sua boca é má. A incoerência da língua está no fato de que com ela você bendiz a Deus e também amaldiçoa a seu irmão, criado à imagem e semelhança de Deus.

Como é estranho que a língua consiga bendizer a Deus e Pai, em um momento, e, a seguir, amaldiçoar as pessoas. Devemos ter, pelos seres humanos, a mesma atitude de respeito que temos por Deus, porque eles foram criados à sua imagem. Mas temos esta língua horrível de duas faces, de modo que de uma mesma boca procede benção e maldição. A mesma língua que usamos para falar dos outros é a mesma língua que usamos para louvar a Deus no culto. A mesma língua que usamos para glorificar ao Senhor com nossos cânticos e orações, usamos também para ferir de morte uma pessoa criada à imagem de Deus. A língua não apenas é incoerente, mas também contraditória.

Algumas pessoas pensam que o único limite para os palavrões e a linguagem grosseira é a desaprovação social. Mas a Palavra de Deus condena isto. Tiago diz que a razão pela qual nós não devemos amaldiçoar as pessoas é porque elas foram criadas à semelhança de Deus. Nós não devemos usar nenhuma palavra que as reduza a qualquer coisa inferior à sua estatura plena de seres criados por Deus.
2. Exemplos da natureza (Tg 3:12). “Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Assim, tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce“.

Os exemplos da natureza têm por objetivo lembrar-nos de que nossas palavras devem ser sempre boas. Tiago compara a língua com uma árvore e seu fruto. A árvore fala de fruto e fruto é alimento. Fruto renova as energias, a força, a saúde e dá capacidade para viver. Nós podemos alimentar as pessoas com uma palavra boa, uma palavra vinda do coração de Deus, uma palavra de consolo. Fruto também fala de um sabor especial. Nós podemos dar sabor à vida das pessoas pela maneira como nos comunicamos.

A figueira não pode produzir azeitonas, e a videira não pode dar figos. Na natureza, cada árvore produz somente um tipo de fruto. Como é possível, então, a língua produzir frutos bons e maus?

3. Uma única fonte. ”Porventura, deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa? (Tg 3:11).

Nenhuma fonte jorra água doce e amarga ao mesmo tempo. As duas são mutuamente excludentes. O mesmo princípio deve ser aplicado à língua. O fluxo de palavras tem de ser uniformemente bom. É incoerente e completamente contrário à natureza usar a língua para o bem e para o mal. Num momento a pessoa bendiz ao Senhor e, logo em seguida, amaldiçoa aqueles que são feitos à semelhança de Deus. Que incongruência a mesma fonte produzir resultados opostos! Isso não deve acontecer. A língua que bendiz ao Senhor deve ajudar os outros, e não prejudicá-los. Tudo o que dizemos deve ser testado com três perguntas: “É verdadeiro?” “É amável?”, “É necessário?”.

Que bênção você poder usar sua língua como uma fonte de refrigério para as pessoas, para abençoá-las, encorajá-las e consolá-las. Como é precioso trazer uma palavra boa, animadora e restauradora para uma alma aflita. A principal marca do cristão maduro é ser parecido com Jesus, o varão perfeito. Uma das principais características de Jesus era que sempre que uma pessoa chegava aflita perto dele saía animada, restaurada, com novo entusiasmo pela vida.

Quando as pessoas chegam perto de você, elas saem mais animadas e encantadas com a vida? Elas saem cheias de entusiasmo, dizendo que valeu a pena conversar com você? Você tem sido uma fonte de vida para as pessoas? Sua família é abençoada pelas suas palavras? Seus colegas de escola e de trabalho são encorajados com a maneira de você falar? Pense nisso!

CONCLUSÃO
Devemos pedir constantemente ao Senhor que nos ajude a guardar nossos lábios (Sl 141:3) e orar para que as palavras de nossa boca e a meditação de nosso coração sejam agradáveis na presença dEle, que é nossa força e nosso Redentor (Sl 19:14). Não podemos esquecer que nosso corpo, mencionado em Romanos 12:1, inclui a língua. Em Mateus 12:36 somos avisados de que “de toda palavra ociosa que os homens falarem, dela darão conta no dia do juízo”. Tenhamos sempre em mente a admoestação do apóstolo Paulo: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem” (Ef 4:29).

Tenham uma aula proveitosa e procuremos viver sem o veneno da língua

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